Um chamado à transformação, que é individual e torna-se coletiva
Um "canto hondo" entre nós, mulheres, que também é um chamado à eterna transformação para nos animar a seguir
Era começo de janeiro, próximo ao meu aniversário, e despertei com a lembrança de um livro que havia recebido como presente de uma amiga em 2015, quando completei 40 anos. Na época, eu estava grávida e totalmente imersa em conteúdos relacionados à maternidade e aos cuidados com um bebê.
Entretanto, meu sexto sentido me alertou para guardá-lo, esperando o momento certo para ser lido. O livro em questão era Mulheres que Correm com os Lobos*, escrito por Clarissa Pinkola Estés.
Trata-se de um clássico feminino que aborda a natureza instintiva da mulher, seus ciclos, as perdas necessárias e as metamorfoses ao longo da vida. É uma leitura desafiadora, daquelas que só fazem sentido quando você acumula certa experiência e bagagem de vida, algo que transcende a idade cronológica.
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Um livro que me transformou
Algumas obras parecem dialogar conosco. Mulheres que Correm com os Lobos transmitia exatamente o que eu precisava ouvir naquele momento. Li e reli suas páginas, destacando trechos, adicionando anotações. Retornei à terapia quando concluí que precisaria de ajuda para compreender o que se passava comigo depois dessa leitura.
Passei silenciosamente por uma grande crise pessoal. As lágrimas vieram com toda força, resgatando dores, traumas, percebendo fraquezas, enxergando verdades sobre mim mesma difíceis de se ver. Eu não planejei nada disso, mas percebi a enorme transformação que se iniciava. E, sim, tive muito medo de enfrentá-la.
A transformação já está dentro de nós
A transformação não acontece sem esforço e dores. Requer introspecção, coragem e fé para abraçar o que está por vir. Honrar o que foi vivido, ressignificando as experiências, sem se tornar refém delas, é fundamental. Acolher a mudança e as oportunidades que ela nos traz é motivador. O livro me ensinou que a transformação é uma jornada pessoal, única e profunda.
E, como diz um trecho: “Pode ser que tudo não tenha acabado em um ‘viveram felizes para sempre’, mas, sem dúvida, existe, de hoje em diante, um novo ‘era uma vez’ à nossa espera.”
Agradeço mais um ciclo em sua companhia e desejo que seu próximo ano seja de alegrias, grandes realizações e, quem sabe, transformações! Feliz 2024!
Agradeço em especial às duas mulheres que me acolheram generosamente nesta jornada interior de morte e renascimento: Gisele Accioly, minha terapeuta, especialista em psicologia arquetípica, e minha colega da Vida Simples, Débora Zanelato. Obrigada por ouvirem meu “canto hondo”.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 262 da Vida Simples
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