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FOMO: como driblar o medo de ‘estar por fora’
(Foto: Vignesh Moorthy/Unsplash) A síndrome do FOMO pode até colocar em xeque as próprias vontades e escolhas dos indivíduos
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Todo mundo está se divertindo, compartilhando risadas e histórias, várias fofocas rolando… Mas, por algum motivo você não está lá. Sentimento estranho, né? Não é inveja, talvez seja um pouco de ciúmes misturado com frustração e preocupação. E isso tem nome e sobrenome: a síndrome de FOMO, o fear of missing out.

O “medo de perder” (tradução aproximada para o português) geralmente acontece quando as pessoas não se veem fazendo parte de uma experiência coletiva recompensadora. Experimentar o FOMO provoca uma sensação de inferioridade e ansiedade.

Esse fenômeno psicossocial é característico da era digital e, inclusive, ganhou espaço de discussão nas redes sociais. O constante consumo de informações, o compartilhamento de experiências, vivências e eventos deixam as pessoas em estado de alerta sobre o que poderiam viver.

A síndrome do FOMO pode até colocar em xeque as próprias vontades e escolhas dos indivíduos: ir para uma festa de família mas se sentir estranho por não ter saído com os amigos, estar super cansado e mesmo assim sair de casa para não perder uma experiência, gastar dinheiro que não tem para participar de algum evento específico, e por aí vai.

Por causar uma espécie de ansiedade, o medo da perda provoca sintomas e interfere na rotina das pessoas. Um deles é a dificuldade de concentração, já que a mente está focada naquilo que está sendo perdido, prejudicando o que de fato está sendo feito pela pessoa.

“Outro sintoma causado pelo FOMO é uma inquietação constante que leva ao uso excessivo de mídias sociais e que acaba por gerar uma frustração de não conseguir participar de algo”, diz Alessandra Chrisostomo, psicóloga e professora no curso de Psicologia na Universidade Guarulhos (UNG).

O papel das redes sociais na síndrome

Publicado em 2022, um estudo feito no Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMoc) investigou a prevalência de FOMO em estudantes universitários. Através de uma pesquisa quantitativa com amostra de mais de 300 respondentes, os resultados apontaram que os alunos que acessam com mais frequência redes sociais (como Whatsapp e Instagram) possuem alto FOMO, em comparação a outros estudantes com menor presença online.

“Observou-se ainda que os estudantes sentem FOMO quando não se checa as redes sociais e também o sentem mesmo quando as podem acessar, enquanto estudam ou trabalham, quando se está sozinho e mesmo acompanhado”, comenta Gustavo Souza Santos, professor da UNIFIPMoc e um dos autores do estudo.

Eles mostraram que a faixa etária não é determinante para a síndrome, mas pode indicar disposição para as pessoas nativas digitais, que estão constantemente nas redes sociais. Por consumirem mais informações, são vulneráveis ao sentimento de estar perdendo as experiências sociais que estão sendo publicizadas nas diferentes plataformas.

“As redes sociais estão configuradas como plataformas de geração de informação e conteúdo em altos níveis. Níveis estes humanamente impossíveis de se acompanhar e dar conta. E como os sistemas e métricas de publicações publicizam experiências agradáveis e recompensadoras, os indivíduos se veem imersos em um conjunto de dados do qual não conseguem escapar”, diz Gustavo.

Como impor limites no seu FOMO

Outro termo que também se popularizou na web é o JOMO, joy of missing out (alegria de ficar de fora), que celebra a satisfação de respeitar os próprios limites, viver no momento e dar um passo de cada vez. O que fazer para sair do medo e ir para a alegria?

Para superar o sentimento de FOMO, é preciso adotar estratégias. A psicóloga Alessandra Chrisostomo dá algumas dicas.

Primeiro, identifique o seu medo da perda, depois, procure viver o momento presente em atividades que não envolvam o mundo digital. Estabelecer limites de tempo para o uso das redes sociais e evitar o excesso de exposição digital ajuda a manter a mente na rotina e nas suas necessidades.

É importante direcionar a atenção para si, valorizar conquistas e crescimento pessoal, identificar momentos de descanso e de lazer. Foque em você ao invés de prestar atenção no que os outros fazem. Tudo tem o seu momento e, talvez, o que o outro faz não seja aquilo que você deseja.

“Priorize também o cultivo de relações reais, passando mais tempo com amigos e familiares. Essas atitudes contribuem para uma melhor organização do seu tempo, conexões mais significativas e uma vida mais equilibrada e feliz”, indica Alessandra.

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