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Pensamentos intrusivos são perigosos? Veja como lidar com eles
Rebe Pascual -Unsplash
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Um dia você está em uma varanda apreciando o horizonte e imagina que um objeto, seu celular, por exemplo, cai das mãos e se espatifa no chão. Ou está dirigindo e de repente se imagina fazendo uma curva e caindo de um penhasco. Pensamentos assim podem causar estranheza ou incômodo, mas eles são mais comuns do que se imagina. São conhecidos como “pensamentos intrusivos” e a presença deles nem sempre significa que há algo errado com você.

Esse tipo de pensamento surge no formato de uma ideia ou palavra de maneira espontânea e indesejada na mente. No geral, eles causam estranheza e estão distantes dos valores da pessoa. Como explica Jessica Beadel, psicóloga clínica à revista Time, os pensamentos intrusivos são tipicamente violentos, sexuais ou blasfemos. “Pode ser qualquer coisa que uma pessoa considere repugnante ou incongruente com seus valores e crenças”, afirma.

O que são pensamentos intrusivos?

O psiquiatra e pesquisador da equipe de saúde mental do Instituto Ame sua Mente, Gustavo Estanislau, explica que os pensamentos intrusivos são aqueles “pensamentos, imagens ou palavras que surgem na nossa cabeça de tempos em tempos de uma forma indesejada”. Eles causam desconforto e, de uma maneira em geral, quando a pessoa tenta deixar de pensar sobre eles, eles tendem a não ir embora. Muitas vezes, até aumentam de intensidade, segundo o especialista.

A maioria das pessoas tem esses tipos de pensamento, mas, em algumas, eles aparecem com maior intensidade e de uma forma que causa mais angústia. “Um exemplo é quando a gente acorda de manhã e começa a cantar uma música, geralmente uma chata, sem parar. Esse é um exemplo clássico de pensamento intrusivo”, explica o psiquiatra.

Imagens ameaçadoras que surgem à mente

Mas, há diferentes tipos de pensamentos intrusivos. Podem surgir como o receio de ter um dia ruim ou de se contaminar com alguma coisa e ficar doente.

“Algumas pessoas imaginam que vão pular quando estão em um lugar alto ou que vão vomitar na frente de uma pessoa que gostam, ou vem o pensamento de que podem acabar beijando uma pessoa num momento completamente inadequado”, diz o médico.

Como os pensamentos intrusivos são construídos?

Boa parte desses intrusos estão ligados a algum medo. É normal que esses pensamentos indesejados ocorram eventualmente e basta ignorar que logo eles vão embora. Entender que não é real é a melhor forma de lidar com a situação.

Gustavo Estanislau explica que esses pensamentos, geralmente, são associados a algum nível prejudicial de ansiedade ou estresse. Quando a pessoa passa a ficar mais estressada, mais ansiosa, ela tende a ter mais pensamentos intrusivos.

“O pensamento intrusivo é parte de outros transtornos psiquiátricos, como em casos de transtornos de ansiedade ou um transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo.”

Quando um pensamento intrusivo passa a ser perigoso?

O sinal de alerta deve acender quando esses pensamentos são recorrentes e geram outros pensamentos negativos. É comum que isso aconteça com pessoas que tenham TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.

Nesses casos, esse tipo de pensamento pode gerar angústia ou preocupação e até atrapalhar o dia a dia. Assim, é hora de buscar um psicólogo. Ana Paula Pissarra, neuropsicóloga, observa que em casos de “ansiedade extrema, que gera medo e inconstância do comportamento, esses pensamentos podem passar a dominar a pessoa de tal forma, que a impedem de viver a vida naturalmente”. Como destaca Estanislau, é preciso buscar tratamento quando esses pensamentos provocam grande incômodo, geram angústia e causam prejuízo.

Adolescência e pensamentos intrusivos

Estanislau destaca que muitas vezes os pensamentos intrusivos começam na pré-adolescência, fase em que há uma confusão entre o que é um pensamento intrusivo e uma vontade. “Isso pode gerar muito desconforto, muito sofrimento. Há pessoas que acreditam, por exemplo, que podem pular de algum lugar. Um menino pode ter o pensamento de que ele vai beijar a mãe a qualquer momento. O problema é que vem essa imagem na cabeça e a criança começa a ficar super angustiada acreditando que essa é sua vontade, mas, na verdade, é apenas um pensamento intrusivo.”

“Quando as pessoas se dão conta que esses pensamentos são comuns, que independem da nossa vontade, se sentem aliviadas“, diz o psiquiatra.

O recomendado é fazer terapia para saber diferenciar o que é um pensamento intrusivo de um desejo real. “O profissional vai ajudar a entender se esses pensamentos estão realmente associados a outras questões de saúde mental. Independente da idade, além da terapia, vale fazer meditação e mudar a rotina. É sempre positivo buscar uma vida mais distante do estresse”, complementa.

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Tipos de pensamento intrusivo

A neuropsicóloga Ana Paula Pissarra destaca que pensamentos de cunho sexual aversivo, situações mórbidas, contravenções, agressividade extrema (tortura entre outros), coisas que a própria pessoa não tem o intuito de fazer ou de viver, são exemplos de tipos de pensamento intrusivo.

A especialista aponta que se os pensamentos forem recorrentes e os sintomas persistirem por pelo menos dois meses, causando prejuízos à vida da pessoa é preciso procurar um psicólogo e, se persistir, um psiquiatra, para se verificar a necessidade de tratamento.

Entre os tipos de pensamento destacados estão:

Agressivos: sugerem algum ato violento contra alguém querido, próximo ou mesmo desconhecido;

Obsessivos: são pensamentos desagradáveis e constantes.

Negativos: a pessoa imagina cenários negativos com relação a determinadas situações que não aconteceram e que podem vir a não acontecer. Esse tipo de pensamento intrusivo pode levar à ansiedade.

Sexual: pensamentos sexuais que podem trazer constrangimento e vergonha, principalmente quando se choca com crenças e valores.

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