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Permita-se fazer arte: todos somos artistas
Rifqi Ali Ridho | Unsplash
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Ei, psiu! É com você mesmo que quero conversar. Você já refletiu sobre por que uma criança encara qualquer desafio como se fizesse parte do seu cotidiano?

Coloque um aparelho eletrônico nas mãos de um adulto e outro nas mãos de uma criança; no primeiro caso, antes de qualquer ação prática, o manual de instruções será atentamente lido e relido; já no segundo, o aparelho será ligado em pouquíssimos minutos; as mãozinhas obedecerão ao comando curioso até o aparelho dar sinal de vida.

E não se trata de experiências digitais; entregue um lápis e um papel em branco a cada um, peça para desenhar uma casinha, e surpreenda-se: enquanto um levará, no mínimo, meia hora pra iniciar o rascunho de uma casa incrível, com dois andares, janelas milimetricamente planejadas, etc, etc, o outro imediatamente traduzirá, em poucos riscos e rabiscos, uma história incrível, com a possibilidade de que naquela casa habitam pessoas bacanas que vivem bons momentos.

Tentativas sem medo do erro, simples assim! Como se não bastasse a genuína curiosidade e inexistência de qualquer temor, crianças desconhecem o julgamento alheio e, dessa maneira, têm, literalmente, o mundo em suas mãos. Podem ser pequenos de tamanho e idade, mas são gigantes no quesito autenticidade.

Acredito fortemente que o hábito de pequenas pausas para simples ações feitas a nós mesmos equilibra o dia a dia, atualmente tão competitivo e acelerado. Nesse contexto, cito a frase do polêmico escritor Kurt Vonnegut: “Praticar uma arte, não importa quão bem ou mal, é uma maneira de fazer a sua alma crescer, pelo amor de Deus! Cante no chuveiro. Dance ao som do rádio. Conte histórias. Escreva um poema a um amigo, mesmo um poema ruim. Faça-o melhor que conseguir. Você vai ter uma enorme recompensa. Você terá criado algo.”

Ok… eu sei que você está aí pensando “Ah… mas não tenho dom algum para a arte”.  Muita calma nessa hora! Se buscarmos a tradução da palavra ARTE no velho e bom amigo dicionário, entenderemos que ela está mais próxima de nós do que imaginamos. Veja:

Arte (do termo latino ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada através de uma variedade de linguagens, tais como arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro, cinema, em suas variadas combinações. O processo criativo se dá a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.

Convido você a ler novamente a frase de Kurt Vonnegut, e proponho um desafio, um genuíno e despretensioso exercício: tente incluir no seu dia de hoje uma (apenas uma) ação que seja ARTE, ao seu próprio olhar! Busque nesse instante uma dose de generosidade consigo mesmo e observe o seu sentimento durante esse processo.

Teste outras vezes, permita-se diversas ações e faça breves pausas na rotina. Liberte-se de suas amarras adultas, permita-se ser como uma criança mais vezes! Cante no chuveiro, dance ao som do rádio (ok… tempos de spotify, mas tá valendo), escreva poemas, mesmo que ruins. Ligue para um amigo e marque um encontro, que seja um suco ou um café na padaria da esquina – cultivar relacionamentos é uma verdadeira arte!; cozinhe algo gostoso pra você mesmo; plante uma flor, um chá, e regue com carinho para que cresça e floresça. Faça qualquer coisa que puder lhe proporcionar algum momento especial, mesmo sem ter a certeza de que o resultado será incrível.

Se o mundo insiste em nos cobrar resultados incríveis, por que não dizer a ele que espere alta performance constante de outras pessoas? Se a gente entregar ao mundo, e sobretudo, a nós mesmos, pequenas, simbólicas e/ou simples ações, teremos criado algo, e essa poderá ser a ARTE de cuidarmos de nós mesmos.

Nas minhas conexões através de andanças pelo Brasil e redes sociais, esta é a mais frequente afirmação “não consigo incluir a arte na minha vida porque não sou uma pessoa criativa”. Será mesmo?! O que, afinal, significa essa tal CRIATIVIDADE?

Bem, esse é um assunto para nosso próximo encontro. Daqui dois sábados, prepare cedo a caneca de café e estarei aqui te esperando. Beijos meus!


Lu Gastal
trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu instagram é @lugastal.

 

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