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Discordo da sua opinião, mas respeito sua experiência
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Neste artigo:

As pessoas que mais contribuíram para seu aprendizado foram as que disseram sim para tudo o que você dizia ou aquelas que debateram com você.

Ao menor sinal de discordância, nos afastamos. Paramos de seguir, bloqueamos ou silenciamos. Juro que entendo. Sem julgamentos. Quem não sente uma preguiça daquela opinião embalada em preconceito ou em ausência de fatos? Ou não torce o nariz ao perceber que a outra pessoa tem um posicionamento ideológico diferente?

Temos passado por momentos de ideias tão polarizadas que, boa parte de nós, diante de uma potencial discussão, prefere se abster do que gastar tempo e energia em algo que pode não levar a lugar algum. Além da estrada para a raiva, uma linha reta que leva direto ao ódio.

Melhor convívio

Por outro lado, o que nos poupa energia também nos empobrece socialmente. Não apenas porque perdemos a possibilidade de enxergar as coisas por outra ótica, como também por essa postura enfraquecer nossas verdadeiras conexões sociais. Ou vai me dizer que suas melhores amizades e relações da vida foram construídas apenas com base em concordância?

discordo da sua opinião

Sebastian Herrmann | Unsplash

Mais ainda, as pessoas que mais contribuíram para seu aprendizado e crescimento foram as que disseram sim para tudo o que você dizia ou aquelas que debateram com você, provocaram reflexões e te tiraram de uma linha de pensamento?

Briga entre amigos

E olha, precisamos nos preparar, pois vem aí mais um ano de eleições. Sendo que boa parte das famílias e grupos de amigos ainda tem traumas dos pleitos anteriores, reforçados ou reativados por formas diferentes de ver e lidar com a pandemia.

Segundo uma pesquisa de 2019, do Datafolha, metade das pessoas no Brasil desistiram de comentar ou compartilhar conteúdos relacionados à política no WhatsApp. Tudo para evitar brigas com familiares ou amigos. Cerca de 27% optou por sair de algum grupo na ferramenta e 19% bloqueou alguém da família ou do circulo de amizade pelos mesmos motivos. O que fazer para a história não perdurar ou se repetir?

Valorizar a outro

Em seu livro Becoming Wise: An Inquiry into the Mistery and Art of Living (Tornando-se Sábio: Uma Investigação sobre o Mistério e a Arte de Viver – em tradução livre) a jornalista e podcaster norte-americana Krista Tippett, compartilha um pensamento que me pareceu uma pista.

discorda da sua opinião

Sebastian Herrmann | Unsplash

Para ela, é importante saber separar a opinião da experiência pessoal. Podemos discordar do que a pessoa diz, mas não do que ela experimentou durante a vida que a fez chegar àquela forma de ver as coisas.

Evoluir junto

Se conheço o que forjou o seu jeito de pensar sobre um assunto, isso pode não mudar minha opinião nem a sua, mas pode abrir novas possibilidades para a forma como nos relacionamos. Apesar de opiniões opostas, ao investigarmos com real interesse a história por trás dos posicionamentos dos outros, encontremos aí a nossa humanidade em comum.

Algo que nos manterá conectados, com o respeito como base – uma estrada para novos aprendizados, feita de linhas tortuosas, cujo destino é evoluirmos juntos.

Uma escolha que pode virar um hábito e se tornar um músculo social neste importante exercício diário de nos relacionamentos e respeitarmos nossas diferenças.


Tiago Belote é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Escreve nesta coluna semanalmente, aos sábados.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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