Como anda a batida do seu coração?
Somos uma complexa engrenagem entre corpo e mente que precisa de sincronia para funcionar corretamente
Somos uma complexa engrenagem entre corpo e mente que precisa de sincronia para funcionar corretamente
CONTEÚDO DE MARCA (MERCK)
Essa semana, entre a entrega de um trabalho e outro, me peguei cantarolando Vinícius de Moraes pela casa: “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração”.
A verdade é que encontrar essa luz no coração não tem sido muito fácil. Vivendo em tempos tão insólitos, tendo de lidar com o adoecimento de pessoas queridas, sabendo das tantas famílias desalentadas com suas perdas – sejam afetivas ou financeiras –, atolados no caos dos afazeres diários, que dividem nossa atenção, em um mesmo ambiente, sem pausa, entre trabalho, casa e filhos, encontrar a alegria tem sido um desafio para muitas pessoas.
Então, quando a tristeza aperta o peito, a visão da minha avó dizendo “isso ainda me mata do coração”, me pareceu muito realista. Será mesmo possível “morrer do coração” por tristeza? Foi essa pergunta que fiz ao Dr. Luciano Drager, professor-Doutor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Médico Assistente da Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor-HC), e sua resposta foi taxativa: “sim”.
É possível morrer do coração por tristeza
É claro que não estamos falando de uma tristeza transitória, aquela que ocorre pontualmente e vai embora, mas de quem tem uma tristeza crônica, que traz um sentimento de vazio, de uma vida insatisfatória, incompleta e sem sentido. “Normalmente, essa tristeza é reflexo de quadros mentais como ansiedade e depressão. Existem estudos mostrando que ter a depressão como substrato para a tristeza, por exemplo, aumenta as chances de doenças cardiovasculares associadas e, inclusive, pode contribuir para o mau desfecho da doença”, conta o Dr. Luciano Drager.
Em outras palavras, é indissociável o problema orgânico do contexto da saúde mental. O ser humano é complexo. Não somos apenas um corpo, mas uma pessoa que pensa, reflete, sente, interage com o ambiente e, obviamente, esse mecanismo é preponderante na determinação da doença.
Hoje, 29 de setembro, é celebrado o Dia Mundial do Coração. As doenças cardiovasculares são a primeira causa de mortalidade no mundo, ou seja, mais pessoas morrem, anualmente, por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Pesquisa recente da American Heart Association Journal demonstrou que o estresse pode piorar o quadro de doenças do coração. Com a pandemia, sentimentos como estresse e saudade estão mais frequentes e em maiores proporções do que antigamente. Sendo assim, é preciso ter um cuidado contínuo, desde cedo, com a saúde cardiovascular.
Cuide bem do seu coração
Sabe aquela história de uma pessoa bem de saúde e que, um belo dia, tem uma discussão enorme com o vizinho, coloca a mão no peito e enfarta? Pois bem, essa pessoa já possui em suas artérias o que os médicos chamam de “substrato”, ou seja, já existia um entupimento arterial que estava à espera de um momento de bastante estresse para o corpo para desencadear a doença.
Vale o mesmo para o momento em que vivemos. Em pessoas predispostas a ter a doença cardiovascular, a pandemia serve como um gatilho, que atua por meio dos distúrbios do sono, da ansiedade, da depressão e de altos níveis de estresse.
O xis da questão está no fato de que grande parte da população não sabe a quantas anda a sua saúde. Boa parte das doenças do coração – inclusive as fatais – ocorrem em virtude de doenças que não dão sintomas habitualmente, como hipertensão, diabetes e colesterol alto.
Previnir é o melhor remédio
Para cuidar bem do coração, a palavra de ordem é prevenção. “Infelizmente, falta um controle adequado dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares que são hipertensão, colesterol alto, diabetes, sedentarismo e tabagismo”, explica o Dr. Luciano Drager.
Então, para melhorar esse quadro em que as doenças cardiovasculares figuram o topo da lista de morte mundial, é preciso conscientizar a população da necessidade de fazer prevenção. “Além da conscientização, é importante que as pessoas tenham acesso à prevenção. Então, passa também por uma questão de política pública de saúde, especialmente para 75% da população que depende exclusivamente do SUS”, completa o médico.
Acesso à prevenção, orientação à população sobre os fatores de risco (hipertensão, tabagismo, sedentarismo, diabetes, colesterol alto), campanhas nutricionais sobre a redução no consumo de sal e açúcar, além da diminuição de alimentos industrializados na dieta, tudo isso feito de forma conjunta, são ações de políticas públicas de saúde para prevenção das doenças cardiovasculares. Somado a essas ações, as novas medicações para o diabetes e o combate ao colesterol, além do avanço no tratamento da hipertensão são fundamentais. No entanto, segundo o Dr. Luciano, a taxa de controle dessas condições ainda está muito aquém do desejado. E esse descontrole, assim como a falta de adesão ao tratamento a longo prazo, contribui muito para o surgimento das doenças cardiovasculares.
Atente-se:
a maioria dos quadros que levam a um evento fatal do ponto de vista cardiovascular são doenças que usualmente não dão sintomas e são essas doenças silenciosas – especialmente a hipertensão – as causas principais de infarto, além disso, se não tratada, a hipertensão pode evoluir para um quadro de insuficiência cardíaca, via final das doenças cardiovasculares. “Como fator de risco isolado, o mal controle da pressão é responsável pela maior parte dos quadros de mortalidade por doença cardiovascular”, finaliza o Dr. Luciano Drager.
Por favor, cuide bem do seu coração!
CONTEÚDO DE MARCA (MERCK)
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