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    Livros para incentivar práticas sustentáveis e ecológicas
    Christin Hume
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    Segundo a Organização da Nações Unidas (ONU), o ano de 2022 é emblemático para a implementação de debates e estratégias de contenção do que chamou de “tripla crise ambiental“. A entendidade lembra as causas que geraram o surgimento da Covid-19, aliada à perda da biodiversidade e crescimento da poluição, além da programação de uma série de eventos ao longo dos meses que instigam à adoção de práticas sustentáveis.

    Em 2022, celebra-se o aniversário de 50 anos da histórica Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo e a consequente criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Em julho, também aconteceu a Conferência sobre os Oceanos, marcados pela pesca predatória e pela formação dos conhecidos bolsões de lixo em diferentes regiões.

    Os estudos e pesquisas científicas mais recentes são elucidativos em relação à crise climática. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento da temperatura global em 1,1°C provoca consequências cada vez mais irreversíveis e afeta especialmente as populações mais vulnerabilizadas.

    Muitas instituiçoes afirmam inclusive que essa é a década crítica para garantir um futuro habitável na Terra, e não são poucos os esforços feitos em prol de práticas sustentáveis e de um mundo mais ecológico. Por isso, a equipe da Vida Simples reuniu cinco livros que nos dão esperança e lucidez sobre como juntos podemos seguir para garantir um planeta seguro às próximas gerações.

     

    Confira a lista

     

    Negócios Eco-lógicos na Era do greenwashing (Bambual)

    Uma das vozes brasileiras mais atuantes do ativismo socioambiental, a geógrafa paulistana Lívia Humaire, que há três anos vive na cidade de Basel, na Suíça, não deixa de manter seus laços fortes no Brasil e lançou em outubro o livro “Negócios Eco-lógicos na Era do Greenwshing“, pela Bambual Editora.

    Todo dia nasce um negócio e produtos que se dizem ‘amigos do meio ambiente’. Mas será mesmo que essas empresas respeitam a natureza? Muitos negócios se aproveitam da boa vontade do consumidor em buscar práticas sustentáveis, usam essa predisposição e boa fé das pessoas para vender produtos apenas embalados em papel verde e que se dizem ‘melhores para o planeta'”, fala Lívia, que viveu na pele a experiência de fundar um negócio ecológico, o projeto “Mapeei – Uma Vida sem Plástico”, a primeira loja do Brasil destinada ao movimento desperdício zero. Aberta em setembro de 2018, a loja foi vendida em 2020.

    Além de falar sobre os fundamentos dos negócios ecológicos, o livro traz uma modelagem, chamada pela autora de Árvore Produto-lógica. Nesse diagrama especial, o leitor poderá fazer exercícios e simulações de seus próprios projetos ou mesmo conhecer estudos de casos nacionais e internacionais já modelados. Há ainda um capítulo específico sobre greenwashing, termo que usado para explicar os artifícios de grandes e médias empresas para convencer que um produto é sustentável ou ecológico quando, na verdade, apresentam informações confusas e imprecisas.

    Foto: Bambual Editora

    Ideias para adiar o fim do mundo (Companhaia das Letras)

    Ailton Krenak nasceu na região do vale do Rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineral. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”.

    Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo.

    “Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. […] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história.”

     

    Foto: Companhia das Letras

     

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    Um planeta a conquistar – A urgência de um Green New Deal (Autonomia Literária)

    Ao passo que desastres sem precedentes estão se tornando cada vez mais comuns e fatais, inclusive por causa das desigualdades, precisamos de mudanças políticas profundas e radicais. Mas precisamos articular isso com políticas de reativação econômica, que não coloquem trabalhadores e ambientalistas em lados opostos do ringue, quando eles são, na verdade, aliados naturais contra os opressores.

    Um Green New Deal é a solução para enfrentar simultaneamente a emergência climática e a desigualdade galopante. Cortar as emissões de carbono e, ao mesmo tempo, gerar renda para a maioria da população é a única maneira de construir um movimento forte o suficiente para derrotar a dependência do petróleo, das grandes empresas e dos bilionários.

    O livro Um planeta a conquistar explora o potencial político e, também, os primeiros passos concretos de um projeto de desenvolvimento ambiental radical. Ele aponta para o desmantelamento da indústria que explora a natureza, a construção de belas paisagens de energia renovável, a garantia de um trabalho amigo do clima, moradias sem carbono e transporte público gratuito. Além disso, é um projeto totalmente viável que pode fortalecer os movimentos de justiça climática em todo o mundo.

    Foto: Autonomia Literária

     

    Antropoceno ou Capitaloceno (Elefante)

    Antropoceno ou Capitaloceno? Muito mais que um dilema terminológico, a pergunta encerra perspectivas radicalmente opostas sobre a crise ecológica. Em sete ensaios, este livro demonstra que a ideia de Antropoceno — preferida do catastrofismo anódino dos meios de comunicação e da comunidade científica — não está isenta de politização. Ao considerar indistintamente a humanidade como responsável pelos impactos geológicos causados pelas atividades econômicas, o livro considera que os proponentes do Antropoceno pecam por uma enorme falta de consistência histórica.

    Daí a proposta de nomear a nossa Era como Capitaloceno. Mas esse é apenas um dos termos possíveis. Ao contrário do que sugere a pergunta-título, não se trata de escolher entre um e outro conceito, apenas. Mais que analisar medições estratigráficas nas rochas, os ensaios reunidos estão interessados em cavoucar as ideias-força que ocasionaram tamanho impacto sobre o planeta.

     

    Foto: Editora Elefante

     

    Agrofloresta e a prática agroecológica (Expressão Popular)

    Agrofloresta e a prática agroecológica, organizado por Araê Claudinei Lombardi, engenheiro agrônomo especializado em agroecologia, é um livro que reúne cinco artigos de sistematização e compartilhamento de experiências concretas populares e estudos sobre as agroflorestas em diferentes territórios camponeses no Brasil, em processos legítimos de luta pela terra.

    Além disso, como explicam as autoras Ceres Hadich e Kelli Mafort, por entender a agroecologia como um movimento social de luta e de resistência nos territórios dos camponeses e camponesas, nos assentamentos da reforma agrária, nos quilombos e nas comunidades tradicionais, são apresentados aqui também elementos da questão agrária na atualidade, ressaltando a necessidade da luta pela terra para a constituição da agrofloresta agroecológica e popular.

    Com linguagem direta e didática, acompanhada de farto material ilustrativo, Agrofloresta e a prática agroecológica dialoga com estudantes, professores e pesquisadores de agronomia, com especialização em agrofloresta e agroecologia, e com os trabalhadores e trabalhadoras rurais, para a massificação da produção saudável de alimentos e de práticas sustentáveis na agricultura.

    Foto: Expressão Popular

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