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Nossas crenças limitantes
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crencas limitantes

Querido leitor, divido hoje algo que tem atazanado meus atuais pensamentos; você já identificou quantas experiências deixou de viver, quantas comidas não provou, quantos convites declinou por achar que não se encaixava naquele momento, não gostava do sabor ou não se entrosaria em algum grupo? Pense aí, rapidamente, mas seja sincero consigo mesmo.

A questão é simples e real: na nossa particular estrada, carregamos na bagagem as tais “crenças limitantes”, aqueles pensamentos que nossa cabeça insiste em acreditar, mas que não condizem com a realidade. Não há como negar, elas existem e cada um de nós carrega as suas Talvez digamos a nós mesmos que aquilo é real, quando, na verdade, não passam de fantasias que nos privam de viver e experimentar aquilo que é diferente ou incerto.

Um exemplo: sabe figo, aquela frutinha com formato semelhante da pera que é super presente em doces caseiros? Passei a vida dizendo aos outros (e a mim mesma) que não gostava, apenas há algum tempo, uns dois anos talvez, ao agradecer uma sobremesa tive um pensamento daqueles rápidos como um cometa que cai do céu – como é que eu afirmava não gostar do coitado do figo se não lembro de ter provado? Peraí, tem algo errado aqui! Fazendo um breve retrocesso, lembrei que quando criança havia em casa uma figueira, e a seiva existente nos galhos dava um comichão danado, e como mãe dizia pra gente não encostar, bastou essa limitação de cuidado pra evitar uma alergia para que a Luciana criança determinasse à sua imaginação que não gostava da fruta existente naquela árvore, mas daí manter essa crença por mais de 40 anos não dá, né!?

Como já conversamos noutros textos por aqui, se há algo que esse desafiador 2020 me ensinou foi a observar com mais calma os tais pensamentos sabotadores e entender que é possível mudar aqueles que atrapalham. Além de extremamente importante, observá-los nem sempre é uma fácil tarefa; nos acostumamos com rotinas, e por acomodação, incapacidade, preguiça ou medo de experimentar, não nos permitimos ousar. Pra mim esse tem sido um ano de cortes, de extrair dos pensamentos e das crenças tudo aquilo que não me faz tão bem; tempos de cortar ações e convicções que não são tão úteis tampouco positivas.

Entre os medos, as não respostas e a escassez de certezas que o ano trouxe, observo que há caminhos mais curtos se me permitir ousar um pouquinho que seja. Por exemplo, conhecer lugares novos na beira da estrada – quem, como eu, é andarilho da vida de verdade, entenderá que locais inóspitos e desinteressantes pode conter incríveis garimpos, e aqui não me refiro apenas a objetos; falo de pessoas, de estilos de vida, falo da simplicidade que está ali à nossa frente, do quanto tudo isso pode nos influenciar, mas não poucas vezes procuramos as alegrias no sentido inverso.
Quantas vezes deixei de comer algo gostoso porque predeterminei que não gostava; quantas vezes deixei de ir a algum lugar por medo de não conhecer ninguém? Porque era muito mais fácil e cômodo ficar onde eu estava, preferencialmente com as pernas esticadas em cima do sofá (oi zona de conforto, é tão prático viver dentro de você!). Esse talvez seja o caminho mais curto, certinho e prático, mas deixar de viver, deixar de falar o que sente, deixar de se divertir e de correr riscos por medo do desconhecido é um tanto limitante, né!?

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A maturidade está aí não apenas para subtrair o colágeno do rosto, ela dá sinais claros que deixar de ser besta é libertador (em 99% das vezes, o tal prejulgamento é um elemento totalmente rude com nossas escolhas). Dentre as “frases feitas” de autoajuda que encontramos por aí tem uma que me chama a atenção: “vá, e se der medo vai com medo mesmo”. Quem, ao ler, não tem aquela sensação imensa de poder, tipo uma vontade de sair ao mundo voando como borboleta?!?!?! Ok… é preciso ter os pés no chão, sabe-se que a vida não é tão fácil ou simples assim, mas talvez seja hábito a ela concedermos níveis exagerados de complexidade.

Será que é tão impossível equilibrar a vida na superfície com alguns sonhos? Será que vale a pena investir no desconhecido? Será que dá pra ir com medo mesmo, se jogar de olhos fechados? Respostas para tais perguntas são absolutamente individuais, talvez nem existam, mas a reflexão me parece sempre válida, e o arbítrio cabe a cada um de nós. O que é bom pra mim pode não ser pra você, e vice versa (somos, pensamos e sentimos de maneira e intensidade distintas).

Guarde no coração a frase de Guimarães Rosa, considerado dos maiores escritores do século XX, e dela faça uso sempre que possível, nessa montanha russa chamada vida”: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
Beijos meus!

p.s: falando em coragem (ou falta dela), em fevereiro, tempos de pré pandemia, curtia com a filha caçula e amigas um dia de sol e aventura. A idéia era caminhar no mato, e tomar chimarrão e banho de água gelada, mas resolvemos nos jogar da cachoeira, de uma altura um tanto inadequada. Experiência das piores, além de compreender na forma mais prática que certas coisas são para certas pessoas com certas idades, fissurei o cóccix e o esterno, o que em outras palavras significa que quase quebrei a bunda e o coração numa tentativa que não se tratava de coragem ou falta de, se tratava de bom senso – o que, no momento, me faltou. É por isso que eu digo, gostar ou não gostar de figo, de política, religião, sentimentos sinceros, de balada regada a energético, etc etc… é algo essencialmente pessoal, se é que você me entende! Concluo que as frases feitas de autoajuda precisam, sim, de filtro dentro do que se encaixa em nossa própria realidade!

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Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu Instagram é @lugastal.

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