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Por que muitos casamentos acabam com a chegada dos filhos?
Drew Hays
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Vocês se sentiam prontos para ampliar a família e, enfim, o bebê chegou. E, com ele, também um cansaço enorme, uma sobrecarga inimaginável, pensamentos diferentes de como educar uma criança e uma desconexão sem tamanho. De repente, brigas começam a ser cada vez mais frequentes e você se pergunta: “Onde foi parar aquele amor?”. O casamento já não parece mais o mesmo. Apesar das dificuldades, o fim do relacionamento não precisa ser a única solução. A seguir, vamos entender melhor como lidar com todas essas mudanças.

A pressão das famílias perfeitas nas redes sociais

Somos constantemente bombardeadas com imagens e histórias de famílias “perfeitas” nas redes sociais. Crianças sempre sorrindo, pais que parecem ter tudo sob controle, lares perfeitos e cheios de amor.

Por trás dessas imagens filtradas, está uma realidade que muitos de nós vivenciamos: momentos de dúvida, sentimentos de isolamento, questionamentos sobre se estamos fazendo isso “certo” e o contínuo equilíbrio entre trabalho, maternidade e a falta do autocuidado.

Quer se trate do mito de que os bebês devem dormir a noite toda, de que as crianças pequenas devem saber dividir os brinquedos, de que os meninos não devem chorar, de que as crianças grandinhas devem saber se comportar, de que os pais devem controlar os seus filhos ou que os casais são como eternos bobinhos apaixonados, estas expectativas colocam fardos desnecessários e irrealistas sobre todos: mães, pais e filhos, roubando a maravilha da maternidade e a alegria nas relações.

A pressão para se adequar a esse cenário pode parecer esmagadora. Chegamos no final do dia todos exaustos e não nos restam energia para tirar os olhos do celular e fazer algo diferente do que passar as últimas horas deslizando o dedo até adormecer o cérebro e a alma. O dia amanhece e tudo permanece igual, quer dizer, nem sempre igual, pode ser pior. Criança doente, filhos irritados, mães sobrecarregadas e relações desconectadas.

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O problema do casamento são os filhos?

A resposta é não. Cada história que contamos para nós mesmos, seja sobre casamento ou vida, envolve julgamentos sobre os fatos essenciais, os detalhes que desejamos destacar e a impressão que buscamos criar.

Muitos dos desafios que enfrentamos nas nossas relações, seja discussões por dinheiro, casos extraconjugais, dependência, filhos, tornam-se crises quando os casais não têm as habilidades emocionais e relacionais essenciais para lidar com essas situações adversas.

A habilidade de analisar sua própria história e entender como essas narrativas influenciam as emoções é uma competência fundamental que auxilia os casais a fortalecerem sua relação ou, pelo menos, a tomarem a decisão de se separar pelas razões certas.

A importância dos primeiros vínculos na infância

Durante nossa vida, selecionamos quais aspectos de nossa história iremos destacar e quais ocultaremos, uma prática que se estende aos nossos relacionamentos amorosos. Com um papel relevante em nossa vida adulta, os relacionamentos são um lugar em qual buscamos entender se nossa vida “faz sentido” e se estamos progredindo ou estagnadas.

Os bebês são programados para o apego e vínculo seguro, e as respostas dos pais e cuidadores à essa busca são primordiais para moldar o comportamento do adulto que se tornará, formando toda a base para as expectativas nos relacionamentos íntimos.

Vou explicar, a história que contamos sobre nossas relações não é simplesmente sobre o que está acontecendo no aqui e agora, mas também se baseia em nossas experiências dos nossos relacionamentos na infância. Se esse apego for amoroso, atencioso e o vínculo seguro, vamos crescer sentindo que estamos seguras em nossos relacionamentos e nos sentiremos livres para avaliar as situações e pensamentos que surgirem. Quando isso não acontece, é comum nos sentirmos inseguras e sem repertório para lidar diante das situações desafiadoras.

Com a autoconsciência, nós temos a capacidade de notar, por exemplo, que toda vez que experienciamos uma sensação de carência e dependência, prontamente nos tornamos atentas ou defensivas, possivelmente devido à negligência ou punição associada à carência durante a nossa infância. Ao compreender as origens de nossas respostas atuais, conseguiremos vencer o receio de sermos rejeitadas ou menosprezadas.

A observação curiosa pode te ajudar a fazer uma nova história

Imagine que você visite uma amiga e veja ela agindo com gentileza e paciência ao lidar com a criança em um comportamento desafiador. A simples observação disso pode te instigar a novas ideias sobre como lidar com os seus filhos em determinados momentos, algo que pode ser diferente do que você experimentou na sua infância ou fez em circunstâncias semelhantes.

Essa consciência, junto com as emoções que você sente, pode se tornar um ponto de reflexão ao moldar sua própria história. E isso se aplica também aos relacionamentos conjugais.

Como melhorar o casamento por meio de diálogos afetuosos

Para quem está passando por uma fase difícil, é hora de olhar para dentro e ser honesto consigo mesmo primeiro. “O que estou sentindo, estou ok com isso?” Olhe para si mesmo e tente expressar suas emoções para que possa ser ouvido.

Depois de explorar seus sentimentos pessoais, você poderá iniciar o processo de reconectar seu relacionamento seguindo algumas das seguintes possibilidades:

1) Mantenha os canais de comunicação abertos

Torne a comunicação uma prioridade até que você e seu parceiro(a) estejam caminhando em uma direção positiva. Isso pode levar dias, semanas ou até meses, mas se você continuar conversando e compartilhando seus sentimentos, as coisas tendem a melhorar.

2) Saiba se desculpar quando sentir que precisa

A autoconsciência e a autorresponsabilidade são fatores milagrosos no relacionamento. Ajuda muito se você puder dizer: “Vejo que o que estou fazendo é difícil e estou tentando mudar isso”.

3) Reserve tempo para a intimidade

Não somente a intimidade física, como também a emocional e espiritual, desempenham um papel muito importante nos relacionamentos, olhe com cuidado para isso também.

4) Discuta seus sentimentos em tempo real

Mesmo que possa parecer um pouco estranho no início, se você se comprometer a comunicar suas emoções à medida que elas surgirem, isso evitará que elas se espalhem de outras maneiras. Quando não sabemos o que estamos sentindo ou não comunicamos, acabamos reprimindo nossas emoções e por consequência, explodindo.

5) Compreenda qual história você está contando sobre o seu momento

Todos nós temos a oportunidade e a responsabilidade de ter curiosidade sobre que tipo de narradora somos e como isso molda a história que contamos para nós mesmas. Mesmo nos momentos em que o relacionamento parece doloroso, cheio de conflitos, entediante ou previsível, ainda podemos estar interessadas em compreender a história que estamos contando sobre ele. E isso pode fazer toda a diferença.

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Duas indicações bem especiais para te auxiliar nesse caminhar

Para ler: As pessoas hoje em dia têm a pretensão em fazer com que os seus casamentos durem vidas mais longas tanto para a saúde quanto para o bem-estar dos seus filhos e para os seus próprios. Mas permanecer casado nem sempre é fácil. No livro The Rough Patch*, a psicóloga clínica Daphne de Marneffe explora os desafios da relação a dois, onde nossa necessidade de nos desenvolvermos como indivíduos pode chocar-se com as demandas de nosso relacionamento. Você pode assistir uma entrevista dela aqui: Talks at Google.

Para ouvir: Meu PodCast – Mariana Wechsler: um podcast de histórias reais, de todos os tipos de pessoas e como elas se encontram, se amam e enfrentam a vida ao lado das crianças que convivem. Eu ouço a história, compartilho o meu conhecimento e juntas construímos histórias que cuidam de você, de mim e de todas.

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