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Cuide da sua energia corporal e acesse mais camadas energéticas
ILUSTRAÇÃO: TIAGO GOUVÊA Somos mais do que apenas um corpo físico. Segundo a medicina energética, somos constituídos de campos, canais e centros de energia. Assim, uma realidade sutil de pensamentos e vibrações dos nossos átomos se conecta à matéria
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A pele é essa capa sensível que nos recobre e nos assegura uma existência corpórea. Mas isso não significa que terminamos ali, onde a epiderme roça a atmosfera.

Ela não é a última fronteira do nosso ser. Podemos não ver nem tocar. Mas transportamos por aí outros corpos além do físico, o que sofistica ainda mais o nos­so entendimento do que é a vida na Terra.

As aulas de biologia na escola nos esclare­ceram sobre o que é elementar em nosso cotidiano: nos nutrir e, com isso, ter energia para realizar uma série de atividades diárias.

Entretanto, não somos máquinas movidas a diesel. Nossos pensamentos, sentimentos e intuições também fazem parte de nós e pul­sam em determinadas vibrações.

O que é energia corporal?

Quando ouvimos “tudo é energia”, podemos interpretar que, por trás de cada coisa que existe, encontramos uma rede de sustenta­ção, uma teia de energia vital, cujo espectro se alonga das manifestações mais concretas às mais tênues.

Ela é chamada de Qi, pela medici­na chinesa, e de Prana, pela tradição iogue. Há milênios, essas sabedorias afirmaram o que hoje a ciência comprova: os átomos que origi­nam a matéria são pura energia em trânsito.

“A energia é informação em movimento. Isso significa que tudo que nos diz respeito, até mesmo nossos pensamentos inaudíveis, de­sejos secretos e a vibração dos mais minúscu­los átomos dentro de nós, se comunica em um cenário mais grandioso.”

“Também indica que o que quer que aconteça no mundo conhe­cido e desconhecido à nossa volta cria uma mudança dentro de nós”, define a terapeuta energética americana Cyndi Dale no Manual Prático do Corpo Sutil: O Guia Definitivo para Compreender a Cura Energética (Cultrix).

A vibração da energia corporal

De acordo com a medicina energética, somos constituídos de campos, canais e centros de energia. Os campos dizem respeito às vibra­ções que irradiamos e que circulam à nossa volta.

Os canais são como veios de luz que con­duzem a energia através de nós; e os centros são corpos energéticos cuja função é transmu­tar e transformar nosso estado vibracional.

Como tudo está interligado no macro e no microcosmo, a realidade sutil se interconecta ao plano físico. Por exemplo, cada órgão do nosso corpo desempenha uma função que pode ser monitorada por meios científicos.

Mas cada órgão também vibra numa determinada fre­quência, que pode perder ou ganhar equilí­brio de acordo com nosso estado mental ou emocional.

No primeiro caso, adoecemos; no segundo, restauramos a saúde. Assim entende a medicina tradicional chinesa. “Os meridianos ou canais equivalem à nos­sa constituição energética, levando informa­ção para o estabelecimento e o restabeleci­mento da saúde.”

“Eles representam a ligação entre o céu e a terra, cuja principal função é fazer a comunicação entre o interno, os órgãos, com o meio externo, suas influências estacionais, como também as emoções, o alimento e a respiração”, explica Antonieta Bonifácio dos Reis, docente em acupuntura.

Energia que se movimenta em rede

Essa rede energética consiste numa ma­lha de 12 meridianos principais, circuito que vai da cabeça para os pés e dos pés para a cabeça, além dos meridianos se­cundários, rota transversal que oferece su­porte para a matriz.

Quanto mais natural­mente a energia fluir por esse mapa, livre de bloqueios energéticos ou de excessos, melhor nos sentiremos.

“Tudo o que resiste ao fluxo natural da im­permanência e da ciclicidade interfere na condução do Qi [energia vital] pelos meri­dianos. Uma raiva contida, uma tristeza não sentida, um excesso de preocupação, como também uma alimentação desequilibrada até a invasão de frio ou calor no corpo po­dem causar doença”, ressalta Antonieta.

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As multidimensões da energia corporal

Tudo é energia corpo energético Nossa constituição energética é complexa e guarda registros de nossa vida, com a capacidade de moldar, também, a realidade (ilustração: @TGOUVEA)

A dinâmica dos nossos órgãos evidencia como o ser humano é multidimensional, ou seja, composto por várias instâncias que se afetam mutuamente.

“Às vezes, precisamos fazer alguma coisa física para estimular essas energias sutis, mas também precisa­mos estimular energias sutis para encon­trar um equilíbrio físico”, pontua Cyndi.

As sabedorias holísticas estabelecem di­ferentes nomenclaturas para a variedade de corpos que nos compõem. Há correntes que identificam cinco camadas: física, etérica, emocional, mental e espiritual.

A etérica é aquela que faz a ponte entre o corpo físico e os mais sutis. Outras lidam com as dimen­sões física, morfológica, psíquica, áurica e luz universal.

Detalhando um pouco mais, chegamos a sete corpos: físico, duplo eté­rico, astral, mental, causal, búdico e átmi­co.

As gradações energéticas corporais

Em todos os casos, vê-se uma gradação energética, partindo da esfera mais gros­seira, corpórea, até a consciência mais ele­vada e, portanto, associada ao plano divino.

“A constituição energética do ser humano é um complexo de energia que reúne toda a história da humanidade, filtrado pela an­cestralidade, até chegar à nossa singula­ridade.”

“Ele forma nosso campo repleto de informações do tempo e do espaço em que nascemos, informações da origem paterna e materna. Também contém informações de outros tempos da nossa existência e das marcas das interações que experimentamos desde o nascimento e até antes”, amplia Ana Lúcia Leite, terapeuta e professora da Escola da Aura.

Pode parecer uma teia intrincada demais para entendermos, mas, na prática, não se trata de algo tão hermético. Essa visão en­tende que nossas experiências e memórias ficam gravadas na dimensão energética.

Esses registros podem ser padrões, crenças e outras dinâmicas que influenciam nossa forma de agir no mundo. Tudo isso é impal­pável, sim, mas pode ser transmutado.

Como se conectar com a sua energia corporal

Estar ciente da amplitude do nosso ser nos permite reconhecer nossos limites e cuidar melhor da gente. Quantas vezes queremos algo do físico sem levar em conta outros campos mais sutis?

Quantas vezes não achamos que vamos terminar nossos afaze­res em uma quantidade de tempo sem levar em conta nosso estado emocional e a nossa energia?

Ou então desconsideramos sensa­ções e percepções provocadas em nós por determinados ambientes ou pessoas?

Ao se ter uma visão mais completa dos nossos corpos, pode-se respeitá-los e valorizá-los em suas múltiplas expressões. Talvez aí es­teja uma trilha confiável para a harmonia.

“Para nos conectarmos com essa dimen­são etérea, é importante despertarmos nossa intuição e os sentidos sutis. Os sinais estão à nossa volta o tempo todo e pode­mos percebê-los por meio de percepções captadas pelo nosso sexto sentido, sonhos, impressões, sensações como um pressenti­mento de ir a algum lugar em vez de outro”, exemplifica Ana Lúcia.

Não é à toa que algumas pessoas dizem ter o corpo fechado, pois a atenção dedicada à realidade sutil nos ajuda na proteção, im­pedindo que nosso sistema seja atravessa­do por energias que não respaldam o nosso bem-estar nem a nossa essência.

Pela via oposta, favorece a penetração de frequên­cias que fomentam nossa evolução espiri­tual e ainda magnetizam nosso ímã interno.

“Nossos limites energéticos podem atrair para nós o que precisamos: cura, orien­tação, pessoas, eventos, relacionamentos saudáveis e lições de vida”, enumera Cyndi.

Como praticar a higiene energética

Tudo é energia corpo energético Podemos cuidar melhor da nossa energia a partir de práticas meditativas, do yoga e até de maneiras mais simples, como cultivar a alegria e um estado de contemplação da vida

A higiene energética pode ser feita por meio de práticas como reiki, visualizações, orações e meditações. “Práticas meditativas são bem importantes, como a Meditação das Rosas, principal ferramenta da Escola da Aura para esse cuidado, pois nos apro­xima da origem luminosa do ser”, observa Ana Lúcia.

Outra maneira de integrarmos a esfera sutil é por meio do yoga. “A existência é um sinal para nos conectarmos com a di­mensão chamada de sutil, não por ser mais importante que a corporal, mas por ser co­nectada. Somos seres multidimensionais e o Prana é uma manifestação primordial do ser”, diz Raquel Peres, professora de yoga.

Segundo as Escrituras Védicas, a malha energética vital se espraia da seguinte for­ma. “Existem vayus (ventos) que sopram e conduzem, como canais energéticos, e tipos de Prana, de maneira que o alento chega em todos os tecidos.

Existe a necessidade de equilibrar o Prana responsável pela nutri­ção com aquele que é responsável pela puri­ficação, bem como garantir o fluxo por meio desses canais (vayus) ”, esmiúça Raquel.

Combine práticas e deixe a energia corporal fluir

Podemos combinar diferentes cuidados em nosso dia a dia para manter nossa energia em bom estado. “Uma alimentação nutritiva e com poucas toxinas, o não uso de psicoativos, a prática de yoga enquan­to respiração, meditação e movimento nos nutrem o suficiente para estarmos prote­gidos na maior parte das situações. Mas é interessante que haja também um certo recolhimento e a prática de mantras”, reco­menda a professora de yoga.

Há ainda outros gestos bastante aces­síveis, que só requerem um tantinho de abertura para o que eleva nossa vibração.

“O cultivo da alegria, a contemplação, o sig­nificado que damos à nossa vida, brilho no olhar, atitudes e ações compassivas e bene­volência conosco e com os outros”, indica Antonieta.

Depois é só sentir esse estado reverberar em nossos diferentes corpos e desfrutar dessa energia boa, que é nossa, mas que também transborda para quem ti­ver a sorte de cruzar o nosso caminho.

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RAPHAELA DE CAMPOS MELLO é jornalista e exulta sempre que é tocada pela energia sutil de outro ser humano e vice-versa.


Conteúdo publicado originalmente na Edição 240 da Vida Simples

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