Em um mundo cada vez mais orientado para o sucesso profissional e a busca pela felicidade, a importância de boas conexões no trabalho não pode ser subestimada. Passamos um terço de nossas vidas no mundo corporativo, e a maneira como cuidamos dos relacionamentos profissionais desempenha um papel significativo em nossa qualidade de vida e satisfação.
O famoso e super divulgado “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto”, da Universidade de Harvard, foi categórico ao concluir que bons relacionamentos são a coisa mais importante para uma vida física e psicologicamente saudável, além de serem o maior combustível de felicidade. Essa pesquisa começou há 85 anos, com centenas de adolescentes de Boston – não necessariamente estudantes de Harvard – e hoje segue com parceiros e filhos dos participantes iniciais. É o mais longo estudo científico sobre felicidade que existe.
Por isso, se queremos nos sentir funcionais, satisfeitos e saudáveis em nossas vidas por muito tempo, devemos guiar com inteligência os nossos relacionamentos no ambiente de trabalho, onde passamos um terço do nosso tempo – no mínimo. Nutrir essas relações é um processo contínuo e para o qual não existe curso preparatório. Cabe a nós a atitude de evitar que esse pilar da felicidade seja experimentado no automático, sem o nosso melhor.
Neste artigo, exploraremos cinco dicas práticas para aprimorar suas relações no trabalho e colher os benefícios não apenas para sua carreira, mas também para sua qualidade de vida.
Tenha humildade para considerar a perspectiva oposta
O ponto de vista que contraria o meu pode ter tanta consistência quanto os meus argumentos, ou até mais. Essa dura verdade amolece na medida em que a gente invoca a humildade e passa a reconhecer que temos pontos cegos na construção das nossas ideias e visões. Quanto mais cedo admitimos isso, mais cedo desenvolvemos uma escuta apurada, um repertório mais sólido e um senso crítico mais confiável.
Fuja do autocentramento
Quem nunca respondeu falando sobre si mesmo a alguma coisa que um colega contou sobre ele? Por mais altruísta que possa ser, o ser humano tende a se ver no centro de qualquer situação. E isso desagrada os outros seres humanos que estão também nessa disputa de protagonismo. Por outro lado, a relação fica agradável e produtiva quando se pode relaxar na certeza de estar sendo ouvido e considerado. Alguém tem que puxar essa fila, desarmar o ambiente e prepará-lo. Como podemos controlar apenas a nossa própria atitude, vale a tentativa de conferir como está o nosso nível de protagonismo, deixá-lo (um pouco que seja) de lado e mergulhar na situação sem tanta defesa. Prepare-se para inspirações nunca vividas.
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Saiba aproveitar as semelhanças
Gostamos do que é igual a nós e rejeitamos o que difere. Num ambiente onde encontramos “sempre as mesmas pessoas”, parece que já sabemos quem elas são e quais preferimos, o que tende a interferir descaradamente na conduta profissional. Isso enferruja nossa capacidade de aprendizado e nos encapsula cada vez mais, sem percebermos. Um exercício simples – nem sempre fácil – é procurar qualquer semelhança que se tenha com uma pessoa que não está entre “os escolhidos” e deixar essa informação grande na cabeça. O retorno vai ser não somente o conforto da conexão por esse ponto comum, como o fortalecimento da sua capacidade de inclusão.
Demonstre interesse legítimo
Não tem disfarce. Quando ouvimos “mais ou menos”, quando não observamos, quando os julgamentos falam mais alto do que os fatos… é sinal de que o nosso interesse sincero está respirando por aparelhos. Não tem problema sentir um baixo nível de interesse por uma conversa, ou até por uma pessoa. Muitas vezes simplesmente não rola. Mas podemos, pelo menos, ter a liberdade de exercer nosso interesse ou desinteresse conscientes do que estamos fazendo. Ou você nunca se arrependeu de ter prestado pouca atenção numa pessoa do trabalho com quem, no futuro, veio a ter uma grande parceria ou até mesmo amizade? A sensação é de tempo perdido.
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Não se esqueça da bondade
O mundo vai te pedir para esquecer, e o ambiente corporativo ainda mais. Mas você pode resistir. A bondade pode abrir nossos olhos nos momentos em que todos estão no extremo da defensividade, do medo e da preocupação. Não se trata de ser “bonzinho” ou “boazinha”, mas de ativar a bondade em si e usá-la nas suas relações no trabalho. A força desse dom destranca portas e libera o caminho para que trabalhar junto seja não só possível, como fácil e produtivo.
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Aline Mayra (@_umpassoantes) é especialista em relações interpessoais no trabalho e cofundadora do Um Passo Antes. Com jornalismo e comunicação no currículo, descobriu ao longo da vida o oceano de aprendizados que são os relacionamentos (todos eles). Também está no LinkedIn.
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