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Sofreu uma rejeição? Veja como diminuir a dor do coração partido
Nik Shuliahin
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A dor no peito parece ser lancinante, incurável. O estômago se revira diante do nervosismo que resiste ao tempo. As dores de uma rejeição amorosa não são brincadeira, nos afetam bem mais do que gostaríamos e se somam à saudade da pessoa amada. Pode até não ter sido proveitoso, mas as lembranças dos bons momentos parecem se sobrepor a qualquer ônus. Por isso, superar o luto do fim de um relacionamento está nas listas das coisas mais difíceis e persistentes na vida emocional. Por outro lado, há estratégias e caminhos que ajudam a amenizar a dor, embora ela seja bastante particular e dependa de diversas circunstâncias.

Para uns, o término de um relacionamento se resume a sair para festas, conhecer pessoas, ficar bêbado, transar com desconhecidos e viver a “solteirice”. Para outros, reclusão, angústia, medo, arrependimento e solidão. A longo prazo, nenhum dos caminhos parece ser o mais saudável para curar um coração partido, já que não se busca resolver de forma segura e saudável um momento da vida que, provavelmente, todos irão vivenciar.

Também é irresistível recorrer a coisas que nossos amigos e familiares nos proíbem. Ligar para o ex, implorar, pedir para voltar e manter o antigo companheiro presente na vida, mesmo que ele não queira. “As pessoas se diminuem, se deterioram, se machucam muito nesse processo de rejeição. É como se, depois de serem rejeitadas por alguém, não valessem mais nada”, explica Rafael Cobra, psicanalista e especialista em relacionamentos.

Para ele, é comum que cada pessoa determine o próprio valor a partir do desejo de um parceiro. Assim, uma rejeição traz sentimentos de desvalorização ou de que ninguém mais poderá nos amar. Mas o caminho não é bem esse. “Aquela pessoa não quer você, assim como você não quis alguém ou algumas pessoas na sua vida, e isso não determina valor”, esclarece. 

Como seguir em frente depois de uma rejeição?

Uma pesquisa publicada na revista científica Journal of Experimental Psychology avaliou a eficácia de três estratégias para lidar com términos: pensar negativamente sobre o ex; aceitar seu amor pelo ex; e se distrair pensando em coisas boas que não têm nada a ver com o ex. Embora nenhuma delas tenha caráter resolutivo, em conjunto, podem contribuir para reduzir as respostas emocionais negativas.

Para Bárbara Bastos, sexóloga clínica e educacional, há algumas estratégias que nos ajudam a passar pelo luto do término do relacionamento ou por uma rejeição dolorosa. Isso inclui:

  1. Bloquear o ex-parceiro nas redes sociais, se isso te traz dor, assim como excluir fotos ou comentários;
  2. Tentar não frequentar os mesmos locais;
  3. Focar em atividades do próprio interesse, como hobbies e exercícios físicos. Eles ajudam a liberar os chamados “hormônios da felicidade” e melhoram o humor, a libido e a disposição para viver;
  4. Buscar ajuda psicológica e profissional;
  5. Reservar um momento para viver o luto, como uma folga do trabalho ou férias antecipadas.

A especialista explica que o afastamento é necessário para não haver lembranças ou se aproximar de alguém que decidiu se ficar distante de você. Além disso, é preciso romper com os sentimentos comuns, como sempre relembrar os momentos especiais, ainda mais quando isso envolve alguém que te fez mal. “Ninguém precisa de uma parceria que não a deseja e que prefere não a ter por perto”, crava a sexóloga. 

“É necessário saber do seu valor e construir uma boa autoestima para não insistir em uma relação que não faz mais sentido para os dois lados.”

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Por que a rejeição dói tanto?

A dor de uma rejeição amorosa ou o término de um relacionamento é tão doloroso quanto outras perdas. Isso se explica porque as áreas responsáveis pela dor física são ativadas no cérebro da mesma forma como se você estivesse sentindo uma dor real no corpo. Da mesma forma, afloram sentimentos de abstinência que se associam às memórias da relação.

Para Rafael Cobra, isso acontece porque, geralmente, sentimos falta do que foi bom, das frases carinhosas, dos beijos ou das relações sexuais. “Mas, se isso não foi suficiente para manter a relação, precisamos nos esforçar para sermos racionais, lembrarmos as situações que não eram boas e os motivos que provocaram o término.”

Nos momentos de dores, segundo o especialista, há uma tendência em nos diminuirmos ou nos sentirmos menores. O exercício que devemos fazer neste momento é lembrar o contrário, entender que somos valiosos e outras pessoas podem partilhar a vida ao nosso lado. “Esquecer é um movimento involuntário. A gente não aperta um botão e esquece algo ou alguém, mas precisamos gerar novos movimentos na vida para que o passado fique realmente para trás”, destaca o especialista.

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“Zona de esforço”

Ter uma rede de apoio ao seu lado é importante para superar a rejeição ou o término de uma relação. Amigos, familiares e colegas de trabalho podem te auxiliar. “Os amigos são essenciais nesse momento, já que estar com pessoas agradáveis, quando posso tirar o foco da perda, é uma boa dica para aliviar o sintoma”, explica Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C. “A família pode ajudar como suporte de segurança, como se a pessoa não se sentisse sozinha e num vazio profundo”, acrescenta.

Além disso, Rafael Cobra destaca que é preciso buscar a companhia de pessoas que nos tirem da zona de conforto e nos colocam na “zona de esforço“. “Ninguém cresce com validação em todos os momentos. Ninguém cresce cercado só de gente que concorda com tudo que falamos”, diz. Nesses momentos, o psicanalista recomenda ainda que é necessário se aproximar mais do racional do que das atitudes emocionais. “Quando você coloca razão na dor, por mais que seja difícil, você consegue seguir em frente”, diz. 

Para curar as feridas da rejeição

Não é possível apressar o surgimento do amor, e, infelizmente, o processo de superação após o término de um relacionamento também não pode ser abreviado. De acordo com as pesquisas científicas, são necessários aproximadamente três meses (ou 11 semanas) para que alguém comece a sentir emoções mais positivas em relação a uma separação. Mas isso não é exatamente uma regra.

Há pessoas que levam mais tempo, outras menos, embora o importante seja vivenciar esse período, por mais doloroso que seja, com as estratégias possíveis diante de você. “É importante aceitar que está vivendo essa perda, mesmo sendo difícil. Além disso, precisamos entender que existe essa fase do luto e do término, ainda mais quando há o sentimento de rejeição”, explica Bárbara Bastos. 

Depois de um término traumático, uma traição ou rejeição, ainda há muita vida para viver. Muita gente para conhecer, muitos feitos para realizar. Muitas vezes, um término é exatamente o que você precisa para encontrar a felicidade. “Não temos que lutar por um relacionamento, a gente tem que lutar pela nossa felicidade“, conclui o psicanalista Rafael Cobra.

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