O outono é uma das estações mais agradáveis, já que o clima ameno deixa a temperatura corporal regulada, ajudando até na qualidade do sono. Em contrapartida, essa é a época do ano em que o ar fica mais seco, contribuindo para a piora ou até para o desenvolvimento de alergias, e doenças respiratórias. Saiba como cuidar da saúde com a chegada do frio.
Quais são as doenças mais comuns no outono?
De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), a rinite alérgica e a asma são as doenças mais comuns durante o outono. Mas elas não são as únicas.
As alterações climáticas da estação que sucede o verão gera uma predisposição ao desenvolvimento de várias outras doenças respiratórias, como resfriado, gripe, sinusite e pneumonia.
Além disso, os indivíduos que apresentam alguma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), como a bronquite, enfisema pulmonar e bronquiectasias, também sofrem com a chegada do outono.
Isso acontece porque essa estação é caracterizada por mudanças bruscas de temperatura ao longo do dia e falta de chuva, deixando o ar mais frio e seco, o que acaba inflamando as vias aéreas. Por isso, sintomas como espirros, tosse, coceiras na garganta, olhos e nariz, coriza, obstrução nasal e até falta de ar, são comuns nessa época do ano.
Segundo Roberta Pilla, médica da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), esses sintomas se manifestam ao entrarmos em contato com o ar seco e frio. “As oscilações de temperatura e o clima seco predispõem a concentração de poluentes no ar, que por si só, já são fatores que irritam as mucosas respiratórias.”
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Por que a alergia piora no frio?
A ASBAI define as alergias como uma reação exacerbada do organismo a um determinado tipo de substância. Com o ar mais seco, além dos poluentes, outras partículas como pólen das flores, ácaros e fungos, ficam mais suspensas no ar, entrando em contato com a mucosa nasal com mais facilidade, o que desencadeia as crises alérgicas.
“Além disso, há a tendência de permanecermos em ambientes fechados, onde a poeira domiciliar (ácaros e fungos) se concentram. Esta combinação aumenta as crises alérgicas”, explica Maura Neves, otorrinolaringologista da Universidade de São Paulo (USP).
Outro fator para o desencadeamento da rinite é que o sistema respiratório acaba ficando sobrecarregado, já que ele precisa ter respostas rápidas para manter a proteção das vias aéreas, que têm a função principal de aquecer, umidificar e filtrar o ar que respiramos.
“O ar gelado atrapalha a função do sistema mucociliar, dificultando o movimento do muco, que fica mais retido. Isso leva os alérgenos e microorganismo a ficarem mais tempo em contato com a mucosa nasal, facilitando o desenvolvimento de infecções e alergias”, afirma Bruno Barros, médico otorrinolaringologista.
Dicas para prevenir doenças e alergias com a chegada do frio
Existem algumas medidas simples que podem ser tomadas no dia a dia para prevenir alergias e doenças respiratórias durante o outono e inverno, são elas:
- Manter a hidratação para que o organismo continue funcionando bem.
- Evitar ambientes fechados, mantendo os espaços limpos e ventilados para evitar o acúmulo de ácaros e fungos.
- Usar umidificadores de ambientes, bacias com água ou até toalhas molhadas e fazer uma boa higiene nasal com soluções próprias ou soro fisiológico, para combater o ressecamento do muco nasal.
Travesseiros devem ser colocados no sol?
Durante as estações mais frias, muitas pessoas costumam colocar o travesseiro no sol, mas isso não é indicado, pois o aquecimento de seu interior favorece o aumento da proliferação dos ácaros, como explica a Dra. Roberta Pilla: “Quando o travesseiro é exposto ao sol, ocorre um aquecimento no seu interior, que normalmente fica úmido e repleto de resíduos de pele, oriundos do contato da pele e suor com o travesseiro. Isto serve de alimento para os ácaros.”
O mais indicado para quem sofre de rinite alérgica é utilizar capas de proteção, lavá-las pelo menos uma vez no mês e colocar o travesseiro para arejar, protegido por uma fronha, e sempre com luz indireta.
Terapia ayurvédica pode ajudar no tratamento e na prevenção das alergias
O ayurveda é uma técnica medicinal milenar indiana que consiste em manter o equilíbrio do corpo, da mente e do espírito através de várias práticas, como a aromaterapia, a fitoterapia e a nutrição.
Reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma das práticas integrativas e complementares, ela vem ganhando cada vez mais adeptos que buscam a prevenção e tratamentos de doenças crônicas, como, por exemplo, as alergias.
É possível tratar alergias com o ayurveda?
Segundo a terapeuta ayurvédica Maíra Duarte, a rinite pode ter várias causas, como medicamentos utilizados desde a infância que prejudicaram a condição da mucosa, ingestão de alimentos alergênicos, contato com poluentes fortes e sensibilidade a ácaros ou fungos, que pioram no outono.
“No Ayurveda a gente não indica como tratar uma doença específica, a gente sempre olha para a origem dela. O Tratamento preventivo é a forma mais efetiva de cuidado. É importante focar em não deixar o ambiente (interno e externo) propício para que ela chegue e se manifeste.”, explica Maíra.
Ou seja, na visão da técnica medicinal indiana, é importante fazer um tratamento prévio para fortalecer o organismo, o que vai prevenir o surgimento das crises alérgicas.
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Técnicas do ayurveda para prevenir alergias
A terapeuta orienta que é preciso controlar o consumo de alimentos que tendem a acumular toxinas no corpo. Laticínios, excesso de carnes e combinações incompatíveis na visão da terapia indiana, como misturar leite com fruta e carne com leite, devem ser evitados. O uso de ervas digestivas também pode ajudar.
Algo que também pode ajudar muito na prevenção ou até quando há sintomas, é a limpeza dos sinus através de uma prática tradicional do yoga chamada Jala Neti, que consiste em uma limpeza nasal.
“Ela auxilia a eliminar as toxinas que se acumulam nos sinus e reduz bastante os sintomas decorrentes desse acúmulo”, afirma Maíra.
Essa limpeza deve ser feita utilizando o lota, um recipiente apropriado para a lavagem nasal, que pode conter uma dessas três soluções:
- Água morna com uma pitada de sal;
- Chá de alcaçuz;
- Chá de manjericão
Ainda de acordo com Maíra, é possível adicionar umas gotinhas de gergelim à solução de água e sal para manter as narinas umidificadas. Já o chá de alcaçuz é uma planta lubrificante, excelente para suavizar as mucosas. E o chá de manjericão é indicado para quem tem tendência a acumular toxinas nas vias respiratórias, pois ajuda a remover o muco e combater bactérias.
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