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Calma e graça na Tailândia
Marcelo Fonseca
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Neste artigo:

BRASILEIROS PELO MUNDO | Luana Fonseca está em Koh Samui, Tailândia

Puxei pela memória para lembrar quando foi, exatamente, que o bichinho do “quero morar fora” me picou. E o que me recordo é que, aos vinte e poucos anos, quando fiz minha primeira viagem internacional (sozinha), senti um grande encantamento por aquela nova realidade que estava experimentando.

Era como se um mundo novo de possibilidades estivesse disponível bem ali. E olha que naquela época eu sequer sabia falar muito bem outra língua. Afinal, estava viajando para aprimorar meu inglês. O fato é que aquela experiência expandiu meu observador de mundo. E dali em diante, o desejo de seguir explorando, permaneceu comigo. Eu queria descobrir o que mais existia por aí.

Para os mais místicos, como eu, poderia dizer também que isso é coisa mais antiga. Coisa de alma mesmo. Afinal, na numerologia, o número 5 (somatória de todas as vogais do meu nome) traz essa energia de movimento, de mudança, de querer viver novas experiências e aprender coisas novas.

Saída do Brasil

Seja lá como for, sinto que tudo isso — somado a um desejo profundo de viajar pelo mundo e me deixar ser guiada pelo sopro do vento do destino — preparou o terreno. Sobre “Porque a Tailândia?”, a história é longa. Mas posso resumir dizendo que se você acredita, os caminhos vão se abrindo e conduzindo para onde você precisa ir.

graça Crédito: Chelsea Chehade | Unsplash

A mistura desses elementos foi o que me motivou a fazer o movimento (bastante complexo) de sair do Brasil. Meu marido Marcelo e eu, deixamos nossa vida em São Paulo para morar, literalmente, do outro lado do mundo. Hoje vivemos, há pouco mais de 2 anos, numa ilha no Golfo da Tailândia chamada Koh Samui. E foi aqui que nasceu nossa primeira filha, Eva, agora com 11 meses de vida.

Dores e delícias da experiência

Por um lado, sempre foi fácil conviver com o povo tailandês, em sua grande maioria, manso e gentil. E também com a vasta comunidade de expatriados que vivem aqui (americanos, canadenses, ingleses, franceses, russos, italianos, africanos…).

Já por outro, descobri (vivendo) que me faz muita falta falar a minha língua. Além disso, tenho necessidade de estar com pessoas que tenham referências culturais semelhantes às minhas. Pessoas que possam rir das mesmas piadas, sem que seja necessário explicar qual a graça daquilo. E tenho muita vontade de comer um belo prato de feijão com arroz, ouvir música popular brasileira, dançar um bom forró e por aí vai.

Mas, como praticamente tudo na vida, nossas aventuras e escolhas tem pontos positivos e outros não tão bons assim. Faz parte do jogo! E eu entendo isso.

Aprendizados valiosos

Imersa numa cultura tão diferente da nossa, tenho aprendido a desfrutar a vida de um outro jeito. Um jeito mais calmo, mais inclusivo, mais seguro e muito mais suficiente.

Quando digo suficiente, me refiro a uma vida onde as necessidades materiais não são tão presentes como quando se vive numa cidade grande, rodeado por ofertas e “tentações” por todos os lados. Aqui, um chinelo de dedo basta e te acompanha da praia ao casamento. Aliás, há aqui uma frase estampada em canecas e placas que diz assim: “life is better in flip flops!” (a vida é melhor em chinelos!). E eu concordo. Essa sensação de liberdade e de bagagem mais leve torna a vida mais fácil.

Então, nesse pulso de vida muito mais próximo ao que considero natural, conviver com as diferenças culturais tem sido uma experiência de expansão da maneira como enxergo o mundo. Aqui, valores como honestidade, respeito, colaboração e generosidade (no sentido real de dividir o pouco que se tem com o próximo) são muito evidentes. O povo, em sua grande maioria budista, acredita na lei do carma e pratica boas ações para acumular bom carma. Todos saem ganhando.

calma e graça Crédito: Yavor Punchev | Unsplash

Vivendo aqui, aprendo também a olhar para os meus julgamentos arraigados de como se deve fazer isso ou aquilo. O ritmo do fazer tailandês segue uma outra cadência, uma outra lógica. E está tudo certo do jeito que está. Eu que lute (comigo mesma) para parar de querer que as coisas funcionem da maneira como eu gostaria. Belo aprendizado!

Balanço da mudança

Olhando em retrospectiva para esses dois anos de uma nova (e inesperada) vida nesse lugar, sinto que a palavra que resume essa experiência é GRAÇA. Meu marido e eu fomos verdadeiramente agraciados com a oportunidade de viver num lugar acolhedor e seguro. Temos o privilégio de contemplar os presentes da natureza diariamente. Apreciamos o pôr do sol do quintal da nossa casa, onde o sol brinca de se esconder no mar. E criamos nossa filha de uma maneira simples, mas muito rica, dando a ela a oportunidade de conviver, desde o nascimento, com um caldeirão multicultural.

Acredito, definidamente, que isso nos dá a chance de sermos seres humanos melhores, pela possibilidade de aprendermos a enxergar o mundo através de novas lentes. A lente do outro que também nos constitui.


LUANA FONSECA (@almapelomundo) é coach ontológica, autora do livro Pode Ser Melhor (Editora Bambual) — que será lançado em agosto — e ama a SIMPLICIDADE da vida na Tailândia e sente falta dos AFETOS que ficaram no Brasil.

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