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Clubes de leitura são espaços de trocas, aceitação e amizade
Grupos de leitura ajudam na socialização. Foto: Alexis Brown
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Dentre todas as alegrias que temos na vida, quem aprecia a leitura costuma se satisfazer ao encontrar uma pessoa desconhecida que esteja lendo a mesma obra que já leu. O encontro fica ainda mais saboroso quando é possível conversar sobre o livro e perceber semelhanças e diferenças na interpretação de um mesmo texto.

É em busca dessa satisfação que surgem clubes de leitura como o que Giovanna Maria, de 21 anos, participa. Ela é estudante de direito na Universidade de São Paulo (USP), amante de livros e criadora de conteúdo digital. Para além dos mais de 20 mil seguidores que tem no seu Instagram sobre livros, Giovanna compartilha seu hobbie em um clube de leitura.

O clube surgiu por meio de um comentário no TikTok. Em um vídeo que mostrava outro clube do livro, a Nathalia, uma das integrantes do nosso grupo, escreveu nos comentários que queria participar de uma comunidade em São Paulo (SP). “Várias meninas comentaram animadas, e começamos a combinar encontros”, lembra a estudante.

Depois de muita conversa online, o primeiro encontro presencial ocorreu em fevereiro desse ano, e contou com a participação de quatro integrantes. “Hoje somos 12 participantes ativas, mulheres de diferentes lugares de São Paulo e com personalidades muito diferentes, mas que se complementam. Tivemos muita sorte em nos encontrar”, diz Giovanna.

Ler coletivamente ajuda na socialização

Thatiana Rocha, bibliotecária no SESC de Sorocaba, organiza o clube de leitura mensal do centro cultural. Ela explica que o projeto promove uma aproximação dos participantes.

“A gente percebe que muitas pessoas chegam ao clube sem ter muitos vínculos. Deixaram o emprego ou saíram da pandemia e perderam o contato com outras pessoas. No grupo, os membros têm mais ou menos as mesmas afinidades, leem as mesmas coisas, tem os mesmos gostos. Isso cria uma identificação”, explica.

Após os encontros, o grupo segue unido para tomar um café e continuar a conversa. “Acaba o clube e a gente vai tomar um cafezinho, que também é uma forma de manter esse vínculo.”

De acordo com ela, o clube do livro do SESC é uma forma de inserir pessoas solitárias em círculos sociais maiores e mais diversos. “Temos no grupo, por exemplo, muitas pessoas idosas que vão porque estão fora do mercado de trabalho e com poucas relações sociais”, relata Thatiana.

Giovanna também se sente beneficiada por fazer amizades por meio das leituras. Ela relata que o clube a ajudou muito na construção de sua socialização. “Eu sempre senti muita dificuldade em fazer novas amizades, desde pequena. Isso piorou muito com a vida adulta e com a pandemia”, explica.

A estudante e suas companheiras de leitura costumam se encontrar todo mês em algum café aconchegante, um restaurante que tenha um tema que remete ao livro da vez, ou na casa de alguma integrante.

Além disso, a amizade do clube floresceu para além das discussões literárias, e hoje as mulheres fazem diversas outras atividades juntas. “Vamos ao cinema, shows, eventos, ao teatro”, relembra a estudante.

Novas formas de enxergar a leitura

Além das amizades que nascem do amor compartilhado pelos livros, os clubes de leitura ajudam a abrir novas interpretações de uma obra, além de se permitir ler livros fora da própria zona de conforto.

“Ler em coletivo nos ajuda a conhecer novas obras e autores, pois cada integrante do clube tem um gosto diferente. Algumas amam livros de romance, outras de fantasia e outras de mistério. Cada uma tem um gênero literário e um autor favorito, então sempre podemos indicar coisas novas, uma vez que as outras provavelmente não leram ainda” conta Giovanna, que com seu grupo busca explorar novos cantos da literatura, diversificando ao máximo a leitura.

Victoria Roman, ilustradora e jornalista, também faz parte de um clube de livros que surgiu pelo TikTok. Ela relata sobre a diversidade de escolhas das obras e como isso a ajuda a explorar novos livros. “Não tem uma regra fixa para a escolha do livro. Já escolhemos por gênero, por autores nacionais, por ser uma novidade do mundo literário ou apenas por serem livros que queríamos muito ler”, explica a jovem.

Além disso, ela ressalta o desafio dez sair da sua zona de conforto quando alguém propõe um livro que ela jamais escolheria e decide dá-lo uma chance. “Pode ser que você não goste, mas pode ser que ame”, diz.

Aprendendo a lidar com diversas opiniões

Apesar de o livro lido ser o mesmo, as percepções de cada participante serão diferentes. Giovanna explica como essa troca ajuda a pensar de forma crítica e, ao mesmo tempo, respeitar outras visões.

“Até agora, tivemos poucas opiniões unânimes no nosso clube de leitura. Na maioria das vezes, temos opiniões e notas divergentes para os livros que lemos em conjunto. Para mim, essa troca é uma das partes mais legais. Podemos ser honestas umas com as outras, já que é um ambiente seguro e todas as opiniões são respeitadas”,

aponta a estudante Giovanna Maria, revelando o aprendizado por trás de um clube de leitura.

Victoria complementa que conhecer novas visões amplia seu repertório crítico. “Ouvir outras pessoas faz com que a nossa opinião sobre uma leitura se torne mais crítica. Algo que passou despercebido por você pode ser sinalizado por outra pessoa, e isso amplia a nossa percepção do livro”, aponta a jovem.

Apesar das visões diferentes, ela reitera que sua amizade com o grupo é forte. “O fato é que a leitura nos conectou bastante, mas também temos muitos gostos parecidos. Digamos que o algoritmo nos conectou com as pessoas certas”, diz.

Como fazer parte de um clube de leitura

Para quem também busca fazer parte de um clube de leitura, o SESC disponibiliza seu espaço, em diversas cidades do Brasil, para grupos que discutem literatura.

Confira algumas das unidades que participam do projeto em Santa Catarina no site do SESC, ou entre em contato com o SESC do seu estado, para conferir os clubes mais próximos de você.

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