A inspiradora escola de Therezita, uma educadora de alma
Thereza Soares Pagani criou, em São Paulo, uma escola onde as crianças aprendem qual seu real papel no mundo, a partir da essência de cada uma
Ao som de música caipira, algumas crianças se divertem numa sala rústica e ampla enquanto outras brincam num quintal com horta, árvores, galinhas e brinquedos feitos à mão. “Essa escola é uma preparação para a vida.”
É assim que Thereza Soares Pagani descreve o ambiente simples, alegre e colorido, que parece um pedacinho do interior dentro de São Paulo, onde funciona a escola Te-Arte.
Nesse lugar, que a educadora criou com a certeza de que é brincando que se aprende, circulam crianças de 8 meses a 7 anos.
Desde cedo Therezita, como era chamada pela avó, carrega a paixão pelo brincar. As melhores memórias da capixaba de Colatina são das brincadeiras na casa dos pais e da avó.
Existe amor dentro da escola
Por volta dos 20 anos, por conta de uma tuberculose, foi se tratar em São Paulo. Na cidade passou a ser professora particular de crianças que não conseguiam tirar notas boas na escola. Therezita fazia a mesma pergunta a elas: “Do que você quer brincar hoje?”.
Alguns pais estranhavam o método, mas a educadora argumentava que elas não aprendiam porque faziam a lição de casa, mas não brincavam.
Era uma questão de tempo para as notas melhorarem.
“Quando a criança é livre para fazer o que tem dentro de si, ela se conhece”.
Ela também afirma que essa liberdade não tem nada a ver com falta de respeito ou de limites.
“Quando o amor é a base, o respeito vem. Mas os limites têm que ser claros e diretos.”
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A educação na primeira infância
Os anos se passaram com Therezita trabalhando todos os dias.
Por compreender quão importante é a primeira infância, essa continua sendo a rotina e a missão dela, apesar dos seus quase 90 anos.
A educadora acredita que o trabalho que faz na Te-Arte ajuda a revelar sobretudo o lado lúdico da vida e resgatar o prazer da convivência.
“A tecnologia é necessária, mas com limites. O estar junto não existe mais”, lamenta.
Ela procura fazer da escola um lugar onde alunos de diferentes idades e religiões convivam. “Enquanto estiver lúcida, com a minha cabeça produtiva, eu venho.”
Ela acredita que a educação funcionava melhor no passado porque a atitude humana era mais amorosa. E, dos seus anos de experiência nessa área, extrai um conselho para os pais:
“Quando tiverem um filho, que ele seja amado. Saibam que esse filho é uma pérola a ser trabalhada pelo resto da vida.”
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Conteúdo publicado originalmente na edição 209 da revista Vida Simples
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