Precisamos desenvolver a humildade

Precisamos desenvolver nossa humildade, observando nossas reações às contradições pelas quais passamos, aos nãos que recebemos, às opiniões, que muitas vezes só querem nos alertar para algo melhor

Há um tempo, tive uma conversa um pouco mais dura com meu filho, que tem 4 anos. Na volta para casa, irritada, coloquei-o numa cadeira, chamei seu pai e a Ivonete, a babá, e comecei a passar aquele sermão na frente de todos. Ele ouviu sem questionar, sentadinho, com aquele olhar tímido, olhando para baixo. Meu coração se partia, mas era necessária a dura.

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A Ivonete trabalha comigo há 17 anos. Começou me ajudando quando eu ainda tinha um escritório em casa, e precisava me desdobrar para dar conta de todas as atividades de um pequeno empreendedor. Ajudava-me com as compras, a comidinha feita em casa, a manutenção da casa-escritório, a entrega dos correios. Aprendemos muita coisa juntas, pois eu acabara de sair da casa dos meus pais e ela iniciava sua vida profissional. Temos idades parecidas, mas ela foi mãe dez anos antes de mim. E, naturalmente, assumiu a função da babá, por ser de extrema confiança e afetuosa, e por já ter um filho.

Paciência e desenvolvimento

Devido à nossa proximidade e confiança uma na outra, ouço muito o que ela me fala sobre a educação de uma criança. No mesmo dia do sermão, ela se sentou ao meu lado e comentou que, apesar da dura ter sido necessária, eu podia ter feito de forma mais amorosa. Primeiramente, que eu sempre deveria pedir ao filho que olhasse firme em meus olhos e não o deixasse ficar cabisbaixo. Que não precisava ser na frente de todos. Que eu tinha de tomar cuidado para não repreender cada pequeno comportamento transgressor, pois aquilo poderia refletir na sua identidade futura – ser bonzinho demais para agradar.

Lições que ela mesma aprendeu por coisas que hoje se arrepende de ter feito. Só quem é mãe sabe o quanto é difícil ouvir uma opinião sobre a educação do seu filho, mesmo sendo de alguém próximo. Muitas vezes nos perdemos em meio ao nosso ego de querer sempre estar certos. Falta-nos humildade em reconhecer as falhas. Mães também erram.

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Humildade, que tem sua origem em “húmus”, terra, muitas vezes é confundida com aquele que tem menos condições. Não! Humilde é a pessoa aberta para a vida, para a transformação, para o crescimento, para o acolhimento da ajuda de outros, virtude fundamental para a nossa convivência. Precisamos desenvolver nossa humildade, observando nossas reações às contradições pelas quais passamos, aos nãos que recebemos, às opiniões, que muitas vezes só querem nos alertar para algo melhor. Tendo paciência, mas, principalmente, acolhendo o que querem nos dizer. Obrigada, “Ivo”, pelos ensinamentos!

Luciana Pianaro é administradora e empresária. Em abril de 2018 comprou a marca Vida Simples e todo seu acervo para que a voz que ela havia construído desde 2002 não deixasse de existir.  Seu Instagram é @lucianapianaro