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Como viver 300 anos
Ipopba (IStock)
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Neste artigo:

Viver muito é uma aspiração antiga da humanidade. Atualmente, a ciência tem feito crescer esta possibilidade. Sim, vamos viver cada vez mais ! Será que vai ser possível viver 300 anos? Acho que sim. E vou te contar como.

Quando falamos em viver mais, a marca dos 100 anos aparece como uma barreira quase natural a ser superada. Mas quero ir mais longe. Bem mais longe. Algo como viver 300 anos! E para viver 300 anos ou mais, é essencial entender o que fazer com todo este tempo de vida.

A resposta a essa pergunta começa na reflexão sobre o que você já fez no tempo que viveu até hoje. O que você viu, viveu e aprendeu. O que você criou, produziu, construiu. Tudo isto que já te aconteceu até hoje — não importa se você tem 20, 30 ou 60 anos — é o que vai te movimentar até os 300. Agora vamos ver como.

O que, de fato, é uma vida

Vidas são feitas de tempo e o que se faz neste tempo vivido. Por isto, a preparação para se viver 300 anos ou mais começa com uma análise clara, sincera e honesta do que você já fez no tempo em que viveu. Só você consegue fazer essa análise. E o mais interessante dessa análise não é chegar a conclusões. Não é chegar ao que já está feito, pronto, concluído. É notar que, a partir do que você já fez no tempo em que viveu, dá uma vontade enorme de ainda fazer um monte de coisas!

Se você se entregou a amores e sentimentos, a vontade é de seguir amando por muito mais tempo. Se você é um escritor, a vontade é de seguir escrevendo até o final dos tempos sobre tantos temas que ainda podem ser escritos. Se você é médico, com certeza vai ser necessário muitos anos mais para estudar, aprender e curar tanta gente.

O que ainda quero fazer?

Há algum tempo fiz a minha análise do que já fiz até hoje para tentar entender o que ainda gostaria de fazer, queria fazer e saberia fazer. A conclusão foi um tanto cruel: ia faltar tempo de vida! Sem dúvida, faltaria tempo de vida para aproveitar tudo que estudei e aprendi, fazendo agora novas conexões e novas formulações para resolver novos problemas. Aí está um exercício que tem tudo para te desmotivar e te deprimir. Você quer fazer, sabe como fazer, mas não vai ter tempo. E agora ?

Foi neste momento que saí em busca de uma alternativa para seguir vivendo, procurando formas de esticar a estrada do tempo. Simplesmente para poder ter tempo de fazer o que ainda é preciso ser feito a partir de tudo que já foi feito. E, agora, compartilho com vocês o resultado da minha busca.

viver 300 anos

Enrique Ramos Lopez (IStock)

O que já vivi até agora

O componente fundamental do que já fiz até hoje é o conhecimento. Em toda a trajetória de vida que já percorri, cada passo foi dado a partir de conhecimento. Cada emoção ou sentimento consumiu e produziu conhecimentos. Cada direção foi escolhida com base em algum conhecimento. E não tenho dúvida que no resto da estrada que ainda me cabe percorrer, o combustível que me move será o conhecimento.

Com o passar do tempo, conhecimento se transforma em algum saber. E o saber se acumula, a ponto de te empurrar na direção de querer enfrentar desafios cada vez maiores. Hoje, me sinto motivado a tentar solucionar problemas que há algum tempo atrás, eram muito assustadores. Mas hoje me parecem de solução até possível, ainda que muito longas. Tão longas que não cabem nesta vida. Seria preciso viver pelo menos 300 anos.

Diante deste cenário um tanto complexo, decidi que vou sim, viver 300 anos ou mais. Mas não necessariamente nesta cabeça e neste corpo, pois vou transferir tudo que consegui armazenar em conhecimento e transformar em saber para outras pessoas, algumas mais jovens. Seguirei vivendo neles.

Vivendo nos outros

Viver nos outros é o resultado de um processo de transferência do que você sabe — do que você pensa, do que você gosta e do que você quer — para uma outra pessoa. Mas não uma pessoa qualquer. É preciso ser uma pessoa que concorde em caminhar na estrada que você começou a construir e, principalmente, saiba percorrer a mesma estrada. Encontrar essa pessoa — ou pessoas — dá trabalho e leva tempo. No meu caso, depois de quatro ou cinco anos buscando, encontrei Alexandres, Iracemas, Cláudios e Micheles que irão levar adiante parte de um saber construído ao longo de muitos anos. Para usá-los na solução de muito problemas que não couberam em uma só vida. Acho que, com eles, viveremos 300 anos.


Fábio Gandour é formado em Medicina e dedicou-se à pesquisa científica. Esta trajetória exigiu uma permanente busca de conhecimento que pode bem ser utilizado na solução de problemas complexos. Mas é preciso ter tempo de vida.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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