Uma advogada extraordinária: um olhar sobre o autismo

Suzana Vidigal nos convida a assistir a uma série que retrata o autismo de uma forma diferente e cativante: “Uma advogada extraordinária”.

O nome da advogada Woo é um palíndromo: independente de como você lê, de trás pra frente ou vice-versa, o sentido é o mesmo, Woo Young-Woo. Woo é extraordinária não só porque tem um QI de gênio e uma memória impressionante, mas também porque sua visão de mundo nos mostra uma nova maneira de raciocinar e observar a realidade ao nosso redor. Como disse a criadora da série, “o que nos tira da zona de conforto pode criar problemas, mas também nos traz uma vivência mais estimulante e abundante”. Isso é respeito à diversidade.

Woo é especial também porque é autista. Mas não só por isso. Ganha esse título de extraordinária porque consegue, com graça, leveza e responsabilidade, cativar o público e chamar a atenção dos espectadores para a maneira como uma pessoa no espectro autista se comporta. 

No primeiro episódio conhecemos a Woo ainda criança e entendemos quem ela é. Depois, cada episódio é dedicado a um caso jurídico em que a jovem advogada, que trabalha num elegante escritório da Coreia do Sul, precisa atuar. Como sua percepção é diferente daquela dos outros advogados, Woo tem a possibilidade de sugerir caminhos na defesa dos clientes e na resolução dos casos.

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Além de ser um encanto, a personagem, brilhantemente interpretada pela atriz Park Eun-bin, passa por várias situações desconfortáveis e constrangedoras, que ilustram com cuidado e respeito os enormes desafios por que passa uma pessoa autista. A dificuldade de se expressar e de fazer contato visual, a sensível audição e a sensação de inadequação geram crises, estresse e muita frustração. Woo mostra isso com doçura, sinalizando que seu mundo funciona de outra forma e que as baleias são seu porto seguro. Sim, a cada ideia brilhante que esta advogada tem, sua paixão pelas baleias ilumina sua mente e traz lucidez para um caso em andamento. 

Uma Advogada Extraordinária é imperdível. Ainda mais porque coloca a protagonista na condição de profissional, competente e querida por aqueles que se dispõe a conhecê-la.

Uma narrativa original e delicada, que me emocionou, me fez rir e me faz pensar o quanto limitamos nossas relações e aprendizados por falta de conhecimento ou por pura intolerância. 

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Suzana Vidigal  (@cinegarimpo) é tradutora, jornalista e cinéfila. Gosta de pensar que cada filme combina com um estado de espírito. Mas gosta ainda mais de compartilhar com as pessoas a experiência que cada filme desperta na mente e na alma. Autora do blog Cine Garimpo , traz dicas de filmes para saborear e refletir.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.