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    Cura na natureza: veja cinco terapias inovadoras para o bem-estar
    Joe Lewis
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    Quando Ana Lemes Drittrich decidiu mudar para a Alemanha e se especializar em banhos de floresta, sua vida mudou. Engenheira florestal de formação, a condutora da terapia natural decidiu buscar uma relação com a natureza que pudesse reaproximar o ser humano dos biomas naturais. A técnica faz parte de um conjunto de atividades conhecidas no guarda-chuva da ecoterapia que, além dos banhos de floresta, também reúne outras terapias, como a xamânica, aventura, assistida por animais e hortoterapia.

    O fato é que os relatos sobre o impacto poderoso da natureza não são uma novidade. O que é inovador é o campo emergente da neurociência ambiental, que procura entender por que – e de que maneira – nossos cérebros são tão intensamente influenciados pela presença na natureza.

    Você provavelmente já ouviu falar sobre estudos que indicam que ambientes verdes (com vegetação) e azuis (com água em movimento) estão associados à redução do estresse, melhoria no humor, aumento de emoções positivas e diminuição da ansiedade e ruminação.

    No entanto, há uma crescente evidência de que a exposição à natureza também traz benefícios para a função cognitiva – todos os processos envolvidos na aquisição de conhecimento e compreensão, incluindo percepção, memória, raciocínio, julgamento, imaginação e resolução de problemas.

    Por que a natureza é tão importante?

    Uma caminhada ao ar livre desconectado de tecnologias digitais ou um passeio na natureza (parque, rio, mar) pode garantir benefícios positivos para o corpo. O próprio hábito de cultivar plantas em casa é uma prática que traz melhorias à saúde mental. Segundo a hipótese da biofilia, difundida pelo sociobiólogo americano E.O. Wilson, os seres humanos desempenham melhor em ambientes naturais porque nossos cérebros e corpos evoluíram na presença e em sintonia com a natureza.

    Mas o melhor é que algumas pesquisas indicam que ambientes considerados de “alta qualidade” são mais benéficos: locais com diversidade e abundância de espécies de aves e árvores resultaram em menos ansiedade e melhor humor em comparação com áreas menos ricas em espécies. Um ponto positivo para o Brasil, que além do extenso litoral, reúne biomas com uma das maiores biodiversidades do mundo, como o Cerrado, a Mata Atlântica e a floresta Amazônica.

    Ecoterapia: como a cura ao ar livre contribui para a saúde mental?

    Ana Lemes Dittrich é engenheira florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de contar com um mestrado em Ciências Florestais e Ecologia Florestal na Georg-August-Universität Göttingen. Apesar da formação, Ana decidiu trilhar um caminho diferente da maioria dos colegas de profissão. Em 2014 conheceu o termo “banho de floresta” e logo depois chegou à Academia Alemã de Banhos de Floresta e Saúde, onde recebeu certificação como condutora. A especialista também é formada pela Internacional Ecopsychology Society e pelo Instituto Brasileiro de Ecopsicologia em Ecotuning. 

    Mas o que diferencia as terapias na natureza de um passeio no parque ou uma viagem com os amigos para a praia? O foco. “No banho de floresta, como guia, vou conduzir as pessoas para que elas focalizem no ambiente em que estão. Ou seja, elas vão observar a casca de uma árvore com outro olhar, perceber a irradiação do sol, cheirar algo e, dependendo do lugar, até mesmo provar”, explica Ana Lemes, que mais abaixo destaca como funciona essa terapia natural.

    Banhos de floresta

    O banho de floresta ou forest bathing é uma prática que surgiu no Japão e hoje se difunde em diferentes países. Também conhecido como shinrin-yoku ou silvoterapia, a prática pretende levar os participantes a interagir com a atmosfera da floresta e buscar uma reconexão com o ambiente natural. A ideia é levar as pessoas a uma experiência multissensorial que observa sons, aromas em um momento de profunda conexão com o meio ambiente.

    Para perceber os efeitos da prática, a condutora recomenda realizar sempre uma análise do corpo antes e depois do banho de floresta. “Depois de 25 minutos de terapia guiada, o carrossel de pensamentos do cérebro desaparece”, explica.

    Mas alerta, é fundamental realizar a prática com um profissional certificado. “Eu estou lidando com pessoas e sou responsável por elas. Tenho total responsabilidade sobre esse grupo de pessoas que estou guiando. Para isso, tenho que ter uma formação qualificada”, acrescenta. 

    O principal objetivo do banho de floresta é buscar a desconexão com pensamentos externos e a reconexão com o mundo interno. “Quando vejo meus participantes bocejando eu penso: bingo! Atingi meu objetivo”, diz Ana. Para ela, além de realizar a prática com um profissional, é possível se propor a fazer diferentes atividades que, embora não tenham o mesmo efeito, podem acalmar a mente, como: 

    • Ir para avenidas movimentadas e arborizadas de sua cidade, especialmente se estiverem vazias (como em dias de domingo);
    • Ir ao parque (de preferência sozinho e para observar a natureza ao redor);
    • Dar uma volta em um lago com calma e observar o movimento dos animais;
    • Observar os detalhes da natureza, como uma árvore, um pequeno animal ou cheiros daquele lugar. 

    Foto: Joe Lewis

    Terapia xamânica

    A terapia xamânica é um conjunto de técnicas psíquicas e energéticas resgatadas da sabedoria ancestral para guiar o indivíduo para um estado natural de harmonia, felicidade e poder pessoal. O Xamanismo, com cerca de 40.000 anos de existência, representa uma prática ancestral de tratamento, que envolve a abertura da vida com o apoio de ferramentas como tambor, chocalho, canções, palavras, penas, cristais e incensos sagrados. Além disso, a terapia xamânica atua no resgate de partes perdidas ou esquecidas de nós mesmos, promovendo a totalidade do ser.

    Encontrando o poder interno, os praticantes da terapia xamânica têm a capacidade de fazer escolhas mais conscientes e determinar os melhores caminhos na vida. Assim, essa prática milenar oferece um caminho para a cura integral, equilibrando aspectos físicos, emocionais e espirituais.

    Foto: Frames For Your Heart

    Terapia de aventura

    A terapia de aventura é uma abordagem que utiliza desafios físicos ao ar livre para promover crescimento pessoal, desenvolvimento de habilidades sociais e saúde mental. Os programas, com duração de uma a três semanas, incentivam a cooperação e o desenvolvimento interpessoal, proporcionando uma experiência terapêutica adaptável a diversos contextos.

    Essa modalidade engloba uma variedade de atividades, como percursos de cordas altas e baixas, escalada, rapel, rafting, caminhadas e camping. O objetivo é criar situações desafiadoras que exijam cooperação, comunicação eficaz, resolução de problemas e desenvolvimento de habilidades interpessoais. Por isso, o ambiente ao ar livre proporciona uma plataforma única para enfrentar medos, construir confiança e promover a autoestima.

    Foto: Cem Sagisman

    Terapia assistida por animais

    A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma abordagem terapêutica que incorpora a interação entre seres humanos e animais para promover melhorias físicas, emocionais e sociais. Utilizando animais treinados, como cães e cavalos, a TAA visa reduzir o estresse, ansiedade e solidão, enquanto estimula a comunicação e oferece apoio emocional. Aplicada em diversos contextos, desde tratamento de distúrbios mentais até reabilitação física, a presença amorosa dos animais facilita a abertura emocional, promovendo saúde mental e emocional.

    Foto: Taylor

    Hortoterapia

    hortoterapia, ou terapia de jardim, é uma abordagem terapêutica que utiliza atividades relacionadas à jardinagem para promover benefícios físicos, emocionais e mentais. Essa prática reconhece o poder terapêutico do contato com a natureza. Além disso, oferece vantagens como a redução do estresse, melhoria da saúde mental e física, e o desenvolvimento de habilidades práticas. A hortoterapia utiliza a jardinagem como ferramenta para promover o equilíbrio e a saúde integral.

    Foto: Noom Peerapong

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