Quando o grupo é parte da cura: sete filmes sobre vínculos
Confira produções que falam sobre escuta e cura coletiva para lembrar que o poder terapêutico de grupos também é uma forma de se reconstruir
Nem sempre dá para resolver tudo sozinho e precisamos aceitar isso. Às vezes, o que a gente mais precisa não é de uma solução imediata, mas de um grupo disposto a escutar, acolher e caminhar junto. É curioso como, mesmo em histórias tão diferentes, há algo em comum quando pessoas se reúnem: uma espécie de mágica que transforma o individual em coletivo e o caos em reconexão.
Seja numa sala de aula ou em um grupo de apoio, os filmes que selecionamos mostram o poder que existe no simples ato de estar com o outro. São histórias que falam de companheirismo, recomeços e do afeto que nasce quando abrimos espaço para o outro existir com tudo o que é — inclusive as partes quebradas.
A seguir, sete filmes de grupos de apoio para quem acredita (ou quer voltar a acreditar) que, quando compartilhada, a dor pesa menos e que o grupo, mesmo imperfeito, pode ser um bom lugar para recomeçar.
“Sing Sing” (2024)
(Divulgação) Sing Sing foi baseado em história real e indicado ao Oscar 2025
Imagine um lugar onde a criatividade é a única liberdade possível. É nesse cenário que “Sing Sing” acontece: dentro da prisão de segurança máxima em Nova York, homens privados de liberdade encontram na arte a chave para a humanidade que lhes resta.
Baseado em uma história real, “Sing Sing” é um daqueles filmes que tocam fundo e nos fazem lembrar da força que existe nos laços humanos. O longa narra a trajetória de Divine G, um homem preso injustamente que encontra na arte e especialmente no grupo de teatro formado dentro da penitenciária um caminho possível de reconciliação com a própria história.
Ali, entre detentos e grades, surge um espaço de escuta e criação. O teatro, nesse contexto, deixa de ser apenas performance: vira abrigo. À medida que os integrantes se aproximam, compartilham dores e gargalhadas, eles decidem montar sua primeira peça cômica.
“Campeões” (2023)
(Divulgação) Com Woody Harrelson como protagonista, ‘Campeões’ mostra que é possível olhar o outro com mais empatia e menos julgamento
Tem coisa que não se ensina num quadro tático. Como, por exemplo, escutar com o coração, rir de si mesmo ou jogar pela alegria de estar junto. Marcus, um técnico de basquete acostumado com cobranças duras e vitórias a qualquer custo, descobre isso do jeito mais improvável: treinando um time de jogadores com deficiência intelectual, como parte de um serviço comunitário.
Aos poucos, esse grupo cheio de energia vai desmontando suas defesas. O que poderia ser só uma tarefa forçada vira um exercício de afeto e muito aprendizado fora das quatro linhas. “Campeões” é um daqueles filmes que lembram que ninguém precisa ser perfeito para fazer parte. Com aquela pitada de humor e situações que comovem, o longa mostra como os vínculos podem nascer dos lugares mais inesperados — e o quanto somos transformados quando passamos a olhar o outro com menos julgamento e mais curiosidade.
“Um banho de vida” (2019)
(Divulgação) Longa francês mostra que às vezes podemos encontrar um resgate de autoestima nos lugares mais inesperados
Às vezes, a vida perde o compasso. A rotina pesa, os dias se embaralham e a gente se sente meio à deriva, procurando algum ponto de apoio. Foi justamente nesse momento que um grupo de homens, cada um enfrentando suas próprias crises silenciosas, se encontrou não em uma terapia convencional, mas em uma piscina.
Em “Um banho de vida” , o nado sincronizado vira pano de fundo para histórias de fracassos, recomeços improváveis e afetos inesperados. A graça do filme francês está em ver homens que, à primeira vista, têm pouco em comum, dividindo o espaço na água, mas também seus medos, angústias e vulnerabilidades. A cada ensaio atrapalhado, nasce uma cumplicidade que escapa do esporte e alcança o cuidado genuíno — daquele que não julga e que segura a barra quando ela fica pesada demais.
“Colcha de retalhos” (1995)
(Divulgação) Dirigido por Jocelyn Moorhouse, filme relata como conviver com diferentes gerações pode te levar a outros direcionamentos da vida
Tem fases da vida em que tudo parece meio frouxo, meio desajustado. Para Finn (Winona Ryder), esse momento chega às vésperas do casamento, quando decide passar um tempo com a avó e suas amigas, um grupo de mulheres que se reúne para costurar, mas também para lembrar, rir, chorar e aconselhar sobre a vida.
Cada retalho da colcha que estão fazendo carrega uma história, e o que poderia ser apenas passatempo vira uma verdadeira tapeçaria emocional, entrelaçando memórias de amores perdidos, paixões vividas e escolhas difíceis. Finn, ouvindo essas histórias tão diferentes das suas, começa a enxergar com mais clareza o que sente e o que realmente quer.
“Terapia do sexo” (2013)
(Divulgação) ‘Terapia do Sexo’ convida a refletir sobre intimidade, repressão e o desejo de (re)descobrir o próprio prazer
Colecionar selos? Problemas? Isso é de praxe para alguns. Agora colecionar recaídas? Em “Terapia do Sexo”, acompanhamos um grupo de pessoas que tenta, cada um a seu modo, lidar com o vício em sexo. Mas o que poderia ser apenas um drama cheio de tensão vira uma comédia agridoce, cheia de humanidade, escorregões e descobertas.
Entre reuniões de grupo e desabafos sinceros, vemos personagens como Adam, Mike, Dede e Neil tentando equilibrar as próprias dores enquanto aprendem a oferecer o ombro ou, às vezes, uma boa bronca aos outros. Juntos, eles fazem uma terapia de 12 passos contra essa dependência e compartilha em grupo seus desafios e confusões sobre o que está passando. Ninguém sai ileso, mas todo mundo cresce um pouco.
“Sociedade dos poetas mortos” (1990)
(Divulgação) Clássico inesquecível de Robin Williams, o longa se tornou o quinto filme de maior bilheteria de 1989
Se você já teve um professor que mudou sua vida, este filme é para você. Na Welton Academy, uma escola tradicional e rígida, a chegada do novo professor de literatura, vira o mundo dos alunos de cabeça para baixo. Com métodos pouco convencionais, John Keating incentiva seus alunos a pensarem por si mesmos, a questionarem as normas e a encontrarem suas próprias vozes.
Um grupo secreto onde os alunos compartilham poesias e reflexões, encontram um espaço seguro para expressar seus sentimentos e sonhos. É nesse coletivo que eles aprendem sobre empatia, coragem, propósito e o poder transformador da palavra.
“O mínimo para viver” (2020)
(Divulgação) Inspirado em experiências reais da diretora Marti Noxon, o grupo terapêutico não é só cenário, mas uma ferramenta de cura e afeto
Ellen, aos 20 anos, conhece cada caloria como quem decora senhas dos bancos. Seu dia a dia é baseado em abdominais compulsivos e refeições evitadas. Após diversas tentativas de tratamento, ela é encaminhada para uma clínica não convencional, onde encontra o Dr. Beckham, um médico que propõe uma abordagem diferente. Lá, Ellen encontra outros jovens que enfrentam desafios semelhantes e, juntos, embarcam em uma jornada de autodescoberta, apoio mútuo e a importância de estender a mão ao próximo.
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