Quando nada sai como o planejado…
A vida nos surpreende o tempo todo. Mesmo quando achamos que temos tudo sob controle, as cosias saem do planejado
“Se você está preocupado se algo vai sair como você imagina, não se preocupe, porque não vai”. Li uma frase mais ou menos assim, dia desses, na internet. Talvez ela tenha me atraído justamente porque agora eu sou capaz de concordar –e sobretudo rir – com tal afirmação.
Lidar com o fato de que algo não vai sair como o planejado sempre foi assustador para mim. Lembro, ainda criança, de imaginar cenários e situações, idealizando como elas deveriam acontecer. Resultado: frustração. E, pior, um sentimento de que eu não tinha sorte o bastante para o Universo cooperar com o meu planejamento. (Que egocentrismo, aliás).
Soltando o controle
Mas se tem algo que eu aprecio nesta existência – e talvez por isso seja uma entusiasta de Vida Simples – é a nossa capacidade de transformação interior. De ganhar consciência e mudar formas de agir que não nos fazem bem (que bom que existe terapia!). Idealizar, planejar e desejar são naturais do ser humano. O problema é quando, de forma desmedida, queremos controlar tudo, acreditando que é possível dar conta do mundo e subvertê-lo ao nosso desejo. Na-na-ni-na-não.
Soltar o controle, para muitas pessoas, pode parecer absurdamente assustador. E eu sei bem. “É como se tornar um barco à deriva”, eu dizia a mim mesma internamente. Quando podemos desenvolver autocompaixão e compreender, honestamente, que muito pouco está sob nosso inteiro controle, a gente enfim relaxa. Para de lutar contra. E passa a trabalhar com aquilo que se apresenta.
Nada sai como o planejado – e que bom!
Olhando para trás, percebo como eu tinha medo do que poderia ser diferente. Mas como é valioso fazer um constante exercício – especialmente nas pequenas coisas – de confiar, de acreditar que mesmo se não sair como o planejado, ainda assim pode ser bom. É a partir dessa abertura, de não se prender apenas ao resultado em si, que a gente também pode arriscar mais. Também pode se jogar no mundo, se lançar às oportunidades e estar aberto ao que a vida quer nos entregar.
Eu nunca vi algo sair exatamente como o planejado. Nunca. Será que você já? Às vezes algo saiu pior, outras, melhor. Ao longo da vida, entendi que plano a gente aprimora – e, para aprimorar, primeiro uma versão beta precisa existir. Escrevi tudo isso pra dizer que, enquanto a vida anda (“o tempo está passando, Sueli”), a gente pode aproveitar o que tem e fazer o melhor dentro do que é a nossa possibilidade. Ainda que o resultado não seja o esperado. É assim que a gente se permite arriscar, tentar, falhar. E viver.
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