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Medo de dirigir? Veja dicas para fortalecer sua confiança na direção
Cory Bouthillette
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A funcionária pública Elisete de Godoy Cinachi, de 49 anos, tirou a carteira de motorista em 2012, mas tinha muito medo de dirigir. Nos primeiros meses ainda arriscou pegar o carro, sempre muito nervosa, ansiosa, até que o medo falou mais alto. Fez aulas de direção para habilitados, mas nada. Se sentia muito desconfortável ao volante. Depois de 3 anos, o marido tirou a habilitação e aí tudo ficou mais fácil: ele dirigia e resolvia o que precisava.

“Fiquei 11 anos sem dirigir de verdade e passar pelo processo de perder o medo foi maravilhoso, uma das melhores experiências da minha vida, vejo como um presente que me dei, uma oportunidade de ser uma nova mulher”, conta Elisete. “Fiz terapia online, poucas pessoas ficaram sabendo que participei desse grupo, e hoje posso dizer que a sensação de liberdade e de autonomia é a melhor coisa que existe. Eu me sinto vitoriosa”, ela exulta.

No Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 6% das pessoas habilitadas têm medo de dirigir, a maioria composta por mulheres. A psicóloga Cecília Bellina, especialista no assunto, explica que o medo de dirigir é o mais difícil de curar, por ser o mais expositivo. “Para curar um medo, você precisa se expor a ele. Se a pessoa tem medo de avião, ela está ali sentada, não dirige, mas, no carro, você está se expondo, está no meio da rua com todos olhando”, conta. Por essa razão, a terapia é o primeiro passo para superar essa barreira.

Como saber se eu tenho medo de dirigir?

Cecília explica que muitas vezes o medo é paralisante, em outras, ele pode surgir com os seguintes sintomas:

  • Tremor
  • Formigamento
  • Coração acelerado
  • Boca seca
  • Desconforto abdominal (enjoo, vontade de evacuar ou urinar várias vezes)
  • Dor de cabeça

“Na terapia, a pessoa aprende que esses sintomas vêm, mas que ela precisa ir com medo mesmo, que vai ter de enfrentá-lo, porém, aos poucos”, esclarece a psicóloga.

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Dicas para enfrentar o medo de dirigir

Ao longo do trabalho terapêutico, a pessoa aprende a identificar os sintomas do medo e toma consciência de que eles virão assim que entrar no carro e se sentar em frente ao volante. Como ressalta Cecília, não existe uma chave para desligar o medo, mas, aos poucos, a pessoa é capaz de dominá-lo.

O primeiro passo é dar uma volta no quarteirão, no máximo de 5 minutos. “O menor percurso próximo da sua casa – a casa é o nosso porto-seguro. Essa é uma exposição pequena e segura”, sugere. Importante dizer que só vale para quem já domina o carro, com a CNH. Uma pessoa sem habilitação não deve dirigir.

“No primeiro dia, a pessoa quase morre, mas como teve orientação em terapia, ela sabe exatamente o que está acontecendo. O segundo dia será melhor e assim por diante. Ela vai repetir várias vezes até perder o medo de dar essa voltinha e aí o desafio passa a ser uma volta em dois quarteirões“, diz. “O medo volta porque vem o novo, tudo que é novo assusta. Oriento que não faça paradas, pois isso só vai aumentar o sofrimento, foco em cumprir o trajeto”, reforça a especialista.

Etapa concluída, chegou o momento de estabelecer metas. Vale fazer uma lista com dez objetivos a serem alcançados em ordem crescente de dificuldade.

A terapia segue em todas as etapas, seja individual ou em grupo. “A prática vem com o tempo, aqui, o importante é vencer o medo e ser capaz de dirigir. Quando a pessoa conseguir completar o décimo objetivo, ela já está praticamente pronta”, sinaliza a psicóloga.

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“Colocar uma pessoa recém-habilitada para dirigir em uma estrada é um erro. Ela deve aprender a dirigir com velocidade baixa, aos poucos, para ter domínio total do carro e segurança”, frisa Cecília. Para ilustrar essa recomendação, ela lembra de um caso em que uma jovem sofreu um acidente grave ao dirigir em uma estrada com apenas dois meses de carta. “Foi um trauma”, alerta.

O processo terapêutico é fundamental para quem quer perder o medo de dirigir porque, quando a pessoa está em terapia, sabe que os sintomas passam e que ela precisa estar bem-preparada para lidar com os sintomas do medo.

“O ser humano gosta de sentir prazer, aquilo que incomoda, ele deixa para lá. A pessoa com medo de dirigir vai se esquivando, vai deixando de fazer as coisas, vai travando e sobrecarrega os outros. Com isso, a autoestima cai, vem aquela sensação de que eu não presto para nada, não consigo fazer uma coisa que todo mundo faz.  Portanto, vencer o medo de dirigir é resgatar sua autonomia e autoestima“, conclui.

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