Como não surtar diante dos desafios climáticos?
Quando a comunicação pede por uma ação global, os desafios ficam grandes demais para que o indivíduo assuma uma postura de agir pela mitigação dos eventos climáticos extremos
Marina Xavier da Silva, da comunidade Vida Simples, enviou para o blog Você + Simples um texto sobre os desafios de mitigar os eventos climáticos, já que é preciso ações globais. Por onde começar?
É uma conversa difícil essa sobre as possibilidades de, nós, reles mortais. conseguirmos modificar ou frear as consequências das mudanças climáticas em curso.
Entendo esse distanciamento como um tiro pela culatra da forma como a comunicação vem sendo conduzida e esclareço.
Não é difícil esbarrar na enxurrada de notícias numa linguagem mais “ativista” (me perdoem se não uso o termo adequado aqui) em que todas as ações parecem ser enormes desafios, quase opressores, eu diria.
As palavras mais usadas são amplas: globais, emergências, políticas públicas, zerar emissões e por aí vai. Eu não consigo nem zerar os boletos mensais da minha conta, quiçá zerar qualquer coisa a nível planetário!
Fácil ou quase inevitável responder a essa informação com um gingado bem à moda capoerista que quase todo brasileiro sabe fazer bem.
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Como bióloga, compreendo a urgência e o caráter dramático das chamadas para ação e também entendo para qual publico ela é, de fato, direcionada.
Por certo precisamos fazer tudo isso se quisermos minimizar ou suavizar os efeitos extremos que virão. O problema é que essa comunicação não fala com todos. Não cria as pontes necessárias.
E pior, vai na contramão do que precisamos: pessoas informadas e ativas e não pessoas ansiosas e paralisadas.
O que falta para a gente começar a transformar o planeta?
Veja. Não é que a comunicação esteja necessariamente errada. Mas, num contexto de uma sociedade imediatista e protegida em bolhas de informação e endorfina das redes sociais, qualquer provocação para mudança soa como uma afronta.
E aí, aquela mente viciada em doses generosas de coisas gostosinhas, se acua e se acomoda no pensamento: “ah! Os políticos precisam fazer alguma coisa! A mim, basta fazer boas escolhas dos meus representantes.”
Esclarecido a lógica dos meus argumentos, então bastaria que assumíssemos as rédeas dos nossos pensamentos esquivos e estaríamos rumo a um mundo melhor?
Bem, não seria obviamente, tão simples assim, como de fato não é simples trucar a mente o tempo todo para assumir postura de adultos e responsáveis que somos.
Mas o simples fato de reconhecer e adotar uma postura alerta e proativa faz toda diferença no adulto funcional que precisamos que todos sejam!
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Me organizando para desorganizar
Se a casa está uma bagunça, o ambiente não está receptivo para acolher todos os estados emocionais da nossa rotina atribulada de afazeres, não é mesmo?
Ao contrário, a falta de organização atrai outro inimigo ineficiente que é a procrastinação e a sobrecarga. Como resultado, a bagunça prolifera e ficamos cada vez mais diminuídos perante ao desafio grandioso de “arrumar a casa”.
Então façamos o possível. Primeiro uma gaveta, depois uma vassourada e assim vamos assumindo o controle da situação e superando os desafios. É assim que vejo que podemos construir um mundo possível.
Nem vítimas oprimidas do sistema. Nem super heróis capazes de zerar as emissões atmosféricas ou mitigar os eventos climáticos extremos.
Sim. Estou aqui também na missão de encorajar a todos, talvez mais do que nunca, a mim mesma e constantemente.
Eu não vim a esse mundo a passeio. Eu quero cuidar dessa casa que é a única que temos e que é lindamente azul, lá entre tantos planetinhas nessa imensidão do espaço! Quem vamos?
Marina Xavier da Silva (@mari_xavierdasilva) é formada em Biologia, mestre em Ecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e amante das coisas simples. Mãe da Lia e da Cléo!
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