Sobre se encantar
Às vezes precisamos nos dar esses tempos de simplesmente não fazer nada. Sozinhos. Entendendo que quem vai clarear nossa consciência seremos nós mesmos.
Às vezes precisamos nos dar esses tempos de simplesmente não fazer nada. Sozinhos. Entendendo que quem vai clarear nossa consciência seremos nós mesmos.
São as primeiras horas da manhã. Deixei meu filho na escola e, antes de ir ao escritório, resolvi parar num santuário no meio do caminho para meditar e agradecer. Sentei-me num banco que fica na parte externa, em um jardim rodeado de árvores e flores, e procurei sentir tudo, sem pressa, como há muito tempo não fazia.
Observei passarinhos que pulavam na grama, o jardineiro varrendo as folhas, pessoas que chegavam e saíam, com seus sonhos, suas angústias, esperanças e gratidões. Meus pensamentos ficaram estacionados por um momento e tudo que me veio à mente foi um encantamento puro e absoluto. Agradeci a oportunidade de poder estar ali.
Fico me questionando por que a gente para de se encantar com as pequenas coisas no dia a dia. Seriam as inúmeras obrigações, os compromissos profissionais e familiares, a internet e as redes sociais? Sim, provavelmente isso tudo, e mais um agravante: nós não sabemos mais parar, contemplar, viver devagar, sem nos cobrar. Eu sou assim, o tempo todo. Confesso. Vivo em um turbilhão para dar conta dos vários papéis e responsabilidades que tenho, me cobrando a todo momento. Paro quando estou de férias, mas mesmo assim sempre dou umas escapadas para o trabalho. Mas quero muito mudar esse status. Quero contemplar mais, observar por observar. Quero ler e ouvir música deitada no sofá, conversar com meus amigos olho no olho, brincar mais com meu filho, estar mais próxima de meus pais, namorar mais.
As coisas mais simples
Preciso fazer as coisas em um ritmo mais devagar, uma de cada vez, e deixar para depois o que pode perfeitamente ser postergado ou até, quem sabe, não realizado (será mesmo que precisamos fazer tudo?). Aqueles minutos sentada no banco foram como um convite para o que eu estava precisando mudar em minha vida.
Às vezes precisamos nos dar esses tempos de simplesmente não fazer nada. Sozinhos. Entendendo que quem vai clarear nossa consciência seremos nós mesmos. Que as coisas acontecem no momento certo de cada um, que basta estarmos abertos ao encantamento e à oportunidade de apreciação da vida, e dos movimentos aos quais ela nos conduz.
Nesse mesmo dia, à noite, meu filho que tem só 3 anos me chamou todo animado para ver algo fora de casa. Puxava insistentemente pela minha mão, e falava sorrindo “mãe, mãe, mãe…. olha a Lua!”. Quase morri… Foi mais um sinal para que eu não me perca no caos e pare para observar, com encantamento, a simplicidade da vida. A que realmente vale a pena viver.
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