A vida moderna trouxe muitas facilidades. Com um celular à mão, estamos a um clique da informação ou do serviço que queremos. Na área da saúde, são inúmeros os aplicativos e as ferramentas voltadas para cuidar do corpo e da mente. Alguns, por exemplo, monitoram batimentos cardíacos, qualidade do sono e até níveis de estresse.
Ana Alice Freire, 19 anos, é uma das usuárias de aplicativos de saúde. A estudante e estagiária de jornalismo começou a usar o Flow, um aplicativo que monitora o ciclo menstrual, há quatro anos. O objetivo é ter mais conhecimento e segurança sobre sua menstruação, seu corpo e sua saúde.
“Eu consegui ter noção dos momentos de menstruação e de ovulação. Além disso, por conta da correria do dia a dia, eu não tinha tempo para ir com frequência a um ginecologista para tirar algumas dúvidas simples. Então, ter tudo aquilo condensado em um aplicativo ajudou muito”, comenta Ana.
Além de monitorar o ciclo, Ana acompanha os sintomas do seu corpo, controla o consumo de água, monitora o seu peso e várias outras questões relacionadas ao seu organismo. Ela conta que a ferramenta facilita a busca de conhecimento para a prevenção de doenças.
“O aplicativo trouxe muitas questões que eu não conhecia sobre minha saúde. Não eram exatamente problemas, mas sinais de que eu deveria ficar atenta”, relata.
Como consequência, Ana sentiu que o aplicativo ampliou o seu rol de informações, ajudando a entender melhor o seu próprio corpo.
O papel da tecnologia na promoção da saúde
Além dos aplicativos de monitoramento, como o usado por Ana Alice, a tecnologia aliada à saúde vem avançando com o lançamento de outras ferramentas. O tema é tão importante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Observatório Global para Saúde Eletrônica e passou a considerar o mHealth, ou saúde móvel. O termo pode ser entendido como “uso de tecnologias móveis sem fio para a saúde pública”.
Nesse sentido, a saúde móvel se vale de recursos diretamente ligados às pessoas, como celulares, relógios e outros aparelhos vestíveis, para monitorar e até intervir sobre as condições de saúde.
“Essas tecnologias podem ajudar na captação contínua de informações sobre os pacientes. O monitoramento em tempo real auxilia na aplicação de intervenções que sejam necessárias. Também podem emitir lembretes que aumentam a adesão a medidas terapêuticas. Por último, facilitam a interação de profissionais de saúde com seus pacientes”, exemplifica Hermano Rocha, médico especialista em saúde coletiva e pesquisador na área de avaliação de tecnologias de saúde.
Ferramentas de monitoramento e cuidado
Jacson Fressatto, presidente do Instituto Laura Fressatto, organização que promove o desenvolvimento do uso da tecnologia aliada à saúde, também faz coro aos benefícios que essas ferramentas trazem para a saúde individual e coletiva. Para ele, a tecnologia favorece tanto o monitoramento quanto o cuidado.
“Pessoas em condições crônicas, como hipertensos e diabéticos, e seus cuidadores, têm a possibilidade de obter resultados rápidos dos indicadores de saúde e saber que decisões tomar, sem demora. Isso também traz paz, tão necessária para nossa saúde geral, ao saber que os indicadores mostram que a pessoa está bem”, diz o arquiteto de sistemas.
Além disso, as informações que essas ferramentas tecnológicas oferecem podem despertar o autoconhecimento sobre o organismo. “Os resultados obtidos e observados pelo próprio paciente, associados ao reconhecimento dos seus hábitos, contribui em muito para que a pessoa se conheça melhor. Com toda certeza, valerá muito mais do que sermões do médico a cada consulta. Por isso, aumenta de forma eficaz o entendimento do paciente sobre a responsabilidade de cuidar da própria saúde, e como fazer isso mudando hábitos não saudáveis”, declara.
Tecnologia não substitui o atendimento médico presencial
Além do autoconhecimento, a tecnologia promove acessibilidade ao atendimento à saúde, de acordo com Hermano Rocha. “Um dos maiores benefícios das teleconsultas é que elas aumentam o número de pessoas atendidas. Uma das razões da falta de acesso à saúde é a dificuldade no transporte, por exemplo. Estudos no Brasil mostram, que um dos maiores problemas de pacientes com câncer é a dificuldade de locomoção”, explica o médico. Segundo o especialista, é sempre importante lembrar que os determinantes sociais devem ser considerados ao planejar melhorias no acesso universal à saúde.
Nesse sentido, a teleconsulta é um facilitador da saúde, mas não a única forma de atendimento. Consultas online ou uso de aplicativos não devem substituir as consultas presenciais, onde o profissional da medicina, com seu olhar clínico, pode obter muito mais informações sobre a saúde do paciente observando seu estado físico, sem a mediação das telas.
“O National Committee for Quality Assurance (NCQA), recomenda, por exemplo, que não haja um intervalo maior que 180 dias entre duas consultas presenciais”, explica o médico, citando a organização independente sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que monitora a qualidade de serviços de saúde no país.
Aplicativos que facilitam cuidado com a saúde
Os aplicativos para celular podem colaborar na manutenção ou criação de hábitos mais saudáveis, uma vez que fazem o trabalho de lembrar de executar algumas atividades.
“Hábito, como uma de suas descrições define, é a maneira usual de ser, fazer e sentir. Alarmes de relógios já fazem parte de nossos hábitos, para agendar a hora de dormir e de acordar, por exemplo. Também há aplicativos que ‘lembram’ seus usuários sobre ciclos e demandas do corpo. Alguns anunciam a chegada dos períodos menstrual e fértil nas mulheres. Outros lembram as pessoas a executar atividades essenciais para o organismo, como beber água. Por mais óbvias e orgânicas que possam parecer, essas ferramentas contam com bastante adeptos”, diz Jacson Fressatto.
Isabel Araújo, 61 anos, é um exemplo de quem faz uso de aplicativos para ter uma rotina mais saudável. Há oito meses, a servidora pública começou a usar o aplicativo Elfie para acompanhar a pressão arterial e lembrá-la de fazer o tratamento diário para a síndrome do anticorpo antifosfolípide, uma condição autoimune que desequilibra o nível protéico do organismo e facilita a formação de coágulos.
Além dos lembretes, a ferramenta oferece conteúdos atualizados sobre os temas relacionados à saúde que ela gosta de acompanhar. Isabel também consegue fazer o controle de indicadores importantes, como o seu peso. “Todo mês o aplicativo faz um resumo desses indicadores e eu não preciso ficar anotando para levar ao médico”, destaca.
Uma recompensa saudável
Para estimular que pessoas continuem mantendo os bons hábitos, o Elfie funciona em um sistema de recompensas.
“No Elfie incorporamos elementos de jogos, como pontos, medalhas e desafios, ao acompanhamento de tratamentos, estimulando a adesão aos cuidados médicos. A cada ação realizada no app, o usuário pode ganhar moedas, tornando o processo muito mais dinâmico e divertido. Essa abordagem não só combate a monotonia, mas também faz com que cada pequeno progresso seja celebrado, criando um ciclo contínuo de motivação e realização”, explica Juliana Amaral, gerente nacional do aplicativo no Brasil.
O aplicativo é 100% gratuito e com as recompensas da plataforma é possível fazer doações para instituições de caridade, além de adquirir benefícios como vales-presentes ou descontos em marcas. Pelo aplicativo, é possível conseguir, inclusive, desconto na assinatura da revista Vida Simples.
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É possível viver melhor aliando tecnologia e saúde
Apesar dos benefícios, é preciso tomar cuidado na hora de selecionar um aplicativo ou ferramenta para monitorar a sua saúde. “Por exemplo, somente para monitorar diabete existem milhares de aplicativos, mas poucos foram adequadamente estudados e validados. No fim, o mais seguro é que esses aplicativos sejam recomendados por algum profissional da medicina”, aponta Hermano Rocha.
Com esses cuidados, o auxílio da tecnologia na saúde, monitorado por especialistas, ajuda a aumentar o bem-estar. Assim relata Ana Alice, que percebe hoje os benefícios de usar aplicativos de monitoramento. “Acho muito promissor que possamos ter mais conhecimento e controle de algo que está dentro da gente”, diz a jovem.
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