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Em busca do meu talento
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Percebo apenas que em qualquer coisa que faça preciso ver um significado real. Não importa que nem sempre dê certo ou mesmo que ninguém valorize nossas ações. 

Admiro as pessoas que desde muito jovens já sabem o que querem ser na vida. Ou aquelas que já nascem com um dom que é claro para elas e para o mundo. Eu nunca tive isso e, até bem pouco tempo atrás, estava procurando pelo meu talento. Fui estudar administração, para logo poder trabalhar, certa de que aquilo era apenas um meio para me dar independência, para que de fato, num futuro próximo, eu pudesse procurar por este talento.

Para mim, esse talento tinha um quê ligado às artes, à música, ao design, e eu não tinha nenhuma habilidade ligada a essas áreas. Era sensível para apreciar, mas totalmente inábil para aprender. Talento também parecia ter algo a ver com uma inteligência acima da média e, embora eu fosse estudiosa, não dava para dizer que era um gênio. Por fim, tinha a impressão de que, se encontrasse um talento, eu seria verdadeiramente feliz e completa.

Discuti isso em muitas sessões de terapia, em várias conversas com meu marido, que também é meu melhor amigo, e em muitos daqueles caderninhos de reflexões – eu sempre costumo carregar um comigo. Embora essa busca não tenha revelado um talento em especial, serviu para me conhecer profundamente. Percebi que tinha uma série de qualidades de que nunca havia me dado conta: capacidade de empreender, determinação, sensibilidade e também confiabilidade.

Sem cobranças. Apenas significados

Hoje, mais madura, não me cobro tanto em relação a isso. Percebo apenas que em qualquer coisa que faça preciso ver um significado real. Se eu estiver fazendo um trabalho que ajude outras pessoas, que as faça se sentir melhor ou as auxilie a realizar seus sonhos e potenciais – sejam clientes, colaboradores, família – serei feliz. Se essa cadeia de ações impactar positivamente no mundo, e ainda me permitir uma vida digna, estarei realizada.

Talvez a nossa maior busca seja encontrar um sentido, um propósito, que justifique acordarmos todos os dias e seguir em frente. Seja esse propósito, por exemplo, trabalhar para dar uma condição de vida melhor para o filho, mesmo que isso signifique sacrifício pessoal; seja administrar, na crise, uma empresa que gere milhares de empregos; seja andar quilômetros para dar aula em uma comunidade – se não fizer sentido, não nos fará feliz. Não importa que nem sempre dê certo ou mesmo que ninguém valorize nossas ações. Encontramos sentido onde colocamos o melhor de nós mesmos e onde depositamos nossas esperanças que aquilo fará bem para alguém, ou para o mundo.


Luciana Pianaro
 é administradora e empresária. Em abril de 2018 comprou a marca Vida Simples e todo seu acervo para que a voz que ela havia construído desde 2002 não deixasse de existir. Seu instagram é @lucianapianaro

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