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Quando o corpo nos fala, melhor não ignorar
(Foto: Martin Adams/Unsplash)
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Havia 15 dias que uma dor de cabeça não passava. Além disso, minha memória esta­va falha, meu pensamento não concatenava coisa com coisa, e eu me sentia incompe­tente demais. Não tinha energia nenhuma e o sono estava ruim. Mesmo assim, eu con­tinuava sem parar.

Depois de alguns dias relutando, consultei minha psiquiatra de confiança e veio o diagnóstico: burnout. Mas, como assim? Eu, a pessoa que cuida da Vida Simples e que é tão ligada em autocuidado, equilíbrio de vida e bem-estar, poderia estar em burnout?

Eu chorava na consulta, culpando-me por isso estar acon­tecendo comigo. “Lu, você precisa perceber que é humana e que o esgotamento pode acontecer com qualquer um de nós!’, disse­-me a Dra. Thais.

Além de ajustar a medica­ção, a recomendação foi tirar férias, entrar em contato com a natureza e me desconec­tar do trabalho e das responsabilidades.

O corpo envia sinais

Desde janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde reconhece os efeitos do estresse crônico causado pelo ritmo de trabalho como parte de uma doença ocupacional que apresenta sintomas físi­cos e emocionais.

Pessoalmente, não acho que seja apenas o excesso de trabalho o causador, mas, sem dúvida, muitos de nós têm o ofício como um escape para proble­mas da vida. Enfrentar essas dificuldades, muitas vezes, parece mais desafiador, e acabamos direcionando nossa energia para a profissão, ainda mais quando se ama o que se faz, como é o meu caso.

Sem alarme, não há mobilização. Quan­do o corpo nos fala, é muito importante não o ignorar. E, não, não é fraqueza, mas uma forma de respeitar nossos limites e garantir que possamos continuar a con­tribuir de maneira saudável e produtiva, onde quer que estejamos.

Eu diria que aprender a fazer isso sem culpa é uma habilidade essencial para qualquer pessoa que queira manter o equilíbrio entre vida profissional e pesso­al. Entretanto, também conheço na pele as dificuldades de se alcançar esse feito em tempos tão incertos e de responsabilida­des pessoais, como adultos que somos.

Mas, se não pararmos, talvez o corpo nos pare obrigatoriamente. Dói. Assusta. Mas também é através dessa rachadura que um feixe de luz pode clarear a percepção e apontar novas escolhas.

Ao nos permitir momentos de descanso e reflexão, protege­mos nossa saúde e garantimos que conti­nuemos a viver, a educar filhos, a trabalhar com mais alegria e a deixar um mundo me­lhor.

Se tudo isso for possível em uma ocu­pação que gostemos, maravilha. Se não for, será que não é hora de parar e repensar?

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Ser coerente é simples e complexo ao mesmo tempo
Qual é sua missão pessoal?


Conteúdo publicado originalmente na edição 272 da revista Vida Simples

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