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Eu, a Angelina Jolie e o Gilberto Gil
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Quando desapegamos do raciocínio binário, os personagens mais improváveis da sétima arte podem nos ensinar muito sobre o viver

 

Inegavelmente, sempre tive medo de ir ao cinema sozinho. Cresci acreditando no inverso daquele ditado, o “antes só do que mal acompanhado” – família grande, amigos da escola, amigos da faculdade, amigos dos amigos, da Barra, do Leblon, de uma vida inteira. Até o dia em que resolvi, enfim, ir ao Lagoon para assistir “Malévola” (sempre me interessei muito mais pelos vilões do que pelos mocinhos).

Era uma sexta-feira, em 2015, se não me engano. Pensei que se fosse pela tarde não haveria muitas pessoas – e ninguém conhecido. Fui com muito medo, mas fui. Lembro de olhar para os lados com a finalidade de achar que todos me julgavam simplesmente por estar só. Que bobagem.

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Saí daquela sala completamente fascinado, como se fosse a primeira vez a ver um filme. Mas, era por estar sozinho. Por estar feliz. E por estar feliz sozinho. Por descobrir que isso é possível. Por abraçar minha inclinação infantil para ter dó dos vilões. Eu estava certo. Ninguém é totalmente bom da mesma forma que ninguém totalmente mal. Ainda bem. Minhas angústias diminuíram pela metade. Menos cinco anos de terapia. Obrigado, Angelina Jolie.

O que importa é o presente

Depois daquela tarde muitas outras vieram. Com mais confiança e coragem, é claro, o que acabou trazendo até mesmo as noites para a parada. E os sábados e domingos também. Capitão Fantástico, Hebe, Fanny e Alexander, Coringa, Três Anúncios Para Um Crime, Tinta Bruta, La La Land, Como Nossos Pais… A lista é longa.

A cada sessão, um novo compartimento que se abria dentro de mim e que não fechei até hoje. Em cada filme tenho alguma coisa na minha vida. De cada ator. De cada diálogo. E de cada cena. E nem sempre é só no campo do subjetivo: semana passada, em uma festa, percebi o quanto eu danço parecido com a Keira Knightley em Begin Again – meu filme preferido.

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Dito isto, nunca fui de dar audiência para as críticas cinematográficas. Ao contrário: minha essência ariana sempre me impulsionou a amar o que odiavam. O que nem sempre deu muito certo, é claro, mas sigo tentando… E, por isso, é extremamente difícil o que tenho para falar: fui levado, por meia dúzia de pessoas, a não assistir a sequência de Malévola, “Dona do Mal”.

Confesso que esse subtítulo me deixou, de antemão, com um pouco de receio. Como é que a vilã que ressignificou o sentido da dualidade temática dos contos de fada me aparece, agora, como a dona do mal? Não dei uma segunda chance a Angelina. Caí dentro da mesma dualidade a qual sempre questionei. Hoje, vejo o quão sem lógica foi essa minha atitude.

Bom é bom e mal é mal?

O tempo passou e o filme já saiu das salas de cinema – o que me deixa um pouco triste, admito. Sou fã assumido deste programa centenário, necessário e – infelizmente – muito caro. Mas tudo bem, o que passou, passou. O que importa é o presente, já cantava Gilberto Gil. O filme tá aí para ser visto. E, principalmente, enquanto acreditarem que o bom é bom e que o mal é mal.

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