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Se ideia todo mundo tem, o que precisa vir depois?
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Vai soar estranho, mas se você quer ser inovador, o primeiro passo é se desapegar das suas ideias. Calma. Desapegar é diferente de descartar. É deixar ir, como quem solta a mão de uma pessoa para que ela ande com as próprias pernas, sem interferência ou direcionamento. Tanto as pessoas, quanto as ideias precisam de espaço para crescer. Elas não nascem prontas.

Aliás, entre a inspiração e a inovação existe uma jornada, que só se iniciará se você não estiver muito apegado. Difícil, né? Então aqui vai um conselho pra exercitar: pare de pensar que sua ideia é um sucesso e vai te dar muito dinheiro. Não vai. Isso só tem chance de acontecer quando ela estiver aqui, do lado de fora da sua cabeça. Até lá, existem pelo menos mais dois passos.

O primeiro é o formato. Ele é o caminho que liga a sua ideia à realidade. Por mais que, a princípio, você confunda uma coisa com a outra, é importante deixar tudo bem separado. Existem muitas boas ideias que tomam péssimos caminhos e só por isso não funcionam. Quando você se deparar com uma dessas, reflita antes de tomar uma decisão. Às vezes a melhor escolha é apenas recalcular rota e tomar outra direção. Acredite, uma mesma ideia pode ganhar diferentes formas.

Vencida a primeira etapa, preocupe-se com a segunda. Criar valor real para as pessoas. Na jornada que liga ideia e inovação, essa seria a bagagem. Uma malinha de mão onde levamos apenas o essencial. Entretanto, o que mais vemos por aí é gente pagando excesso de bagagem, pra chegar ao destino final com muitas coisas que tem pouco valor. Pra dizer o mínimo. Alguns chamam de firula, outros de espuma. Eu chamo de desperdício, pra não restar a menor dúvida de que é algo desnecessário.

Pronto, chegamos à inovação? Não, ainda existe uma prova de fogo no caminho. Ou melhor, um teste para saber se sua ideia é mesmo tão boa quanto você acredita ser. Fale sobre ela para algumas pessoas. Se todas acharem muito bom o que ouviram, desconfie. É como diria a poeta: “estradas cheias de setas não dão em praias desertas”. Só as ideias medíocres são unanimidade. As incríveis e as horríveis tem algo comum entre si: produzem opiniões divergentes. Alguns amam e outros odeiam. Para saber de que espécie é a sua ideia, só conheço um jeito. Coloque ela o mais rápido e mais barato possível na rua e vá ouvir novamente o que as pessoas tem a dizer. Assim você vai saber se ela de fato resolve um problema que as pessoas tem e se está no seu melhor formato.

Se a resposta final for negativa, agradeça. É melhor errar qualquer caminho no início do que no fim. E se for positiva, agradeça e respire fundo. Ali na frente começa outra jornada.

Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, às sextas-feiras.

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