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A importância de uma internet com acessibilidade e inclusão
A partir de agora, é posível escutar as matérias e colunas de Vida Simples (Foto: Motortion)
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A partir de agora, o portal da revista Vida Simples tem uma nova ferramenta à disposição de suas leitoras e leitores: player de áudio em todas as matérias e colunas.

Com esse recurso, leitores da Vida Simples poderão ouvir todas as matérias e colunas do site – exceto as que estão em formato PDF. Além da ferramenta de acessibilidade garantir que nosso site chegue a mais pessoas, o áudio também ajuda aquelas que querem ouvir nossos conteúdos enquanto fazem outras atividades do dia a dia.

Uma história de busca por acessibilidade

Luciane Molina é conhecida no meio digital como “Braillu”. O apelido nasceu por conta da sua forte atuação como professora de Braille, desde o começo dos anos 2000. Atualmente, Luciane é mestre em educação e consultora em audiodescrição. Sua luta é trazer, para pessoas de baixa visão, a acessibilidade que demorou tanto para chegar em sua vida.

“Aprendi a enxergar o mundo com os olhos emprestados dos meus pais, que sempre leram os materiais impressos e foram me inserindo, com suas vozes, num contexto de múltiplos repertórios imagéticos, antes mesmo da audiodescrição surgir formalmente por aqui”, relata a pedagoga.

Aos 18 anos, começou sua jornada como professora em uma escola para estudantes com deficiência visual. Para Luciane, foi nessa época que a tecnologia tomou grande dimensão em sua vida. A pedagoga entendeu a importância de recursos que trouxessem acessibilidade para dentro e fora das salas de aula.

“Associar o aprendizado do Braille às novas tecnologias podia ser inovador para a primeira década dos anos 2000. Mas era também necessário para estabelecer uma comunicação mais segura, interativa e inclusiva” relembra Luciane.

O avanço tecnológico abriu portas para Luciane

Luciane relata que, mesmo a área da educação fazendo parte do seu percurso profissional, ela só passou a pertencer completamente a esse espaço porque a Tecnologia Assistiva lhe possibilitou.

“Quando os leitores de tela e a síntese de voz começaram a despontar como recursos digitais, eu ainda dependia bastante de processos mais robustos e de olhos emprestados, já que é improvável que todo universo letrado estivesse igualmente disponível em Braille”, relembra.

Ao ter acesso aos leitores de tela, Luciane sentiu que o mundo se abriu diante de si. Depois desse avanço, a professora conseguia ter interações mais profundas com diferentes áreas do conhecimento e com outras pessoas. Com essa tecnologia, ela agora pode fazer pesquisas na internet, ter acesso a aplicativos de conversa instantânea, compor seus próprios planos de aula, e muito mais.

“Chegaram os smartphones e mais um passo gigante foi dado rumo à autonomia e à independência. Se as minhas possibilidades ampliaram-se a partir do uso de uma tecnologia inovadora e transformadora, o desenvolvimento da web ainda corre na mesma proporção. Até hoje, cada dia funciona como um marco no lançamento de novas funcionalidades para as aplicações”, aponta a pedagoga.

Tecnologia Assistiva permite uso de internet para todos

A Tecnologia Assistiva (TA) são recursos construídos para pessoas com deficiência que servem para possibilitar a autonomia de realizar as tarefas, frequentar espaços e assumir controle das próprias decisões.

A internet se tornou essencial para o trabalho e para a educação, além de ser uma importante ferramenta de entretenimento. No entanto, um mundo digital sem barreiras, onde cada pessoa tenha acesso livre às infinitas possibilidades da internet, ainda é uma utopia. Assim explica a audiodescritora Brisa Teixeira.

Segundo a especialista, que é proprietária da Tic Tag Comunicação & Educação Acessíveis, empresa de serviços na área de acessibilidade, as Tecnologias Assistivas funcionam como uma ponte que conecta pessoas com deficiência à internet, garantindo-lhes acesso à informação, por meio de uma navegação autônoma e democrática.

Brisa relembra que garantir acesso de pessoas com deficiência na internet é lei em nosso país desde 2015. A lei nº 13.146, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão, assegura o pleno acesso à informação, promovendo a inclusão e igualdade de oportunidades.

“O cumprimento da lei vai além da inclusão de pessoas com deficiência visual, traz a melhoria da experiência do usuário, a conformidade legal e o cumprimento da responsabilidade social e ética”, aponta a profissional.

Cuidados na aplicação de recursos de acessibilidade

Para garantir que a acessibilidade seja padronizada por normas que garantam sua maior eficácia, foram criadas as “Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web”. Segundo Lucas Matias Ferreira dos Santos, consultor em acessibilidade júnior na Fundação Dorina Nowill, essas normas funcionam em âmbito nacional e internacional, para auxiliar desenvolvedores e todos que trabalham em sites e aplicativos a construir um ambiente acessível.

“Além disso, é essencial incluir a avaliação dos consultores com deficiência visual em sites e plataformas para garantir que os recursos implementados estejam conforme as diretrizes de acessibilidade”, aponta Lucas. Ele complementa que, caso não tenha como realizar o teste com pessoas com deficiência visual por parte da equipe de desenvolvimento, é valioso estabelecer parcerias com empresas que possuam profissionais qualificados nessa área.

Uma web acessível traz pertencimento

Para Luciane, tecnologias de acessibilidade ajudam no seu sentimento de pertencimento. “É estar ali por completo, participar, consumir, estudar, brincar, interagir e todas as ações necessárias à nossa existência. Por isso, toda tecnologia que promove acessibilidade é muito bem-vinda”, aponta.

Luciane destaca que, com o leitor de telas, ela tem as mesmas necessidades de uso de qualquer pessoa. O que diferencia sua experiência é a dificuldade de poder concluir uma compra, uma prova, uma pesquisa ou qualquer ação livre de barreiras.

“Não sou eu que tenho que fazer um maior esforço para conseguir chegar ali, mas os espaços virtuais devem estar livres de barreiras para qualquer pessoa ter experiências equivalentes e úteis”, finaliza.

É pensando nisso que Luciana Pianaro, CEO da Vida Simples, buscou aplicar uma ferramenta de acessibilidade na plataforma. “Nosso propósito como empresa é ajudar as pessoas a viverem mais e melhor. Quanto falamos de pessoas, falamos de diversidade, de inclusão, de respeito às diferenças, de acolher a todos. Por isso, implementamos agora um áudio que vai permitir que nossa voz chegue a mais pessoas”, complementa Luciana.

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