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Segredos da sabedoria budista para parentalidade
Ana Klipper
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A escola avalia o conhecimento em múltipla escolha, o mundo pede alta performance e o mercado de trabalho cobra resultados imediatos. Por onde seguir quando o assunto é a educação, incentivo e conversas profundas com crianças tão pequenas ou adolescentes que, nem sempre, estão tão dispostos a conversar?

Esses dias tivemos um papo, aqui em casa, sobre resultados na escola. Uma das minhas crianças, que estava com uma nota mediana, dizia que não precisava ser a melhor da turma em matemática, que pra ela bastava tirar notas suficientes.

O pai respondeu sabiamente: “Realmente você não precisa ser a melhor ou campeã em qualquer coisa, mas tudo que a gente conquista com o nosso esforço… dá uma sensação bem gostosa no coração”.

A criança ouviu, virou as costas e disse: “Tá bom, acho que consigo fazer o meu melhor”. Às vezes, a criança só precisa ter um propósito que não seja a nossa própria satisfação. Encontrar o equilíbrio entre o incentivo e o respeito é o que, muitas vezes, nos faz perder o sono.

Perceber e reconhecer os sentimentos, mas não ficar obcecado por eles

Passado alguns dias da nossa conversa, retomei ao assunto sobre os resultados escolares e quis saber como ela se sentia para além do “OK” como resposta. E a partir daí consegui abrir um caminho de escuta, acolhimento e visibilidade em nossa relação.

Perceber, reconhecer e nomear os sentimentos é a base da regulação emocional saudável e diferente do que alguns pensam, nomear e reconhecer não é a mesma coisa que ruminação, nem mesmo perto disso.

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Fácil falar, difícil colocar em prática

E se nossas crianças tirarem uma nota baixa e se sentirem tristes? Se não alcançarem o resultado esperado em alguma avaliação, ou não forem escolhidas para algo que querem muito?

“Filho, você está bem?”

Não é nosso papel ou responsabilidade assegurar que nossos filhos estejam sempre felizes. É por meio da experiência e vivência dos ressentimentos e desafios que as crianças aprendem a lidar com eles. E para promover a saúde emocional a longo prazo, é necessário permitir que nossos filhos enfrentem períodos de desconforto e tristeza, pois isso os ajudam a desenvolver habilidades essenciais de enfrentamento emocional.

Quando pergunto, eu busco

Quando pergunto como meus filhos se sentem, a intenção nunca é para fazê-los se sentirem melhores, para eliminar suas emoções negativas ou para que se sintam felizes.

Quero que meus filhos aprendam a perceber e nomear suas emoções, porque isso os ajudará a lidar com situações e sentimentos difíceis ao longo da vida.

O curioso é que estudos recentes de neuroimagem descobriram que nomear sentimentos em palavras reduz a atividade da amígdala e outras regiões límbicas do cérebro associadas às reações emocionais fazendo com que o nosso sistema nervoso se acalme (por isso que conversar com alguém sobre os sentimentos, ajuda-nos a tolerar os desafios com mais facilidade).

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Aquilo que resistimos, persiste

Em um estudo clínico pesquisadores pediram às pessoas que colocassem uma das mãos em um banho de água gelada e aceitassem seus sentimentos de dor ou os omitissem. Aqueles que tentaram reprimir seus sentimentos relataram mais dor e não aguentaram a água gelada por tanto tempo quanto aqueles que aceitaram e falaram sobre seu desconforto.

A sabedoria budista oferece valiosos ensinamentos para promover o desenvolvimento saudável de nossos filhos.

Se sua determinação num único momento (ichinen) mudar, com certeza vocês, pais, e seus filhos acumularão o tesouro do coração e juntos construirão uma família harmoniosa.” (Daisaku Ikeda, Daibyakurenge Agosto 2016)

Aqui estão alguns passos importantes que podem auxiliar nessa jornada:

Novas experiências:

Permita que a criança explore e experimente coisas por conta própria, intervindo apenas em caso de perigo iminente.

Incentive as perguntas:

Encoraje a curiosidade da criança, lembrando que as perguntas fortalecem sua autoconfiança e entendimento do mundo ao seu redor.

Erros acontecem:

Equilibre a mensagem de que esforço é importante com a compreensão de que erros são oportunidades de aprendizado e crescimento.

Amor incondicional:

Demonstre amor e apoio incondicional à criança, independente das circunstâncias, promovendo sua autoestima e segurança emocional.

Deixe sentir:

Permita que a criança expresse suas emoções, mesmo que intensas, ajudando-a a compreendê-las e gerenciá-las de forma saudável.

Rituais:

Estabeleça rituais simples para trazer ordem, segurança e conexão familiar, como uma conversa matinal ou uma leitura noturna.

Incentive o pensamento positivo:

Reforce crenças e palavras afirmativas para promover uma mentalidade positiva e autoconfiante na criança.

Aceite limites e opiniões:

Respeite os limites e opiniões da criança, incentivando o diálogo e a compreensão mútua em situações desafiadoras.

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Ao colocar em prática esses ensinamentos, estaremos não apenas promovendo o desenvolvimento saudável de nossos filhos, mas também cultivando um ambiente familiar de amor, respeito e crescimento mútuo.

Agradeço você por dedicar seu tempo para ler essas preciosas reflexões sobre a jornada de criar filhos com sabedoria e amor. Espero que esses ensinamentos budistas possam inspirar e guiar você em sua própria jornada.

Se você gostou deste conteúdo, ficarei muito feliz em receber seus comentários e compartilhamentos. Sua interação é valiosa e ajuda a espalhar essa mensagem de positividade e crescimento. Lembre-se sempre da alegria que sua existência traz ao mundo e da importância do seu papel na vida daqueles que a cercam.

Por fim, convido você a conhecer mais sobre o universo da parentalidade e desenvolvimento pessoal, seguindo minhas duas dicas abaixo:

Newsletter: Eu escrevo todos os meses em Vida Simples, mas se você quer acompanhar conteúdos que não aparecem por aqui, eu mantenho uma curadoria do que escrevo em meu site Correnteza no Substack.

 Baralho da Gratidão: Deborah Dubner, psicóloga, professora, escritora e especialista em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfullness http://deborahdubner.com.br/

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Lembre-se, cada dia é uma oportunidade única de aprendizado e crescimento.

Obrigada por estar aqui e até o mês que vem!


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