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    Enxaqueca não é só dor de cabeça: conheça sintomas e causas da doença
    Enxaqueca é mais frequente em mulheres. Mehrpouya H/ Unsplash
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    Já sentiu aquela dor de cabeça que não passava após tomar remédio? E que era tão forte que não te deixavam fazer mais nada? É preciso ter atenção, pois esse quadro pode ser de enxaqueca, uma doença crônica que é muito mais que dor de cabeça e exige o diagnóstico e tratamento correto para uma boa qualidade de vida.

    A enxaqueca é uma doença neurológica e hereditária, em que o cérebro entra em um estado de super excitação. Isso significa que o órgão fica mais sensível e vulnerável a estímulos externos, como luminosidade e som, e internos também, como fatores emocionais.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença atinge mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo, 30 milhões delas, brasileiras.

    Mariana Souza, consultora de proteção de dados, é uma delas. A jovem de 24 anos foi diagnosticada quando tinha entre 12 e 13 anos. Convivendo com a doença há mais de uma década, Mariana aprendeu a tratar e evitar as crises, mas quando elas ocorrem são difíceis de lidar. “Quando tenho crise geralmente tenho muita dor do lado esquerdo e não consigo fazer nada, só me deitar, tomar remédio e esperar passar”.

    Ainda segundo a OMS, a enxaqueca é a segunda maior causa de incapacidade no mundo. Além disso, a condição não tem cura, mas o tratamento adequando ajuda a prevenir crises.

    Quais os sintomas da enxaqueca e como é feito o diagnóstico?

    “Enxaqueca é uma doença e dor de cabeça é um dos sintomas dessa doença”, destaca a médica neurologista e especialista em enxaqueca Thaís Villa. Ela aponta que é necessário acompanhamento médico para que o diagnóstico seja feito. “Não existe exame que dê o diagnóstico de enxaqueca. Apenas o médico neurologista, de preferência especialista, vai conseguir dar o diagnóstico após a avaliação clínica e detalhada do paciente”, finaliza.

    Além da dor de cabeça, outros sintomas estão associados à doença, segundo a especialista:

    • Fotofobia (sensibilidade excessiva à luz);
    • Fonofobia (sensibilidade excessiva aos sons);
    • Osmofobia (sensibilidade ao cheiro);
    • Aura (alterações na visão);
    • Alterações no humor;
    • Dificuldade de concentração e memória;
    • Mal-estar e cansaço;
    • Dores no pescoço e ombros;
    • Dormência e/ou formigamento;
    • Fraqueza de um lado do corpo;
    • Sensação de tontura ou vertigem;
    • Náuseas com ou sem vômito;
    • Dor facial;
    • Bruxismo (ranger ou apertar os dentes);
    • Pálpebras inchadas e olhos lacrimejantes;
    • Obstrução nasal ou nariz escorrendo;
    • Taquicardia;
    • Pressão alta ou baixa.

    Entenda por que a enxaqueca é mais frequente em mulheres

    A enxaqueca é uma doença hereditária que pode afetar homens e mulheres de todas as idades, com ápice entre pessoas de 20 e 50 anos. Entretanto, mulheres possuem quadros mais severos. Segundo Thaís Villa, isso ocorre em decorrência de questões hormonais e biológicas.

    A médica aponta que, de modo geral, as mulheres já sofrem com mais dores de cabeça por conta do estrogênio, produzido naturalmente pelo corpo. Ele está presente, também, nas pílulas anticoncepcionais. Esse é um dado relevante porque as “mulheres com enxaqueca têm mais dores de cabeça por conta do estrogênio”, destaca.

    Ela sinaliza que é importante ter cuidado com o diagnóstico correto. “Como muitas pessoas pensam que enxaqueca é igual à dor de cabeça, ou que enxaqueca é só a dor de cabeça, as mulheres acabam sendo mais diagnosticadas porque sofrem com crises de dor de cabeça mais severas”, aponta. “Elas são mais diagnosticadas e acabam tomando mais analgésicos, o que pode complicar o quadro delas”.

    Isso significa que uma mulher que tenha de fato enxaqueca, deve identificar e tratar a doença como tal, não apenas o sintoma de dor de cabeça. O contrário também é válido, se uma mulher tem apenas dores de cabeça, ela não deve tratar isso como enxaqueca. Por isso, a necessidade de um acompanhamento médico e diagnóstico preciso.

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    Alimentação e automedicação influenciam crises?

    A enxaqueca é uma doença genética, mas fatores externos podem piorar a doença e as crises. Veja a seguir alguns comportamentos e alimentos que acentuam a enxaqueca:

    • Automedicação: Nesses casos, as pessoas podem tomar remédios que tratem apenas a dor de cabeça e não a doença. Além disso, esses remédios têm em sua composição cafeína, um estimulante que agrava a enxaqueca, potencializando a doença.
    • Consumo de alimentos que contenham substâncias anti-inflamatórias, analgésicas e estimulantes, como a cafeína (que está no café, no cacau, no chá-mate, em energéticos e pré-treinos, por exemplo). Alimentos que contenham cúrcuma, gengibre, canela e refrigerantes (cola e guaraná) também são estimulantes.

    Além disso, é bom atentar-se para o seguinte fato: o cérebro hiperexcitado de uma crise enxaqueca desorganiza todo o organismo. “Pessoas com enxaqueca têm funcionamento mais complicado do trato gastrointestinal”, aponta Thaís. “Elas costumam se queixar de síndrome do intestino irritado, gastrite e refluxo” Isso também pede cautela para o uso de analgésicos, uma vez que eles podem causar sérias consequências para o estômago e o intestino.

    Abordagem integral é a melhor forma de tratar a enxaqueca

    Tratar a enxaqueca não é apenas diminuir a dor de cabeça, isso porque é necessário cuidar de todos os outros sintomas. Os tratamentos mais específico utilizam a toxina botulínica e anticorpos que agem na doença de forma geral.

    Além disso, é importante entender o quadro de cada paciente. No caso de Mariana, as crises estavam relacionadas à endometriose, uma doença em que o endométrio, tecido que deveria estar presente apenas no útero e que deveria ser expelido na menstruação, migram para outros locais, como ovários, trompas e intestino. Esse tecido se multiplica e volta a sangrar, causando, entre outros sintomas, cólicas fortes. “Para mim, parte do meu tratamento foi interromper a menstruação”, declara Mariana.

    Além do acompanhamento e tratamento com especialista em neurologia, Thaís Villa receita uma visão global e multiprofissional para identificar outros sintomas ou gatilhos das crises de enxaqueca, além de ajudar a estabelecer cuidados em diferentes frentes.“[É importante] ter acesso ao atendimento integrado, com acompanhamento de especialistas de diversas áreas como ginecologia, nutrição e odontologia”, recomenda.

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