Não sabe como investir seu dinheiro? Veja por onde começar
Investir no mercado financeiro não é só para milionários ou especialistas. Há estratégias que servem para todos os tipos de orçamento.
Fazer a renda valer mais é um desejo que se concretiza como objetivo na vida de boa parte dos brasileiros. Isso porque diversificar os investimentos, mobilizar as estratégias para crescimento financeiro e ir além das economias pessoais é um caminho para quem busca um saldo à mais na conta de forma justa e responsável. Assim, além da organização pessoal das finanças, há caminhos alternativos e complementares para fazer o dinheiro render mais. Afinal, saber como investir também é pensar no futuro.
No entanto, para começar, é necessário entender do mercado financeiro. Não precisa ser especialista no assunto ou fazer um curso longo. Não é isso. Comece a ler sites que escrevem sobre a área, acompanhe influenciadores, educadores financeiros e busque livros que descomplicam o assunto.
“Eu não preciso saber de todos os produtos nem investir em tudo, mas tenho que entender as características básicas. Só assim consigo comparar”, explica Lueny Santos, planejadora financeira no Papo de Valor.
Qual o melhor lugar para investir meu dinheiro?
Depende. Antes, estabeleça onde irá investir seu dinheiro, quanto tempo vai usá-lo e o período em que ele estará sendo investido. Popularmente, é mais conhecido o investimento em ações na bolsa de valores, mas essa não é a única alternativa e não serve a todos os propósitos.
“Não necessariamente a gente precisa ir para as ações, porque elas têm características muito diferentes e específicas. Então, quando eu faço esse tipo de investimento, estou trabalhando com empresas. Isso tem riscos diferentes se compararmos a um contrato que você realiza e conhece a rentabilidade”, destaca Lueny.
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Por onde começar? Crie o hábito de pensar em investimentos
A primeira tarefa é investir em um letramento financeiro, ou seja, ir atrás de fontes que ajudem a compreender os principais conceitos: renda fixa, renda variável, taxa Selic, CDB (Certificados de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), e assim por diante (fizemos um pequeno glossário no final do texto). A segunda tarefa é perguntar-se: “Como eu posso diversificar o meu dinheiro com todas essas possibilidades?”.
“Cada uma dessas opções têm volatilidades diferentes, seguranças diferentes e aí, na medida em que eu vou conhecendo, consigo comparar qual produto faz sentido para o meu objetivo e para o meu projeto”, diz Lueny. Aqui, no entanto, vale um lembrete. Apesar do conhecimento ser fundamental, um dos segredos do investimento está no hábito.
“Gosto de orientar que, para começar, o ideal é: planejar; definir com clareza os seus objetivos, necessidades e desejos; entender e buscar conhecimento“, explica Beatriz Maluf, educadora e consultora financeira para mulheres no Movimento Brígidas.
Maluf sugere alguns dos cursos gratuitos da B3 e Anbima, além de recomendar o site do Banco Central como uma fonte segura para pesquisas sobre o tema. Além disso, diversos especialistas têm se destacado na rede sobre o tema, como a Nath Finanças e Nathalia Arcuri. É interessante, também, acompanhar diferentes experts, só assim é possível avaliar as diversas visões sobre um mesmo tema e chegar à conclusão que mais faz sentido para você.
Não caia em pegadinhas: evite perder dinheiro
A educação financeira ajuda, inclusive, a não cair em ciladas. Por exemplo, um certo investimento feito pelo colega de trabalho ou familiar talvez não sirva ao seu contexto. Lueny Santos chama isso de “efeito manada” e o considera perigoso, porque pode levar a situações inesperadas.
“Eu não preciso buscar sempre os produtos que estão interessantes no mercado. Necessito entender quais são as possibilidades que eu tenho e, aí sim, posso montar uma estratégia que vai ser seguida independente do mercado financeiro, porque a gente não consegue controlá-lo”.
Ela lembra que a área é cíclica – há sempre muitas mudanças – e mudar de ideia sem planejamento pode não ser a melhor opção. “Então, se eu entendi que vou ter 30% da minha carteira em renda variável, se cair, continuo colocando ali, se subir, faço aporte em outra classe e vou lidando de forma mais estratégica”, orienta.
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Investimento com impacto positivo
Há pessoas com valores bem claros e dispostas a abrirem mão de alguns caminhos em desacordo com o que acreditam. Assim, alguém próximo a pautas ligadas ao meio ambiente provavelmente não vai investir dinheiro em ações de uma companhia que contribua para a poluição do planeta.
“O investimento de impacto social é a força transformadora global e representa uma nova forma de pensar o lucro”, explica Beatriz Maluf. Para ela, a soma de lucro e propósito resulta no futuro, para o planeta, mas também para o indivíduo.
“Para começar, os novatos devem pensar em três estratégias”, diz a planejadora financeira:
- Quanto tempo ele está disposto a esperar para receber o retorno (conceito de liquidez);
- Qual é o seu perfil de investidor: a) se tem apetite para assumir mais risco e obter mais retorno ou b) prefere investimentos mais seguros;
- Definir quais impactos sociais e ambientais quer gerar e se estão alinhados com seus valores e motivações pessoais ou de sua família.
Como investir: pequeno glossário para o mercado financeiro
Reunimos, aqui, um pequeno glossário para entender os termos mais importantes do mercado financeiro. Embora o início não seja tão simples, o hábito e a busca constante por informações torna o caminho mais leve.
Renda Fixa: um tipo de investimento em que o investidor conhece, no momento da aplicação, as condições de rentabilidade. Exemplos incluem títulos públicos, CDBs, LCIs e LCAs.
Renda Variável: investimentos cujo retorno não é preestabelecido e varia conforme as condições do mercado. Ações e fundos de investimento em ações são exemplos de renda variável.
SELIC (Taxa Básica de Juros): a taxa básica de juros da economia brasileira. É utilizada como referência para diversos investimentos, influenciando as taxas de rendimento de títulos, empréstimos e financiamentos.
CDB (Certificado de Depósito Bancário): um título de renda fixa emitido por bancos para captar recursos. O investidor empresta dinheiro ao banco por um prazo determinado e, ao final, recebe o valor investido mais os juros acordados.
LCI (Letra de Crédito Imobiliário): um título de renda fixa emitido por instituições financeiras para financiar o setor imobiliário. O investidor empresta dinheiro e, em troca, recebe juros e correção monetária.
LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): similar à LCI, a LCA é uma alternativa de investimento em renda fixa, mas os recursos captados são direcionados ao financiamento do agronegócio.
Hedge: estratégia utilizada para proteger investimentos contra possíveis perdas. Pode envolver o uso de derivativos ou outros instrumentos financeiros para compensar o risco.
Benchmark: um índice ou indicador de referência utilizado para avaliar o desempenho de um investimento ou de um gestor de recursos.
Portfólio: conjunto de investimentos detidos por um indivíduo ou instituição. A diversificação do portfólio visa reduzir o risco total.
Liquidez: facilidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro. Investimentos com alta liquidez podem ser vendidos rapidamente no mercado sem afetar significativamente seu preço.
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