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Viver atrás de muros e minguar ou ir pro encontro e se transformar
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Hoje após entrar em discussão com meu marido sobre um assunto que discordávamos de pontos de vista, me senti tão cansada, na verdade me senti exausta

Apesar de ser uma discussão sem um teor relevante para nossas vidas, senti que minha energia foi completamente drenada e fiquei exausta, triste e recolhida.

Porque o cansaço? Porque a contração? O que significa isso?

Sabemos que o ser humano é um veículo que só existe a partir da energia da vida, aqui vou chamar de Luz da Consciência.

O ser humano foi concebido de modo que a Luz da Consciência pudesse trafegar pela materialidade livremente, conhecendo e absorvendo a experiência material através dos corpos e das experiências que as pequenas consciências, chamadas aqui por mente, conseguem registrar através dos eventos ao longo da vida humana.

A diferença é que a pequena mente estrutura a experiência e a acumula em forma de aprendizado e conhecimento; enquanto a Luz da Consciência presencia, absorve e expande através da experiência como sabedoria.

Fomos criados para que a Consciência Divina pudesse experimentar a sua infinitude através do mundo material e com isso continuar sua expansão através desta dimensão aparentemente finita.

Vamos imaginar que em nossa forma mais pura, espiritual e essencial somos seres permeáveis, separados por uma película invisível, quase que absolutamente permeável e sublime que apenas dá forma e estrutura a matéria. Imagine que isso seja possível. Desta forma, somos capazes de experimentar o mundo e as experiências que ele promove através das nossas particularidades, porém o mais próximo possível da perspectiva da unidade, ou seja, sem medo e resistência ao diferente. Desta forma o fluxo, a troca e a transformação acontece entre diferentes espectros da mesma unidade.

O cansaço acontece quando a pequena mente se torna tão estruturada e pesada pelas ideias, significados e julgamentos, aqui chamados de forma-pensamento das suas experiências que é como se obstruísse a entrada de energia vital que vem da Fonte de Consciência. Desse jeito nos desequilibramos pois acabamos utilizando mais energia vital do que recebemos. Neste estado é como se  fossemos uma bexiga furada que vai esvaziando, contraindo, encolhendo e minguando aos poucos.

Quando estamos em conexão com a Fonte de Vida, o canal de recebimento está aberto, liberado e não nos cansamos. Dar e receber, entrada e saída estão equilibrados.

Podemos trabalhar, nos esforçar, criar, compartilhar energia infinita com o mundo que não nos sentimos cansados.

O corpo pode até cansar, mas nos sentimos energizados, criativos, felizes e motivados.

O cansaço chega quando, sem perceber, nos desconectamos da Fonte de Energia da Vida e Consciência Maior e passamos a experienciar o mundo  apenas a partir da perspectiva da nossa pequena consciência, que cristaliza e estrutura toda experiência em pontos de vista fechados, opiniões, julgamentos, intolerância, mágoas, culpas, arrependimentos, crenças, afirmações, pré-conceitos e tudo mais visto como verdade absoluta.

Quando nos fechamos em volta de nós mesmos perdendo a perspectiva do todo. É quando construimos uma couraça tão grossa em torno de nós, que nos separamos do mundo e do outro.

Passamos a perceber o mundo através de uma fresta muito pequena através da qual estabelecemos o contato com um mundo aparentemente “externo” a nós.

Desta perspectiva, um mundo cheio de novas opiniões, perspectivas, caminhos diferentes, outros meios de fazer as coisas, outras formas de se pensar e agir nos parece muito, muito ameaçador. É como se tivéssemos que defender o nosso território com unhas e dentes. Um constante estado de defesa frente o novo e diferente.

Meu Deus! Nesse instante pude entender meu cansaço e olhar sobre uma perspectiva ampliada de mim e reconhecer que a guerra que vejo fora, na verdade está acontecendo agora mesmo, dentro da minha própria mente; que sem se dar conta, o tempo todo está cristalizada em uma ideia fixa, escolhendo um dos lados pra defender. Por causa desta escolha está fadada a lutar para defender seu ponto de vista pra sempre, até o fim e a eternidade.

Neste momento de lucidez essa perspectiva me parece absolutamente exaustiva, beirando a morte. Como a humanidade poderá sobreviver a isso?

Não poderá! Ela irá minguar.

A individualidade só encontrará paz e conhecerá a sua real razão de ser através do Universal.

Por isso esse chamado chega hoje pra mim e pra todos aqui, que como eu, estão exaustos.

Estou cansada de viver neste constante estado de alerta, de confronto, de intolerância percebida vindo de todos os lados.

Estou cansada de ter que ter razão e de ter que dar razão ao outro que se acha com razão. É um subjugando a idéia do outro sem encontrar o ponto do encontro e da transformação que é fundamental aos dois.

Estou cansada de ter que saber das coisas, de acreditar que preciso trazer a solução.

Estou cansada de defender uma opinião ou uma idéia que está cristalizada na minha mente pequena apenas para poder dar a ela o prazer da recompensa.

O ser humano não percebe que a natureza da mente pequena é engessar, estruturar, limitar, cristalizar, perpetuar. E a partir desta premissa ela está sempre disposta a defender seu território repleto de muros de proteção, intolerância, certezas, significados e pontos de vistas.

A mente pequena preserva a estrutura e busca a permanência. Ela descobriu que não é possível entrar em contato com o outro e não ser profundamente transformado por ele. Então para promover a sua proteção foi preciso estruturar e subir muros de separação.

O encontro é como um mini big-bang, uma explosão de pura potencialidade.

Novos mundos são criados, novas possibilidades, novos e desconhecidos desfechos se tornam possíveis.

E é justamente isso que a mente mais teme: o novo, o diferente, o desconhecido e imprevisível.

A mente foi feita para prever e com isso ser capaz de proteger e manter a sua existência material.

“ Como posso proteger você se não sei o que se aproxima!!?” – disse a mente!

“Por isso preciso saber, criar muros de certezas e de intolerância ao novo pra te proteger, porque essa é a minha função!”

A mente trabalha com proteção e instinto de defesa. E para se defender é preciso prever.

E para prever e ter a sensação de segurança e previsibilidade é preciso ter CERTEZA. Mas a certeza só existe através deste ponto de vista fixo, no tempo-espaço, individual, pessoal, subjetivo, intransferível e insubstituivelmente.

O ponto de vista fixo só existe quando ele está à parte do todo, pois o todo é movimento e expansão.

E sem nos darmos conta, através deste muro de rigidez mental e pontos de vista fixos nos tornamos impermeáveis ao encontro e a transformação. Nos tornamos tão intolerantes e distantes que não nos importamos mais com o que o outro fala, nem sequer os damos ouvidos. Fingimos que estamos escutando, mas na realidade ninguém está disponível para o encontro e para co-criação. Esperamos apenas uma chance de rebater com as nossas idéias, respostas prontas e pontos de vistas rígidos estruturados e apoiados em um momento que já passou e nem existe mais.

Queremos mesmo é continuar vivendo o desconfortável conforto das nossas certezas, mesmo que isso custe o nosso esvaziamento e a nossa exaustão total.

Mas hoje, por algum motivo acordei diferente!

Hoje acordei cansada demais pra colocar sequer mais um tijolo de certeza em meu muro.

Acordei cansada sim, mas da minha própria intolerância.

Acordei cansada de ter que defender a trincheira da minha opinião.

E se não houver apenas uma resposta certa?

É o meu jeito e o seu, apenas isso, coexistindo neste mundo, sem precisar que um destrua o outro.

Acordei cansada de ter que escolher um lado da moeda, o jeito certo de fazer as coisas.

Acordei cansada do esforço que é sustentar a estrutura da separação entre dois lados; entre o vilão e o bandido, entre o bem e o mau.

Não aguento mais!

Tô cansada.

Quero ir pro encontro, quero juntar as partes, quero sentir o atrito do ponto de encontro. Quero poder ver nesta faísca a centelha divina do amor e da criação e não a destruição de uma das partes.

Quero somar, trocar, receber e dar, quero ser canal aberto e me encher de novo… chega de esvaziar.

Quero um mundo sem muros.

Quero estar segura e vulnerável ao encontro; e se este me transformar, que assim seja!

Quero ser transformada na direção do crescimento, da beleza, da prosperidade, da clareza, da co-criação, da expansão e do amor.

Quero ser livre pra poder mudar de lado, de opinião a todo instante.

Quero viver em um mundo onde as pessoas compreendem a riqueza dos encontros, a beleza das diferenças, das trocas, do fluxo criativo de informação, de crescimento mútuo, de colaboração, de rendição e transformação constante.

Quero sentir a energia da Luz da Consciencia voltar a fluir em mim, a Luz da compaixão, do amor sem condições para ele acontecer, da tolerância, da paciência, da empatia, do cuidado e da generosidade.

Quero estar aberta a infinita Fonte de Energia da Vida, sem restrições e barreiras, sem resistência e com isso estar constantemente energizada, criativa, aberta, receptiva, amorosa, interessada, potente e entusiasmada com as infinitas possibilidades da experiência humana.

Eu escolho agora me render a vida e aos encontros.

Eu me rendo a sua existência, ao seu saber, a sua opinião, a sua experiência de vida. Eu te acolho com respeito e dignidade, pois confio que o nosso encontro está servindo a nossa transformação e a nossa expansão, juntos!

Eu me rendo a nossa co-criação, sem medo.

Eu sei no fundo da minha alma que esse caminho é certo, é fácil, é seguro pra todos nós.

Que é possível aqui e agora se nos abrirmos pra essa Luz.

Sei que em algum lugar dentro de mim e de você sabemos como viver em harmonia a partir deste lugar. É preciso apenas se lembrar que a Luz da Consciencia é a verdadeira razão do nosso viver.

Um amor incondicional pela experiência e pela sua própria criação.

Eu ativo esse potencial aqui e agora!

E você?

Aceita ser transformado pelo nosso encontro?

Aceita se tornar permeável as minhas idéias e ao meu olhar de mundo? Aceita olhar para as  minha experiências e referências de mundo através do seu coração e mente abertos?

Para que esse cansaço acabe, precisamos aprender a viver sem resistência, a escutar sem responder. Sem muros de rigidez mental e intolerância. Sem muros de preconceito e egocentrismo.

É preciso levantar a bandeira branca e se render para tornar-se verdadeiramente permeável ao outro e receptivo a nova informação que chega atrelada a transformação, seja ela qual for, venha ela como vier.

Portanto o que nos resta é ter fé inabalável na Amorosa Inteligência Divina por trás de toda criação que sempre busca o equilíbrio, o fluxo e a paz perfeita pra ambos os aparentes lados opostos.

Eu acredito… recebo, aceito, entrego e agradeço!

Namastê


Mariana Nahas é coach de vida, terapeuta integrativa, facilitadora de meditação e idealizadora do Programa de Desenvolvimento Pessoal Ser Humano. Acredita que o autoconhecimento e a autocompaixão são as chaves para despertar em nós o ser de infinitos recursos internos que somos enquanto seres conscientes. Escreve quinzenalmente no Portal Vida Simples. Seu instagram é @mariananahas_.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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