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O dia em que preferi a autenticidade à originalidade
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Neste artigo:

Às vezes, nos preocupamos demais com a possibilidade de nossas ideias parecerem banais e deixamos escapar oportunidades de compartilhar com o mundo o que temos de melhor.

“Há duas guerras, a Pequena Guerra e a Grande Guerra.

A Pequena Guerra ocorre no mundo.

A Grande Guerra ocorre dentro de você”.

Este é um trecho de uma escritura islâmica que sempre trago para minha vida quando estou diante de algo que sinto ser uma falsa ilusão construída dentro de mim.

Ao longo desse meu quase meio século de vida, já travei grandes guerras internas e ainda mantenho alguns duelos na minha cachola, mas confesso que hoje tenho escolhido trincheiras menos bélicas para os meus pensamentos.

Neste texto, quero trazer uma passagem recente de minha vida que ilustra bem o quanto precisamos confiar na nossa própria história. Ela é única.

Livro

Durante um bom tempo da vida, a possibilidade de minhas ideias parecerem banais aos olhos dos outros me preocupava demais, a ponto de eu considerar que elas não mereciam ser levadas além do meu pequeno círculo social. Temia que não fossem originais.

Eu me lembro de quando surgiu a ideia de escrever um livro sobre minha história de deixar a vida executiva depois de mais de duas décadas de empresa para repensar a trajetória, descobrir outras potencialidades e me abrir para o novo. Fiquei animado, num primeiro momento, mas logo fui tomado por pensamentos do tipo: “Nossa, o que não falta são livros de pessoas contando suas mudanças de carreira, de buscas por propósito, sentido”, ou “Quem é você e o que tem de interessante na sua vida que outros possam querer saber” e por aí vai…. O download de julgamento que fiz em pensamentos era interminável.

Claro que muitas coisas não deixam de ser verdade. Muitos livros já foram escritos com os mais variados estilos de narrativas e formatos. Basta uma rápida passada numa livraria para constatar o volume nas prateleiras, mas… um livro não foi: o da minha história.

Tomei coragem e, depois de alguns duelos internos, materializei, em 2018, o “45 Do primeiro tempo – o que o sabático me ensinou sobre propósito de vida e carreira”. Foi um processo catártico e, em pouco mais de três meses, gestei o livro. Com ele inaugurei também o que se tornou uma espécie de mantra para a minha vida, principalmente quando sinto que a dúvida que me ronda mais parece medo do julgamento.

E daí?

E daí que muitas histórias giram em torno das mesmas ideias ao longo de gerações?

E daí que já existem outras publicações nesse sentido?

E daí que alguém já filmou o documentário sobre seu assunto favorito?

E daí que alguém já empreendeu na sua área de atuação?

E daí que os outros vão pensar sobre suas escolhas?

E daí…?

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Originalidade versus autenticidade

No livro “A Grande Magia – Vida Criativa Sem Medo”, a escritora Elizabeth Gilbert (autora também de “Comer, Rezar e Amar”) lembra que a autenticidade comove mais que a originalidade, pois quando colocamos a própria paixão em uma ideia, essa ideia se torna nossa.

Acontece que tentativas de fazer algo original, muitas vezes acabam parecendo forçadas e afetadas, porém, a autenticidade tem uma ressonância singela que mexe com todos.

Pode reparar, aquilo que te toca profundamente vem de um só lugar: o coração.

O que isso significa?

Que suas próprias razões para criar bastam. Ao simplesmente correr atrás do que você ama, do que faz sentido para você, pode fazer com que você, inadvertidamente, acabe ajudando muita gente.

Você sempre fará mais sendo autêntico.

Leia todos os textos de Patrick Santos em Vida Simples.


PATRICK SANTOS (@patricksantos.oficial) é jornalista, escritor e apresentador do podcast 45 Do primeiro tempo que semanalmente traz histórias de pessoas que se reinventaram. Depois do sabático em 2018, tem evitado cada vez mais os duelos internos.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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