Cantar para se conhecer
"Eu canto porque o instante existe. E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste. Sou poeta." Querendo enxergar a vida com a mesma lente que a poetisa Cecília Meireles usou quando escreveu este poema, resolvi participar de uma sessão de cantoterapia.
“Eu canto porque o instante existe. E a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste. Sou poeta.” Querendo enxergar a vida com a mesma lente que a poetisa Cecília Meireles usou quando escreveu este poema, resolvi participar de uma sessão de cantoterapia. Queria conhecer partes de mim ainda inexploradas e resgatar emoções perdidas, utilizando o canto como passaporte para essa viagem interior. É exatamente isso o que a cantoterapia propõe. Diferente das aulas convencionais, as músicas e os exercícios vocais são escolhidos a partir da biografia do participante, a fim de colocá-lo em contato com seus sentimentos mais íntimos e facilitar sua jornada rumo ao autoconhecimento. A primeira pessoa a usar a técnica como recurso terapêutico foi a cantora sueca Valborg Werbeck-Svärdström, que fundou a Escola Desvendar da Voz em 1924. Desde então, além de educar a voz, o canto vem sendo considerado um canal capaz de conectar o homem ao seu mundo interno e externo. A cantoterapia promete destrancar as portas que separam seus praticantes de uma vida mais livre e completa. Entoando melodias é possível trabalhar a ansiedade, o estresse e medos como o de falar em público. Também melhora a autoestima e a autoconfiança. Cheguei ao espaço Terapia e Música (SP) em uma tarde de verão. A canto terapeuta Juliana Bertoncel me esperava em uma sala onde havia um piano, um violão e uma estante cheia de livros de música. Na parede, um relógio em forma de clave de sol. Quem passa por essa sala revive o passado para dar um novo sentido ao presente. É convidado a trazer fotos, cartas e músicas que foram marcantes. E também a encenar acontecimentos antigos e a musicalizar sentimentos. Fui chamada a relaxar, observar a minha respiração e a visualizar a minha voz com forma, cor e movimento próprios ? e a percebê-la como a minha melhor aliada para expressar o que sou, sinto e penso. Na hora de cantar, minha autocrítica entrou em cena. Só consegui vencê-la lá pela metade da música. Treinei melodias que fazem parte das minhas memórias afetivas e, pelas minhas escolhas, percebi com mais clareza o meu atual momento. ?Quero fazer brilhar o diamante que há dentro de cada um?, diz Juliana. Fui embora com uma vontade profunda de tentar lapidar o meu.
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