Por um ano mais simples
A complexidade da vida é, em parte, vinda do mundo, de fora, mas uma boa parte, senão a principal, é gerada por nós mesmos
A complexidade da vida é, em parte, vinda do mundo, de fora, mas uma boa parte, senão a principal, é gerada por nós mesmos
Eu sou muito grata por estar rodeada de pessoas o tempo todo. Tenho a riqueza dos amigos, o privilégio dos colegas de trabalho, a oportunidade dos clientes, o amor da família. Com todos, converso sobre as coisas práticas do cotidiano, e também sobre as aspirações da vida; afinal, essas duas dimensões estão conectadas. Percebo que uma das ambições mais comuns entre todos hoje em dia é conseguir levar uma vida mais simples.
Especialmente nesta época de começo ou final de ciclo, nos dedicamos à infalível e implacável tarefa de realizar análises e verificar a distância entre o proposto e o realizado. E mais uma vez pensamos sobre o que fazer para diminuir o caos, encontrar mais tempo para o que realmente importa, ser seu próprio comandante.
E aí percebemos que vivemos em um constante embate entre a força de nossa intenção e o poder da complexidade de um mundo que não controlamos. Mas é preciso continuar, ninguém disse que seria fácil viver. “A vida é boa, viver é que é complicado”, dizia uma querida amiga, que agora só vive em minhas lembranças.
Lembro-me com muita clareza de uma sessão de terapia no final de algum ano atrás. Eu, a queixa personificada, lamuriosa com a quantidade de tarefas, responsabilidades e desejos, e Verinha, minha serena terapeuta, com seus olhos lânguidos e cabelos sempre impecavelmente escovados, que me lançou a pergunta fatal: “O que acontecerá se você não conseguir realizar tudo isso?”.
Simplificar
Eu fiquei totalmente consternada, sem resposta. Nada. Não aconteceria nada grave. Naquele dia me dei conta de que a expectativa maior sobre mim não era dos outros. Era minha… E que a capacidade que eu havia desenvolvido a vida inteira para criar complicações era maior do que a de promover simplificações. A parte boa é que isso me convidou a olhar para a forma como eu levava as atividades e os problemas, e o ganho foi imenso.
A complexidade da vida é, em parte, vinda do mundo, de fora, mas uma boa parte, senão a principal, é gerada por nós mesmos. Foi quando decidi que o primeiro passo para simplificar minha vida seria parar, eu mesma, de complicá-la. Não tem sido um caminho fácil, mas tenho tentado, corrigindo a rota sempre que necessário, aprimorando todos os dias. Com muito mais amorosidade e sem vitimização.
Com desejo profundo de que tenhamos (e façamos) um ano novo mais simples. Mais alinhado ao que verdadeiramente faz sentido.
Luciana Pianaro é administradora e empresária. Em abril de 2018 comprou a marca Vida Simples e todo seu acervo para que a voz que ela havia construído desde 2002 não deixasse de existir. Seu instagram é @lucianapianaro
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