Por que nos casamos?
Nos casamos para quando passada a fase da paixão, nasce o amor maduro, aquele que aceita nossas imperfeições e valoriza a cumplicidade
Quem nunca desejou, em meio à sua jornada, dividi-la com alguém? Maio é comercialmente o mês dos casamentos e nos leva muito a refletir: por que nos casamos?
Já vou dar um spoiler aqui: talvez a paixão nos leve ao altar, mas é o amor que nos mantém unidos, após a festa.
A paixão é um incêndio que não conhece limites, que pula muros, enfrenta o mundo e quebra regras, tudo em nome do seu desejo ardente.
Mas esse lugar, conquistado a ferro e fogo, só se sustenta se a paixão amadurecer em amor, evoluindo da posse para o apreço, do querer ter para o querer estar junto.
A paixão nos seduz com a ilusão da perfeição, enquanto o amor nos enraíza na verdade imperfeita de quem somos e daqueles que escolhemos. Nos casamos em um “felizes para sempre” que é menos conto de fadas e mais escolha consciente e diária.
Nos casamos para menos flutuar nas nuvens do desejo e mais encontrar direção no amor, que torna a jornada significativa. Afinal, a vida não é feita apenas de aventuras eletrizantes.
Há dias comuns, desafios constantes e trabalho árduo, exigindo mais amor do que paixão, mais atos concretos do que palavras poéticas. Nos casamos por atos simples como lavar a louça, levar o lixo para fora, colocar os filhos para dormir.
É um convite diário para deixar de lado o egocentrismo juvenil e abraçar uma maturidade que se lança numa competição de generosidades.
Nos casamos para uma jornada que redefine nossa noção de tempo, apagando todas as pequenas mágoas do começo e desmontando temores futuros.
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Um encontro de almas
Nos casamos para celebrar juntos os dias ensolarados e se aninhar nos invernos da alma, sem julgamentos ou conselhos, mas com um silêncio que ecoa em nossa dor, assegurando que não estamos sozinhos.
Em meio à ostentação narcisista que nos rodeia, é sentir a mão do outro apertando a sua por baixo da mesa, num gesto de admiração e conexão, como quem diz: “Não precisamos de nada disso para ser felizes”.
Amar fortalece, mas ser amado nos impulsiona a superar desafios. Com o passar dos anos, nossos corpos carregam as marcas da vida, os cabelos branqueiam, o vigor diminui, mas o amor não esmorece.
Como um bom vinho, a alma envelhece bem e canta: “Talvez eu seja, simplesmente, como um sapato velho. Mas ainda sirvo, se você quiser. Basta você me calçar. Que eu aqueço o frio dos seus pés”.
Como se disséssemos: “Fica comigo, meu amor, o melhor ainda está por vir”.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 267 da Vida Simples
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