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    Redes sociais e tecnologia: OMS alerta para saúde mental na adolescência
    Foto: Melissa Askew/Unsplash
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    Um estudo global feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela Universidade John Hopkins revelou um dado que merece bastante atenção: 1 em cada 7 adolescentes, entre 10 e 19 anos, sofre com problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares. O estudo, publicado no Journal of Adolescent Health, também mostra que esses transtornos afetam mais as meninas, destacando como fatores críticos o aumento da sensação de solidão e a procura por validação nas redes sociais.

    Redes sociais no olho do furacão

    Especialista em Psicologia Positiva e Felicidade, Henrique Bueno garante que, entre os fatores que contribuem para esse quadro, a “dopamina barata” tem um papel importante.

    “A gratificação imediata proporcionada pelo uso excessivo de tecnologia e redes sociais está afetando a percepção dos mais jovens e pode gerar um ciclo vicioso que prejudica a saúde emocional, com reflexos na sua autoestima, desempenho escolar e qualidade de vida.”

    O conceito de “vício em dopamina”, embora ainda não formalmente reconhecido no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, causa uma dependência comportamental impulsionada por um ambiente com muitas recompensas instantâneas. O impacto do uso excessivo de tecnologia não é apenas imediato, mas também prolongado, o que deixa sequelas no desenvolvimento emocional dos jovens e afeta sua capacidade de lidar com frustrações. Além disso, um terço dos adolescentes começam a ter esses transtornos antes dos 14 anos, com a maioria dos casos não sendo diagnosticada ou tratada adequadamente.

    Uma outra pesquisa, conduzida pela Universidade Stanford sob a batuta da psiquiatra Anna Lembke, mostra que o fácil acesso às fontes de prazeres instantâneos como redes sociais, alimentos ultraprocessados e jogos eletrônicos, possuem efeitos nocivos sobre o cérebro humano. Esses estímulos constantes podem levar à dessensibilização do sistema de recompensa e leva a uma condição chamada “anedonia”, que reduz a capacidade de sentir prazer nas atividades cotidianas.

    “O mundo vive uma epidemia de dependência de dopamina, onde os indivíduos buscam gratificação rápida e superficial, negligenciando a importância de cultivar fontes de bem-estar duradouro e profundo”, observa Henrique Bueno.

    Como reverter o processo e melhorar a saúde mental?

    Henrique Bueno garante que essa situação exige uma abordagem multidisciplinar. “Os jovens de hoje estão cada vez mais expostos a estímulos rápidos e fugazes, o que afeta a saúde mental deles a longo prazo. É fundamental que a sociedade como um todo se envolva para ajudar esses adolescentes a encontrar equilíbrio entre as demandas da vida digital e a vida real.

    Algumas medidas que podem ajudar a reverter esse cenário são o estabelecimento de limites no uso da tecnologia, a prática de exercício físico e o incentivo à leitura de livros. Diminuir o consumo de açúcar e álcool também auxiliam na regulagem da produção da substância.

    “Temos a necessidade de investir em mecanismos para uma maior detecção e tratamento dos transtornos mentais, com investimentos em políticas públicas e iniciativas empresariais voltadas para a saúde mental dos adolescentes, especialmente em escolas e comunidades. Do ponto de vista das famílias, o acompanhamento e o estímulo a atividades fora das telas e à alimentação saudável são pontos cruciais de virada de chave”, alerta Bueno.

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    Henrique Bueno é professor-adjunto do primeiro mestrado global em Estudos da Felicidade (Centenary University), ao lado de Tal Ben-Shahar, e fundador do Wholebeing Institute no Brasil e em Portugal. Com vasta experiência em saúde mental, felicidade e bem-estar, promove a conscientização sobre a importância da saúde emocional no contexto contemporâneo.


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