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Você já se perguntou o que é necessário para se criar um lar?
Nine Koepfer (Unsplash)
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Queremos um vínculo maior com o morar, porém nos esquecemos de como conseguir manter essa conexão.

Todos nós temos o desejo de ter um lar que possa refletir quem a gente é de verdade. Colocar um pouquinho de nós em um lugar que antes era construído apenas de cimento e tijolo, hoje nos desafia com um significado maior: saber quem somos, o que queremos e de que maneira podemos manifestar as respostas que encontramos materializadas no dia a dia em nossos ambientes. Diria que a necessidade de conseguir expressar nossos “eus” internos nos espaços que habitamos nos acompanha por séculos.

Porém, em geral, nos dias atuais, temos tendência a ignorar o quanto essa falta de auto-observação — devido a vida agitada que levamos — afeta a busca por esse caminho de conexão com nossos espaços. Perceba que olhar para nós — mesmos através dos nossos hábitos, sentimentos e emoções temperados com os melhores momentos de nossa vida — ajuda a nos estampar por todos os cantos da casa. Convivemos com muitos aspectos da nossa personalidade. E, sendo assim, precisamos de uma casa onde possamos realizar essas diferentes pessoas.

Pertencer ao espaço

Experimentar com consciência uma vida doméstica em direção a felicidade genuína de pertencer ao espaço, torna inevitável a colheita dos benefícios dessa ação. Possibilitar a nós mesmos pequenos atos no nosso cotidiano. Limpar um armário, fazer as refeições em casa com mais frequência. Ou decidir passar algum tempo pela manhã nos organizando com nossos planos, pensamentos e sentimentos. Espalharmos por nossa casa e criar um lugar cheio de manifestações de nossa existência

criar um lar

Vicky Sim (Unsplash)

Confesso que só entendi essa relação de troca ficando bastante tempo em casa. E se você for como eu entenderá sobre o que estou falando. Lembre-se de que tudo que recebe atenção floresce. Renovamos a casa e ela nos renova. Desejamos algo que nos traga segurança, algo que permaneça conosco, sem soltar da mão. Como um anel que a gente não tira mais.

Coleções

Queremos olhar para nossa casa e encontrar muito mais do que uma coleção de pertences. Transformar aquele jogo de jantar que herdamos de nossas mães. Toalhas bordadas pelas nossas avós. Lembranças que trouxemos de viagem. Peças de cristais guardadas a tanto tempo no armário, em algo que nos ajude na percepção do quanto um ambiente cheio de afeto traz acolhimento e cuida da gente. Queremos criar esse lar para que possamos nos enxergar nele. Um lugar que nos nutri permeando toda a nossa essência, que nos abraça como um colo quentinho para se aninhar e processar os eventos do dia que já se foi. Um lar que ofereça conforto físico, emocional e espiritual. Tão rico, que nos ajuda a aumentar as reservas de generosidade e compaixão que dispomos para usar com nós mesmos ou com quem amamos.

O simples ato de tomar conta do nosso morar. E de todos que ali vivem pode se tornar uma prática tão importante quanto respirar. Mesmo que sua casa não seja perfeita, ela é sua. É o lugar onde você doa algo de si mesmo e, em contrapartida, recebe essa energia de volta. Em casa mostramos ao mundo o que a gente gosta, nossos valores, e pelo que nos interessamos. É onde mapeamos a rota de nossas vidas e percebemos a necessidade de cultivar a alma, demonstrando respeito, admiração e gratidão por estarmos ali desejando ser felizes mais do que nunca.

Manter presença nesta ação requer esforço. Porém saber sentir o que a alma gosta não é difícil. Sua alma quer o mesmo que você quer, aquilo que te faz sentir. Assim criamos um lar. E isso é das melhores coisas que existem na vida.


Clô Azevedo é arquiteta e acredita que a casa é uma extensão das vidas que a habitam. Desenvolve projetos de design de interiores afetivos para conectar pessoas com suas histórias, inspirando a reinventar seu próprio espaço, morar bem e viver melhor. Seu site é designafetivo.com.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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