Fiandeiras e tecelãs de Tocoiós
Quilombolas guardiãs de saberes ancestrais plantam algodão em seus quintais para preservar a tradição de fiar e tecer na comunidade.
Na terra semiárida do sertão mineiro de outrora, o algodão brotava em abundância. Mas com o aumento do calor e a baixa demanda, essa plantação diminuiu, afetando muitas famílias da região do Vale do Jequitinhonha. Até que, para retomar a tradição, tecelãs do Quilombo de Tocoiós, no município de Francisco Badaró, em Minas Gerais, passaram a plantar a pluma em suas próprias roças.
Hoje, com o apoio e o trabalho contínuo do projeto da associação Tingui, Mulheres do Jequitinhonha, estas mulheres se juntaram a tantas outras, se aperfeiçoaram na produção das peças e se tornaram autônomas, protagonistas de suas próprias histórias. Uma colcha ou uma rede em Tocoiós pode levar 30 dias para ficar pronta depois de seis meses entre o plantio da semente até a colheita.
A mais jovem tecelã da comunidade, Jaquielly Gomes, descreve: “Primeiro a gente limpa e descaroça o algodão. Depois ele é batido para preparar a fibra para a fiação. E aí as fiandeiras transformam o algodão em fio”. Uma vez fiado, as meadas são feitas e os fios seguem para o tingimento com cascas e raízes. E só então começa o longo processo de tecer – esse bonito saber.
Para saber mais:
tingui.org/catalogo-tocoios
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