Querido Julho!
Estamos vivendo um tempo em que não sabemos o que sentir, o que pensar, o que desejar; com todas as emoções afloradas exalando pelos poros
Estamos vivendo um tempo em que não sabemos o que sentir, o que pensar, o que desejar; com todas as emoções afloradas exalando pelos poros
Dia desses bati um papo reto e direto com Sra. Quarentena, e já que você está chegando nesse 2020 e ainda não deve ter entendido nada do que tá acontecendo pelo mundo, sugiro que puxe a cadeira e sente – cuidado pra não desmaiar; a situação é bastante atípica. Notícias pra lá de estranhas circulam por todos os lados! As coisas estão muito diferentes desde a última vez que você passou por aqui.
Se lá no início de março, quando acreditávamos que o ano, finalmente, começaria, já era difícil imaginar como seria o semestre, imagina agora, com sua chegada, delimitando que a primeira metade de 2020 se encerra. E cá estamos, todos recolhidos em nossos casulos, escondendo-se de um vírus invisível e cruel. Parece que, mais do que nunca, a palavra resiliência fez-se necessária na vida de todos nós, porque o amanhã ninguém consegue mensurar, mas precisamos todos seguir a estrada. Sabe, Julho, adaptar-se às mudanças com criatividade tem sido tão importante quanto respirar.
Se eu pudesse, hoje, pedir a você algo especial, pediria encontros reais e abraços apertados. Mas ok, todo mundo (literalmente) sabe que agora só nos resta ficar em casa, diluir as saudades e cuidar de nós mesmos pra aguentar esse choque chamado pandemia. Ah, se também pudermos cuidar uns dos outros, será ainda mais incrível!
Escute um pouco, Julho
Você, que carrega no calendário a responsabilidade de ter uma das datas comemorativas que eu mais respeito – o Dia do Amigo, por favor entenda, dos amigos estamos todos imensamente saudosos! Eu sei que você deve estar pensando “agarre-se virtualmente aos seus, é o que temos nesse momento”, e eu concordo, mas confesso, a vontade de dar e ganhar um abraço apertado não dá nem pra explicar, chega a doer o peito!
Se você me pedisse pra citar algumas palavras nesse momento, eu diria: empatia (vivemos tempos em que se colocar no lugar do outro tem sido fundamental) e esperança (sem ela, a gente não pode nem deitar pra dormir, pois é o que move nosso desejo de que essa pandemia logo acabe. Mas confesso que tá muito difícil manter a chama dessa tal esperança acesa, têm dias que dá vontade de passar o mês inteirinho de pijama e pantufas).
Resumindo, estamos vivendo um tempo em que não sabemos o que sentir, o que pensar, o que desejar; com todas as emoções afloradas exalando pelos poros. Tempos de chorar sem motivo, rir de nervoso, e deixar a vida nos levar.
Por ora é isso, querido Julho, seja bem-vindo! Por favor, não se assuste com minhas palavras “reais, sem filtro”. Na verdade de escuta também estamos precisados, e aproveitei para, hoje, pedir o seu ouvido emprestado!
Seja bonzinho conosco, por favor! E, se puder, mande sinais!
Beijos meus!
Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu Instagram é @lugastal.
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