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De onde vêm as ideias? Um olhar profundo sobre a criatividade
Alice Dietrich
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Outro dia, enquanto caminhava pela rua em uma tarde de sol, rascunhei uma história inteira em minha cabeça. Tinha personagens, enredo, diálogos, cenários e cores, muitas cores. Para não perder o fio da meada, sentei-me em um café e coloquei todas aquelas ideias em um caderninho que carrego sempre comigo. Desse jeito, no papel, elas pareceram perder um pouco da beleza que tinham em meus pensamentos, mas serviram para inspirar outros poemas que vieram depois. É sempre assim: quando vou à rua, faço alguma viagem ou me aventuro por algum lugar novo, minha criatividade para a escrita ganha força, forma e tamanho. Cresce à medida que meus olhos se deparam com a vida e o movimento das coisas. Nesse ciclo, me sinto mais viva.

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Cada um de nós experimenta a criatividade de um jeito. Alguns, como eu, precisam de um pouco de movimento e depois do silêncio para plantar sementes, ver germinar e florescer. Mas o que há de comum em qualquer processo criativo é a necessidade do tempo, da dedicação e do cuidado para compreender qual a trajetória da criatividade em nós.

“Para mim, a criatividade é o oxigênio do intelecto no mundo contemporâneo. A partir dela somos capazes de criar caminhos e oportunidades que desejamos para a nossa jornada de vida”, pontuou Barbara Cotrim. Ela é especialista em Comunicação e Branding Pessoal e me contou que demorou a se perceber como uma pessoa criativa porque não enxergava as próprias habilidades. Fazemos muito isso, né? Dizemos que as outras pessoas são criativas e especiais, mas não percebemos como também podemos ser bons naquilo que escolhemos fazer. “Quando me apropriei dessa característica, pude impulsionar a minha potência criativa. Não foi um caminho linear e percebi que, tal como um músculo, a criatividade precisa se exercitar para ganhar tônus e relevância na nossa vida”, completou.

Para exercitar a criatividade

Dicas práticas para ser mais criativo

O processo criativo e a autodescoberta: como sair da folha em branco

Fui passear e dei de cara com a criatividade

A gente pode exercitar essa criatividade de várias formas: lendo, conversando com outras pessoas, estudando coisas novas, prestando atenção ao nosso redor, pensando e executando projetos pessoais e profissionais. O que vale, além do tempo e da dedicação, é o interesse e a intenção em nossos movimentos. “Perceba o que te desperta verdadeiro interesse e se aprofunde, intencionalmente. Descubra coisas novas a partir disso e rapidamente terá ampliado seu universo cultural”, avalia Bárbara. E completa: “permita-se ser criativo ou criativa a seu modo, naquilo que se propor. Você não precisa pintar bem quadros, mas pode se descobrir na cozinha. Não precisa saber desenhar um novo produto, mas pode criar novos usos com as peças que tem em casa”. Afinal de contas, todos nós temos essa chama dentro de nós: basta acendê-la.

Ilustração: boneco segurando uma pequena chama. Criatividade. Ilustração Lucas Lopes / @lucas.lopes.art

Acendendo a chama da criatividade

Vale saber que a criatividade se acende a partir da escuta de si, da constância e da coragem de experimentar o mundo sem o receio do erro. Ao aceitar que podemos correr riscos sem temer ou esperar apenas pelos grandes resultados, libertamos nossa criatividade e passamos a enxergar as coisas de um prisma mais divertido e leve. “Para mim, o ato criativo está muito conectado com o agora. Criatividade é saber que não estamos sozinhos nessa conversa com a gente mesmo, que dentro da gente – e fora também – está acontecendo um universo de coisas, sempre”, pontuou o artista Lucas Lopes.

Lucas é criador do projeto Desenhonário, que começou como uma publicação independente em 2014. Foi a maneira encontrada para dar forma àquilo que, segundo ele, ultrapassa a palavra. “Era como se eu quisesse, naquele momento, criar um dicionário que falasse o mundo para além da escrita; um dicionário de desenhos: o desenhonário”, explicou. O livro deu certo e se tornou um farol para Lucas, apresentando a ele um caminho a seguir criando. Hoje, o projeto ganhou vida também no Instagram @lucas.lopes.art no qual, por meio de ilustrações em aquarela e tintas naturais, espalha poesia, delicadeza e inspirações.

Ilustração: boneco bordando. Criatividade. Ilustração Lucas Lopes / @lucas.lopes.art

Plantando sementes criativas

“Meu processo criativo é parecido com a jardinagem: encontro uma semente, observo, depois coloco para germinar, vejo se aparecem raízes e então planto e deixo um tempo ali quietinha para ver o que surge”, disse. Ele contou também que, muitas vezes, essa sementinha não germina. E tudo bem porque, outras vezes, surge uma árvore frondosa onde ele imaginara apenas um pequeno arbusto. “Penso que meu processo está muito conectado com a escolha dessas sementes e com o tempo de cultivo. Por isso, tento ir escutando o que cada trabalho tem a dizer e vou criando essa composição”, concluiu.

Para essa escuta, o cultivo do silêncio em alguns momentos do dia, como no café da manhã e na vigília antes de dormir, é essencial para o Lucas. “Lembro-me também de um ritual do meu avô, que era ‘catar feijão’.” Na recordação do artista, o avô separava os grãos de feijão das pedras com atenção e muito cuidado, para só então poder usar aquele alimento. “Tento jogar as pedras fora para o caminho não ser pesado demais e ir dando alguma forma e destino para o que for semente”, completou.

Em nosso processo criativo individual, cada um pode entender quanto tempo cada semente leva para florescer e até gerar frutos. O importante é nos mantermos atentos e curiosos diante da vida para, então, nos dedicarmos a essa grande e divertida aventura que é imaginar, cuidar e criar novos cenários e cores para habitarmos o mundo com mais leveza e possibilidades. Como a Bárbara sugeriu: “sempre que sentir a criatividade presente, pare e apenas frua desse estado de conexão”. Assim, quando nos darmos conta, vamos perceber que a criatividade sempre esteve conosco. Só é preciso ouvi-la com o coração.

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