No trabalho, nas universidades, nos esportes ou no comércio, as mulheres estão presentes em diferentes lugares, ocupando distintas posições e cargos. Mas nem sempre foi assim, há menos de 100 anos elas sequer tinham direito ao voto aqui no Brasil.
Foi a partir de diversos esforços – como a construção de coletivos e organizações feministas – que as mulheres, aos poucos, começaram a se emancipar ao redor do mundo. Ainda assim, o cenário não é um dos mais otimistas. Aqui no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 34,7% dos cargos gerenciais eram comandados por mulheres em 2021 e, dentro desse grupo, elas recebiam salário menor, comparado ao dos homens ocupando as mesmas posições (representava 61,9% do que eles recebem).
A origem da data
Com a necessidade do debate em torno dos mesmos direitos, o Congresso dos Estados Unidos aprovou, no ano de 1973, o dia 26 de agosto como a data para o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A escolha não foi por acaso, isso porque 53 anos antes a 19° emenda passou a permitir às mulheres o direito ao voto.
No Brasil, esse direito foi conquistado em 1934, mas só se tornou obrigatório em 1946. E mesmo depois de tantas décadas, a desigualdade ainda é preponderante, já que de acordo com o Fórum Econômico Mundial, em uma pesquisa de 2019, o país ocupava a 92° posição no ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres num universo de 153 países.
Para contribuir com mudanças neste cenário, há diversas organizações e mulheres comprometidas na luta por mais igualdade feminina e acesso aos mesmos direitos. Selecionamos cinco delas e compartilhamos suas histórias e conquistas.
Sueli Carneiro
Sueli Carneiro é uma das principais intelectuais e militantes brasileiras quando o assunto é feminismo negro, racismo e cotas raciais. Nascida em 24 de junho de 1950, a filósofa, escritora e doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) possui inúmeros livros, artigos e ensaios publicados no país e fora dele.
Ela é fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, a primeira organização negra e feminista de São Paulo, que atua desde o ano de 1988. Já em 1985, lança seu primeiro livro, Mulher Negra, onde aborda questões de gênero, classe e raça para compreender essas relações à luz da realidade brasileira.
Sabrina Fernandes
Sabrina Fernandes é doutora em Sociologia, com especialização em Economia Política, pela Carleton University, no Canadá. Além de estudar e viver o contexto da esquerda brasileira, é especialista em teoria marxista, estudos feministas e sociologia ambiental.
Atualmente, ela é pesquisadora pós-doutoranda do Grupo Internacional de Pesquisa sobre Autoritarismo e Contra-estratégias (IRGAC) da Rosa Luxemburg Stiftung em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de Brasília. Sabrina coordenada ainda o canal de divulgação científica Tese Onze, onde faz análises sobre economia, crise climática, eleições e outras questões sociais.
Marília Moschkovich
Marília Moschkovich é uma cientista social, ou, como se define, socióloga e antropóloga que estuda e pesquisa, além de ser uma ativista na área de gênero, feminismo e direitos reprodutivos. Suas passagens pela universidade contam com um mestrado na área de Sociologia da Educação e Estudos de Gênero e um doutorado em Sociologia do Conhecimento, todos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Além disso, ela ainda trabalhou na Universidad Nacional de Córdoba (Argentina) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) em Paris, na França. Também foi bolsista do German Chancelor Fellowship for Tomorrow’s Leaders e trabalhou junto ao Berlin Feminist Film Week.
Marília tem passagens ainda por diversas ONGS nacionais e internacionais na área de direitos das mulheres e promoção da igualdade feminina, além de organizações e movimentos sociais no Brasil que atuam na área.
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Tiffany Abreu
Tiffany Abreu se tornou conhecida por ser a primeira transexual a participar como jogadora da Superliga de vôlei em dezembro de 2017. Natural do Pará, a atleta já atuou em times de diversos países do mundo, mas retornou ao Brasil após uma proposta do Vôlei Bauru, embora hoje esteja no time do Osasco.
Vinda de um contexto com problemas financeiros, Tiffany enxergou no vôlei uma das possibilidades de realizar seus sonhos e se realizar profissionalmente. Foi nesse momento em que saiu de casa e passou a construiu uma carreira no esporte, apesar dos preconceitos e desafios encontrados ao longo desse percurso.
Em uma entrevista para o UOL Esporte, ela afirmou que sempre acreditou “que esporte e educação devem andar de mãos dadas. Não falo somente do esporte. Falo de esporte e cultura. No esporte, a gente não vê diferença de cor, de raça, de classe social. Todos somos iguais e todos estamos lutando pelo ponto. Então temos que nos unir para isso.”
Flávia Oliveira
Se você gosta de jornalismo na TV, já deve ter assistido ou ouvido a jornalista Flávia Oliveira. Formada na Universidade Federal Fluminense (UFF), a carioca iniciou sua carreira ainda no ano de 1992 como repórter no antigo Jornal do Commercio.
Hoje, além de atuar como comentarista para a GloboNews, ela é colunista no jornal O Globo e na rádio CBN Rio de Janeiro, além de produzir um podcast com a sua filha, Bela Reis, o Angu de Grilo. Nascida na periferia da segunda maior cidade do país, Flávia também se destaca como uma das principais jornalistas negras do Brasil, mas também pelos inúmeros prêmios conquistados pela sua competência, como o Esso, o Fiat Allis de Jornalismo Econômico e o Imprensa Embratel.
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