Pensamentos, palavras e ações: nossa maternidade é construída todos os dias
A mudança acontece no dia a dia, entre falhas e acertos. Assim também se constrói a maternidade e a relação com os filhos

Você já deve ter feito suas promessas de início de ano: ser mais paciente, estar mais presente, estressar menos com o que não importa. A lista de resoluções se acumula, mas, em poucas semanas, muitas dessas intenções parecem desmoronar diante da rotina. E então vem a frustração, a sensação de falha.
E se você focasse em mudar pequenos hábitos diários, em vez de estabelecer metas inalcançáveis? No que você pensa, no que você diz, no que você faz. Porque é isso que molda o seu dia e, consequentemente, a sua maternidade.
A verdade é que não existe um número mágico de dias para transformar uma intenção em hábito. 21, 30, 66 dias? Nenhum deles garante que algo novo se torne parte da sua vida. Hábitos não acontecem porque o tempo passou, mas porque você repetiu uma ação vezes suficientes para que ela deixasse de ser um esforço consciente e se tornasse simplesmente parte de “quem você é”.
Ou seja, a questão não é o tempo, mas a frequência – dedicação. E, talvez, a pergunta mais importante não seja “quanto tempo leva para criar um hábito?”, mas sim: “quantas vezes estou disposta a repetir essa escolha até que ela se torne parte da minha vida?”
Gosto de pensar na maternidade como um grande iceberg. Acima da superfície estão seus desejos, aquilo que você quer ser e mostrar ao mundo: quero ser mais paciente, quero estar mais presente, quero falar com mais gentileza. Mas a base submersa, que realmente sustenta tudo, são seus pensamentos, as palavras que você escolhe para se comunicar e as pequenas ações do dia a dia.
O que fazemos quando estamos cansadas? Como reagimos ao caos? O que repetimos tanto que se torna automático?
E é aqui que mora a nossa maior força: não precisamos acertar sempre, só precisamos acertar mais vezes do que erramos e ter consciência do que nos levou aos erros.
Pesquisas mostram que hábitos são construídos pela repetição, não pelo tempo que passa. Se queremos ser mães mais presentes, não adianta apenas desejar isso. Precisamos praticar. Podemos passar dias e dias apenas dizendo que queremos escutar nossos filhos com mais atenção ou podemos, nesses mesmos dias, abaixar o celular todas às vezes que eles estiverem com a gente. O que faz a diferença? A frequência da escolha, e não o tempo que se passou.
O que pensamos, dizemos e fazemos molda nossa realidade
Certamente não é a primeira vez que você lê ou escuta algo do tipo: aquilo em que focamos cresce. Se ficamos presas no medo de errar, no perfeccionismo e na autocobrança, tudo isso se amplifica. Mas, se focamos na intenção de construir uma rotina mais conectada e significativa, começamos a agir nessa direção.
O Budismo traz a mesma reflexão com o conceito de Karma: nossas ações geram efeitos. Se semeamos pressa, impaciência e culpa, colhemos desconexão. Se cultivamos atenção plena e compaixão, colhemos relações mais leves e profundas com nossos filhos.
Jon Kabat-Zinn, criador do programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness, diz que “você não pode parar as ondas, mas pode aprender a surfar”. A vida materna é cheia de imprevistos. Crianças choram, são impacientes, nos desobedecem. Mas como reagimos a isso define nossa experiência muito mais do que os acontecimentos em si.
Se queremos transformar a maternidade em um espaço de mais presença, precisamos começar onde estamos, com o que temos, repetindo as pequenas mudanças até que elas deixem de ser um esforço e se tornem simplesmente nossa forma de existir.
Como começar pequeno e construir algo grande
Não se trata de mudar tudo de uma vez, mas de fazer pequenas escolhas com consistência. Algumas sugestões:
- Torne seus pensamentos conscientes. Antes de se criticar ou se cobrar, observe: essa voz interna me impulsiona ou me paralisa? (leia A Voz da Impossibilidade)
- Escolha palavras que sustentem sua intenção. Em vez de dizer “eu sou impaciente”, experimente “estou aprendendo a respirar antes de reagir”. (leia As Palavras)
- Aja, mesmo que em pequenas doses. Se quer mais conexão, reserve cinco minutos para brincar sem distrações. Se quer mais paciência, pratique uma respiração profunda antes de responder. (leia Meditação como te Quero)
- Celebre o progresso, não a perfeição. Pequenas vitórias diárias moldam sua realidade muito mais do que grandes transformações repentinas. (leia A vida que sempre queremos ter)
A maternidade como um estilo de vida, não uma meta a ser alcançada
O erro está em achar que um dia vamos chegar lá. Que em algum momento seremos mães completamente pacientes, presentes, atentas. Mas a maternidade não tem linha de chegada. Ela é um conjunto de escolhas diárias, um estilo de vida que cultivamos todos os dias.
Você não precisa esperar o momento ideal para começar a mudança que deseja. Basta um pensamento diferente, uma palavra mais gentil, uma ação intencional. E quando perceber, sua base será forte o suficiente para sustentar tudo o que deseja construir.
Cada dia é uma oportunidade única de aprendizado e crescimento. Obrigada por estar aqui e até o mês que vem!
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Com carinho,
Mariana
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