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Brasileiros destacam-se nas Olimpíadas com histórias de força de vontade
O nadador Bruno Fratos e a ginasta Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris 2024 (Foto: reprodução Instagram/Bruno Fratus)
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Em época de Olimpíadas, o mundo inteiro mobiliza-se para acompanhar e torcer pelos atletas que representam seus respectivos países. Mas por trás de cada atleta de alto nível que compete nessa arena global, há histórias de luta e superação, que fazem parte, inclusive, das características que definem os Jogos Olímpicos.

A Vida Simples reuniu histórias inspiradoras de três atletas brasileiros que vão te inspirar. Talvez não para competir nas Olimpíadas, mas quem sabe essas jornadas te motivem a seguir a seus maiores sonhos de forma coerente, com fé, determinação e coragem.

Daiane dos Santos marcou a história da ginástica

Antes de Rebeca Andrade se tornar a maior medalhista olímpica do Brasil, outro nome marcou a ginástica e representou o Brasil com maestria nas competições: Daiane dos Santos.

Nascida em Porto Alegre (RS), Daiane ficou conhecida por sambar em suas apresentações ao som de Brasileirinho, canção de Waldir Azevedo. Durante seus anos de competição, a atleta negra contou que passou por situações em que foi abordada de forma racista. Entre os episódios, ela relembra que algumas pessoas não queriam compartilhar o mesmo banheiro com ela.

“Aquele tipo de coisa que nos faz pensar: opa, voltamos à segregação. Teve muito isso dentro da seleção brasileira” contou em entrevista para a revista Marie Claire.

Apesar dos desafios, a atleta foi a pioneira do Brasil a conquistar uma medalha de ouro em uma competição mundial de ginástica. A brasileira conquistou esse marco em 2003, na competição Mundial de Ginástica de Anaheim, que aconteceu nos Estados Unidos.

Também nessa competição, a ginasta mudaria para sempre a história do esporte. Isso porque Daiane foi a primeira atleta a acertar, com perfeição, a acrobacia de duplo twist carpado. Graças a esse feito, o movimento foi apelidado em sua homenagem, e hoje é conhecido como “Dos Santos”.

Apesar de não ter levado para casa uma medalha Olímpica, a atleta foi diversas vezes premiada em outras competições. Atualmente, aos 41 anos, Daiane se tornou comentarista das competições de ginástica para os canais Globo e Sportv, e segue sendo uma inspiração para o esporte.

O legado de Daiane

E para as atuais ginastas que representam o Brasil, Daiane continua sendo uma grande inspiração. Rebeca Andrade, que conquistou a medalha de ouro na competição solo das Olimpíadas em Paris, relatou em entrevista o impacto que Daiane teve, ao abir portas para tantas outras atletas brasileiras e atletas negras poderem sonhar em estar nos Jogos Olímpicos.

Após se consolidar como a maior medalhista brasileira, em um pódio formado apenas com mulheres negras pela primeira vez na história da ginástica olímpica, Rebeca relatou, na sala de entrevistas coletivas, como a história de Daiane motivou a sua.

“A Dai foi uma grande referência para mim, porque era com quem eu me identificava. E é muito bom quando a gente tem referência e quando a gente tem um espelho. As meninas brigaram bastante para que hoje a gente estivesse ainda mais forte”, relatou a campeã olímpica.

Abaixo, você assiste a um clássico: Daiane dos Santos competindo na ginástica ao som de Brasileirinho, nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

Ao se arriscar, Thiago Braz conquistou recorde olímpico

Thiago Braz não conseguiu se classificar para as Olimpíadas de Paris em 2024, mas o seu nome segue sendo um dos principais do atletismo brasileiro. O atleta, que compete no salto com vara, consolidou-se como um dos maiores nomes do esporte em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, no Brasil.

Nascido no interior de São Paulo, Thiago começou a praticar o salto com vara quando ainda era criança, através do incentivo inicial de um tio. Além disso, o apoio dos seus avós, Maria do Carmo e Orlando Braz, foi essencial. Os dois foram os principais responsáveis pelo desenvolvimento do atleta olímpico, após Thiago ser abandonado pelos pais, como relatou em entrevista para o UOL.

Foi no Rio de Janeiro (RJ), no estádio do Engenhão, que Thiago conquistou o até então recorde olímpico do salto de varas. E foi apenas em 2024, em Paris, após se manter imbatível nas Olimpíadas de Tóquio, que o atleta perdeu o posto do mais alto salto com vara olímpico para o sueco Armand Duplantis.

No dia em que bateu o recorde mundial, ele competia com Renaud Lavillenie. O atleta francês, também um dos maiores do esporte, disputava a final com o brasileiro em busca do ouro.

Nos últimos momentos da competição, Renaud conseguiu saltar na marca de 5,98m de altura – era maior do que o recorde olímpico da época. O francês comemorou com confiança a possível vitória. Thiago, porém, estava decidido a permanecer firme e forte na disputa.

Vencer em casa: uma questão de honra

“Ah, não. Não acredito que você está querendo se achar dentro do nosso país”, pensou Thiago ao ver a comemoração do francês, conforme contou mais tarde em entrevista para o programa de TV Esporte Espetacular, da Globo. O atleta relembra que, nesse momento do recorde do adversário, sentiu um impulso para se arriscar e tentar ir mais alto do que jamais havia conseguido, tanto em competições quanto em treinos.

Graças à sua determinação e coragem para tentar, o brasileiro não apenas venceu o adversário, como consolidou a marca que permaneceu por tantos anos como o recorde olímpico. Ao saltar 6,03m, Thiago executou o maior salto com vara da história, até então.

Em 2023, Thiago foi temporariamente banido das competições pelo uso de uma substância que gera o aumento de massa muscular. Segundo a regra de antidoping da World Athletics, principal órgão de administração do atletismo no mundo, esse consumo é proibido.

Mesmo com o afastamento, ele recorreu à Corte Arbitral do Esporte (CAS), que lhe concedeu a chance de voltar a competir. Porém, dessa vez, o seu desempenho não foi suficiente para se classificar para os Jogos Olímpicos em Paris.

Mesmo não estando em Paris lutando por um novo recorde olímpico, a história de Thiago permanece na memória dos brasileiros como um exemplo de coragem. Relembre esse momento histórico das Olimpíadas do Rio no vídeo a seguir:

Com paciência e perseverança, a medalha de Bruno Fratus chegou

Bruno Fratus foi um dos medalhistas nas olimpíadas de Tóquio, em 2020. A vitória, porém, chegou depois de muitos anos de espera e determinação: o brasileiro competia nas Olimpíadas desde 2012.

Nascido no Nordeste, foi no município de Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, que Bruno começou a nadar. Aos 17 anos, teve a chance de partir para São Paulo e começou a se destacar em competições locais e internacionais.

Sua jornada pela medalha começou na Olimpíada de Londres, realizada em 2012. Na sua primeira participação nos Jogos Olímpicos, o atleta chegou muito perto do pódio. Ficou em quarto lugar na prova dos 50 metros nado livre, com apenas dois centésimos de diferença de César Cielo, que conquistou a medalha de bronze.

Pelo bom desempenho na prova, e por chegar tão perto da vitória, Fratus era uma das grandes esperanças das olimpíadas de 2016. Competindo no Rio de Janeiro, a torcida brasileira acreditava que, finalmente, o atleta ganharia uma medalha para o país.

Ao contrário das expectativas, porém, Bruno ficou em sexto lugar, com um tempo de prova maior do que havia conseguido atingir em 2012. E a decepção acarretou um quadro de depressão, que levou o atleta a cogitar desistir não apenas da medalha, mas também da própria vida.

“Dois meses depois do Rio, eu estava na pior depressão da minha vida, considerando sumir completamente da face da terra, se é que vocês entendem, de vez. Fui salvo pelo amor dos meus pais, fui salvo pelo amor da Michelle, fui salvo pela amizade e pelo amor do Brett (Hawke)”, contou o atleta em entrevista para o UOL.

A sua esposa, Michelle Lenhardt, tornou-se sua treinadora. Bruno agarrou-se à força que a esposa transmitia, trazendo consigo o sonho que tinha desde criança, e voltou a competir em 2020.

Depois da depressão, a superação

Em Tóquio, finalmente, conquistou sua medalha de bronze, ao ficar em terceiro lugar no pódio. Aos 32 anos, Bruno se tornou o nadador mais velho da história das Olimpíadas a conquistar a sua primeira medalha olímpica.

Em 2024, o atleta não esteve presente nas Olimpíadas de Paris. “Depois de três ciclos olímpicos seguidos – sendo os dois últimos bem atípicos –, meu corpo pediu para respirar. Com toda essa situação, surgiu a urgência de um cuidado maior comigo mesmo, tirar o atleta e a performance de foco e cuidar do ser humano por trás disso tudo”, explicou em seu Instagram.

Apesar de não estar competindo esse ano, Bratus continua sendo um exemplo de paciência e perseverança.

Assista ao vídeo e relembre o momento da medalha de bronze nas Olimpíadas de Tóquio:

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