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    O cuidar é o trabalho invisível que sustenta toda a sociedade
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    Talvez nem todo mundo já tenha se dado conta disso, mas ao nosso redor existe uma complexa rede de cuidados permeando nossas vidas, desde a infância até a velhice, a que chamamos de economia do cuidado. Ora somos cuidados, ora cuidadores ou compradores de cuidados. Em casa, cuidamos das crianças, dos mais velhos, de quem adoece ou se acidenta e das muitas tarefas domésticas (lavar, passar, guardar, organizar, comprar alimentos, preparar refeições, garantir medicamentos, manter a manutenção e a limpeza em dia e muito mais).

    São trabalhos não remunerados, exercidos principalmente por mulheres, às vezes com o apoio de familiares e pessoas mais próximas. É aquela vizinha, tia, amiga, avó ou filha mais velha que fica informalmente com as crianças, por exemplo, até a mãe voltar do trabalho. Quem tem condições, muitas vezes paga para que profissionais remunerados façam parte desses trabalhos, como empregadas domésticas, diaristas, cozinheiras, babás, cuidadores de idosos, enfermeiros(as) etc.

    Dessa teia de cuidados fazem parte também as instituições públicas e privadas que oferecem serviços de cuidado, como as creches, escolas, casas de repouso e asilos. Tudo isso constitui o que chamamos economia do cuidado: trabalho remunerado e não remunerado que garante o cuidado com os lares e o bem-estar físico, mental e emocional das pessoas.

    Economia do Cuidado e sobrecarga invisível

    Segundo a organização internacional Oxfam, todos os dias mulheres e meninas em todo o planeta dedicam 12,5 bilhões de horas ao trabalho de cuidado não remunerado, algo que equivaleria a US$ 10,8 trilhões anuais à economia global – mais de três vezes o valor de toda a indústria de tecnologia do mundo.

    Aqui no Brasil, 90% do trabalho de cuidado é feito informalmente pelas famílias e, desse montante, 85% por mulheres. São as donas de casa, mães e aquela ajuda feminina, em geral, que aparece na hora do aperto. Na visão da filósofa italiana Silvia Federici, são essas mulheres que sustentam a economia global e só existem trabalhadores no mundo porque há mulheres tomando conta deles e da futura força de trabalho, as crianças.

    Já quando falamos em trabalho remunerado, 80% dos quase 67 milhões de trabalhadores domésticos no mundo são mulheres. No Brasil, entre as mulheres que trabalham fora de casa, 14,5% estão no trabalho doméstico, contra apenas 1% dos homens. No entanto, embora essencial à manutenção da vida e do próprio capitalismo, a vinculação do trabalho de cuidado à figura das mulheres, em uma sociedade com desigualdade de gênero no mercado de trabalho, mantém a economia do cuidado em posição desprestigiada, desvalorizada. As mulheres que trabalham sem remuneração ficam invisíveis aos olhos da sociedade e as profissionais que atuam no mercado da economia do cuidado são mal remuneradas.

    Da mesma forma, as mulheres que trabalham em outras áreas também se veem sobrecarregadas, tentando se equilibrar entre o emprego, os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos – a famosa tripla jornada de trabalho, muito associada a prejuízos à saúde mental feminina.

    Mudanças na família brasileira

    A Constituição de 1988 atribui às famílias (onde se lê mulheres), a responsabilidade por atividades de cuidado e explicita, no artigo 230, que os pais devem cuidar dos filhos e estes dos pais na velhice. “No entanto, nas últimas décadas, a família brasileira mudou muito, está menor, com menos filhos e com a mulher participando ativamente do mercado de trabalho. Com isso, ela hoje tem mais recursos para comprar serviços no mercado do cuidado e menos tempo para cuidar de pessoas”, argumenta a economista Ana Amélia Camarano, PhD em Estudos Populacionais e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

    Outra grande mudança é o aumento da expectativa de vida no Brasil, associado à redução da taxa de fecundidade, que resulta em um envelhecimento da população. Segundo o IBGE, a proporção de idosos no país passou de 8,7% em 2000 para 15,6% em 2023. Em 2070, espera-se que 37,8% dos habitantes do país sejam idosos, ou seja, mais do que o dobro de hoje.

    “Além disso, temos um aumento nas doenças não letais que demandam cuidados de longa duração, como o Alzheimer, por exemplo. Isso cria uma necessidade grande de políticas públicas de cuidado”, completa. Para ela, o estado deve oferecer mais do que vagas em instituições como casas de repouso, mas também cuidadores que possam ir à casa das famílias ou o repasse de recursos para que as famílias contratem profissionais do cuidado.

    Empresas mais atentas ao tema e evento gratuito sobre a economia do cuidado

    Até 2030, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) espera que 2,3 bilhões de pessoas no mundo sejam dependentes de cuidados. “Esse é um tema que deve ser muito abordado e discutido nas empresas porque tem um grande potencial de impacto na produtividade”, afirma Antonino Germanò, gerente da área de Saúde do SESI no Rio Grande do Sul.

    Segundo ele, as empresas precisam fortalecer a cultura e a promoção da saúde física e mental, sendo uma iniciativa estratégica que atende não somente a uma força produtiva que se avista mais longeva, como também uma iniciativa estratégica decisiva para o desenvolvimento e a sustentabilidade econômica.

    Antonino ainda acrescenta: “a parcela da população, seja ela de trabalhadores produtivos e economicamente ativos ou não, que executa as tarefas de cuidado, estão sofrendo com sobrecarga de estresse, esgotamento físico e emocional, entre outros problemas de saúde. Consequentemente, isso interfere na produtividade das empresas, no ambiente de trabalho e em todo sistema público e privado de saúde atual”.

    Além disso, Germanò menciona a necessidade de sensibilizar os empresários para que ofereçam cada vez mais programas que estimulem um estilo de vida saudável com iniciativas ligadas à promoção da saúde mental também.

    Nos dias 21 e 22 de novembro, o SESI-RS promoverá a 4ª edição do evento anual e gratuito SESI CONECTA SAÚDE, que já impactou mais de 64 mil pessoas em todo o Brasil, com o tema “Expandindo as fronteiras do cuidado. Um olhar para os impactos no futuro da saúde e economia.” Para conhecer a programação e participar de forma online, é só fazer a inscrição no site conectasaudesesi.com.br.

    Cuidado é inteligência estratégica

    Para o médico e educador Eugenio Mussak, um dos palestrantes confirmados para o encontro, o cuidado hoje deve ser encarado pelas empresas como uma inteligência estratégica. “É preciso mudar o foco da doença para a prevenção e a promoção do que chamo de medicina da saúde, que estimula um estilo de vida mais saudável, pensando em alimentação, sono, redução do fumo, exercícios físicos e boas relações humanas. Nas grandes empresas isso já é visto como um valor, ainda que, na prática, cada funcionário seja o verdadeiro responsável pela sua saúde”, enfatiza.

    Também é possível pensar na economia do cuidado como um setor que, ao se desenvolver, gera emprego e renda para muitas pessoas, além de promover o bem-estar coletivo. “Fizemos um levantamento estimando o número de horas dedicadas ao cuidado de pessoas, remunerado ou não, e chegamos a um expressivo impacto no PIB da economia brasileira de 11,29%”, conta Germanò.

    Cuidar e ser cuidado é para todos

    Todos nós precisamos de cuidado, em algum momento, mas, sobretudo, precisamos entender a importância do autocuidado em todas as fases da vida, especialmente em períodos em que estamos exercendo o papel de cuidadores de alguém. Nessas ocasiões, é essencial manter uma rotina de práticas para o alívio do estresse, como pausas conscientes, mindfulness, yoga, contato com a natureza e o fortalecimento de uma rede de apoio e suporte emocional.

    Pedir ajuda e dividir responsabilidades faz parte dessa história – que, aliás, precisa ser mais igualitária entre homens e mulheres para que possa se tornar mais justa e saudável para todos. Cada um de nós tem um papel na economia do cuidado. Já pensou sobre o seu?

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