O tempo é o ingrediente mágico que dá sentido ao viver

Toda juventude já experimentou o gosto por aquilo que é rápido, seja por causa do vigor da adolescência, seja pela impaciência das novas gerações. Para elas, a novidade é sempre mais atraente — até ser substituída por outra, ainda mais atual. A sabedoria da espera, de entender o tempo mágico das coisas, é algo escasso nesse grupo.

A falta de paciência não é uma característica exclusiva dos jovens, mas, dado o fascínio pelo novo (e pelo mais moderno, pela última novidade), tudo aquilo que exige calma, observação, reflexão e prudência parece estar fora de moda.

Sem tempo: a busca por atalhos

As últimas duas gerações de adolescentes, salvo poucas exceções, parecem ser especialmente inclinados a quererem acelerar e, assim, abreviar os processos, como se pudessem simplesmente criar atalhos para facilitar a vida.

Em entrevistas de emprego, por exemplo, ao ser questionado sobre onde um candidato a trainee se via daqui a cinco anos, não é raro ouvir a seguinte resposta:

“- Daqui a cinco anos pretendo ocupar, no mínimo, um cargo de direção na empresa”.

Nos relacionamentos, casais se formam e se separam ao primeiro sinal de crise ou dificuldade. Ouvem os pais e avós contando como se conheceram há décadas atrás, e como viveram momentos desafiadores juntos, lado a lado. Esse papo, para eles, é preto e branco, ou em sépia.

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A Cabalá ensina que isso é uma espécie de miopia, na qual as pessoas simplesmente não conseguem se identificar como parte integrante da natureza, do todo.

Sabemos que um bebê leva nove meses em seu processo de gestação; que entre dois domingos há uma semana inteira, e que se plantarmos sementes de limão, teremos depois de algum tempo um limoeiro.

Mas, parece que não conseguimos enxergar que, no dia a dia, nossa evolução é gradual. Para chegarmos à faculdade primeiro temos que passar pela escola. Ignoramos o processo, ignoramos causa e efeito.

Estar conscientes em cada passo do caminho nos reconecta com o todo e, assim, inserimos o tempo como ingrediente mágico, que dá sentido e cor ao nosso viver.

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