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Há vida em criatiVIDAde: veja como ser mais criativo no seu dia a dia
Elliot Voilmy
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Muitos se perguntam: “como ser mais criativo?”. Outro dia, enquanto passeava pelo LinkedIn, vi um texto que falava sobre o fato de que há vida na criatividade. De cara, admito que não entendi. Até que me foi escancarado o óbvio: criatiVIDAde. Estamos vivos, e sempre é tempo de aprender e exercitar nossa criatividade. Sem o peso da cobrança, mas com leveza. Descobri que a responsável por dar voz a esse pensamento (criativo) foi a psicóloga e consultora em criatividade, Luciane Bonamigo Valls.

Ela é autora do livro Criatividade Contagiante: Como a Escola Pode Nutrir o Pensamento Criativo* (Editora Voo), em que propõe reflexões e práticas para transformar as escolas em ambientes que cultivam o pensamento criativo. Com um olhar crítico sobre o sistema educacional, a autora desafia as normas estabelecidas, propondo novas formas de agir em prol da criatividade. Ela, inclusive, sugere uma abordagem mais pautada na gentileza e na bondade, com o conceito de “criafetividade”, ou seja, a criatividade entrelaçada com relações de afeto.

Editora Voo | Divulgação

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A trajetória da especialista começa na psicologia, mas depois se estende por diversos estudos na área criativa. Luciane possui mestrado em Criatividade pela State University of New York, e Especialização em Criatividade e Liderança Criativa.

Vida Simples conversou com a autora e, a seguir, você descobrirá novas formas de pensar e praticar a criatividade. Confira a entrevista:

Criatividade: uma habilidade essencial para o futuro

O subtítulo do seu livro é “Como a escola pode nutrir o pensamento criativo”. Por que você escolheu focar no ambiente escolar para falar sobre criatividade? Tem a ver com as críticas que vemos sobre as escolas seguirem ainda modelos retrógradas de ensino?

Foram vários os motivos. A minha formação inicial é em psicologia, e eu sempre trabalhei na área da educação. Portanto, quando eu comecei a estudar sobre criatividade, a primeira relação que fiz foi com essa área que eu já tinha mais familiaridade. Para mim, era muito natural pensar nas contribuições que a criatividade poderia trazer para a educação.

Além disso, existe essa crítica de que a escola “mata” a criatividade. Por muito tempo, o TED Talk mais assistido foi um do Ken Robinson que tinha como título “Será que as escolas matam a criatividade?”. E aí eu me perguntei: se a escola tradicional pode “destruir” a nossa criatividade, será que uma escola diferente poderia nutri-la? O meu livro veio para mostrar que sim.

Por fim, há muitos relatórios recentes sobre o futuro do trabalho que apontam a criatividade como uma habilidade essencial. Se os futuros trabalhadores precisarão ser cada vez mais criativos, por que não iniciar o desenvolvimento intencional dessa habilidade desde cedo? E que lugar mais propício para isso do que as escolas?

“A criatividade traz esperança”

Vi muitas referências inspiradoras sobre criatividade no seu livro, uma delas, do seu professor, o Dr. Roger Firestien que diz: “a criatividade traz esperança”. De que forma a criatividade contribui para acreditar em num futuro melhor?

Criatividade abre possibilidades. Quando a gente pensa de forma criativa, a gente não se limita a uma única alternativa ou resposta. A gente segue em movimento, gerando opções. Essa quantidade de alternativas gera mais liberdade de escolha, flexibilidade em caso de mudanças e otimismo de que pelo menos alguma das alternativas dará certo.

Tudo isso leva a uma visão mais positiva do futuro, trazendo mais esperança. Além disso, do ponto de vista mais prático, a criatividade coletiva favorece que a sociedade pense em soluções para os seus problemas e construa alternativas inovadoras, o que tende a tornar o nosso futuro melhor em vários aspectos.

Pensamento criativo nas escolas

Sobre as escolas, você diz que é “possível, sim, ser criativo ‘dentro da caixa'”. Sabemos que temos limitações por conta de leis que estabelecem formatos ainda não flexíveis para a educação. Como você enxerga essa possibilidade de ser criativo dentro dos muros da escola?

A legislação da educação estabelece “o que” precisa ser feito, mas não o “como”. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), por exemplo, é um documento que define as aprendizagens essenciais para todos os alunos nos diferentes níveis de ensino ao longo da Educação Básica. Ela estabelece uma série de habilidades e competências a serem desenvolvidas, mas não diz que o professor precisa dar um aula expositiva para ensinar um determinado conteúdo ou avaliar utilizando uma prova objetiva.

Portanto, dentro das leis, existe espaço para a escolha de metodologias e estratégias criativas, para a construção de ambientes de aprendizagem promotores de criatividade, para a criação de uma cultura mais criativa. Porém, isso envolve um entendimento claro do que é criatividade na escola e de como ela pode ser promovida. Foi aí que surgiu a ideia da escrita do livro para ajudar educadores a entenderem não só que nutrir a criatividade na escola é possível, mas principalmente para inspirá-los com algumas possibilidades.

Luciane Bonamigo Valls Foto: Divulgação

A criafetividade pode mudar o mundo

Você usa um termo novo em um dos capítulos para descrever uma combinação de criatividade e afeto, a “criafetividade”. Você pode nos explicar melhor como essas duas ideias conversam e como a criafetividade pode ser aplicada no dia a dia?

Eu acredito que a criatividade é fundamental, mas costumo dizer que ela não basta. De nada adianta termos mais pessoas criativas no mundo se elas resolverem usar a criatividade para criar golpes sofisticados no WhatsApp, por exemplo. Eu não quero ensinar criatividade para que as pessoas busquem benefícios apenas para si ou, pior ainda, para que elas tragam prejuízos para os outros. Acredito que precisamos de mais pessoas criativas preocupadas em fazer o bem.

Criafetividade, ou a criatividade que está entrelaçada com relações de afeto, é uma forma de pensar a criatividade para além do indivíduo. É entender que a criatividade fica potencializada na conexão com o outro, no estabelecimento de laços afetivos, na busca genuína de soluções que considerem o bem-comum.

Criafetividade, para mim, é alicerçar a criatividade na bondade, na generosidade, no respeito, tornando o mundo um lugar mais empático, mais inclusivo, mais humano. Hoje eu utilizo essa palavra para expressar o tipo de criatividade que eu quero viver e contagiar.

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Queremos ser mais criativos, mas nem sempre conseguimos. Muitas vezes, travamos diante dos problemas e uma grande tela em branco aparece na nossa mente. Para superar o bloqueio criativo, Luciane sugere cinco caminhos:

  1. Não caia no mito de que só algumas pessoas possuem o dom da criatividade. Não é a criatividade que escolhe alguns sortudos. Somos nós que escolhemos ter a criatividade na nossa vida. Sim, você tem o potencial para a criatividade e pode escolher desenvolvê-lo.
  2. Entenda que nem todo mundo vai manifestar a criatividade do mesmo jeito. Em vez de perguntar “será que eu sou criativo”, pergunte “como eu sou criativo”? Em que momentos/ambientes em me sinto mais criativo? O que favorece a minha criatividade?
  3. Desenvolver a criatividade é possível, mas exige um grau de esforço. O nosso cérebro vai preferir seguir repetindo os hábitos e padrões já conhecidos. Portanto, se você quer mesmo ser mais criativo, exija um pouco mais do seu cérebro. Não se contente com a primeira resposta que ele der. Desafie-se e busque novas alternativas.
  4. Muitas vezes, o que nos trava é que queremos uma ideia perfeita desde o início. Só que, antes da versão final, precisamos escrever o rascunho. Dê um tempo para gerar muitas ideias. Aceite que elas serão apenas rascunho de ideias. Depois de ter várias opções, analise cada uma delas. Selecione as melhores, combine alternativas incompletas, desenvolva um pouco mais uma ideia promissora. Aí sim você chegará mais perto da sua versão final.
  5. Explore perspectivas diferentes da sua. Quando estiver travado para pensar em uma solução para um problema, pense em como outras pessoas, outras profissões ou outros setores resolveriam esse problema. De que forma eles agem? Que abordagens, estratégias ou ferramentas eles utilizam? Isso pode ajudar você a considerar alternativas que não tinha sido pensadas anteriormente.

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